Memória
Cinco filmes para compreender a Revolução dos Cravos em Portugal
Por Marla Galdino e Barbara Vida*
Da Página do MST
Antes de abril de 1974, partidos e movimentos políticos eram proibidos em Portugal e diversos líderes oposicionistas estavam presos ou exilados. O sinal para o início do levante foi a canção “Grândola, Vila Morena”, de José Afonso, entoar no rádio. Surpreso, Marcello Caetano, ditador que governava o país desde 1968, depois de Salazar, renunciou ao cargo por telefone.
Ao saber que os militares pretendiam restabelecer a democracia, em sinal de apoio, os portugueses começaram a dar cravos aos soldados, que os colocavam na ponta dos seus fuzis – o que dá nome à revolução. O levante não enfrentou resistência e teve imenso apoio popular.
Para compreender um pouco mais sobre a história desta luta, selecionamos cinco filmes, de diferentes diretores, que contam a história da Revolução dos Cravos.
Bom filme!
1 – Portugal 74-75 – O retrato do 25 de abril
Documentário em que são abordados cronologicamente os principais acontecimentos que marcaram o país e a sociedade portuguesa nos anos de 1974 e 1975. A decadência do regime Marcelista, a Revolução do 25 de abril de 74, o período conturbado do Processo Revolucionário Em Curso (PREC), o fracasso do Golpe de 25 de novembro de 75.
Um programa produzido com base em imagens de arquivo, intercaladas com depoimentos de alguns dos intervenientes nos acontecimentos dessa época, para assinalar os 20 anos da Revolução dos Cravos.
A Herdade da Torre Bela, que pertencia à família real de Bragança, foi ocupada em 23 de abril de 1975, tendo sido posteriormente criada uma cooperativa. Este acontecimento ficou imortalizado através do documentário/filme Torre Bela, realizado por Thomas Harlan, reconhecido a nível internacional como um dos principais símbolos da revolução portuguesa.
As Armas e o Povo é um documentário português de longa-metragem, um filme coletivo realizado e produzido pelo Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica, que levaria à renovação do respectivo sindicato. Nele, são ilustrados os primeiros seis dias da Revolução dos Cravos.
“Não discutimos Deus e a virtude”/ “Não discutimos a Pátria e a sua história”/”Não discutimos a Autoridade e o seu prestígio”. A partir do célebre discurso de Salazar feito em 1936 o filme procura, de forma didática, mostrar os alicerces do regime fascista durante os 48 anos da sua existência até o 25 de abril de 1974.
O funcionamento da sociedade portuguesa e a sua história desde 1910, a ideologia salazarista, o apoio da Igreja, a repressão e a guerra colonial até à libertação de abril são os temas principais do filme.
5 – Continuar a Viver ou Os Índios da Meia Praia
É um documentário português de longa-metragem de António da Cunha Telles. A obra é um misto de filme etnográfico e de cinema militante, prática corrente no cinema português da década de setenta.
*Seleção realizada por Tiago Afonso, cineasta português
**Editado por Maria Silva