Ocupação
MST ocupa escritório da FERBASA e cobra diálogo com famílias acampadas, em Maracás/BA
Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Cerca de 300 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na Bahia, ocuparam na manhã desta terça-feira (02), o escritório da Companhia de Ferro Ligas da Bahia (FERBASA), no município de Maracás/BA, na região da Chapada Diamantina.
A FERBASA é uma empresa brasileira que atua nos setores de mineração, metalurgia e florestal, e possui diversas fazendas na Bahia e em outros estados do país. A empresa é uma das maiores produtoras de ferro ligas do Brasil. Muitas das fazendas da FERBASA estão interditadas por descumprimento das leis ambientais e sociais.
A ocupação no escritório da FERBASA é uma forma de denunciar e pressionar a empresa para cumprir as leis ambientais e sociais e efetivar um diálogo com as famílias do Movimento Sem Terra junto ao INCRA, além de chamar a atenção para a questão da reforma agrária no Brasil.
Os Sem Terra afirmam que a ocupação é por tempo indeterminado e só sairão da área ocupada, após serem suspensas as reintegrações de posse de dois acampamentos ameaçados e o agendamento para uma reunião entre a empresa FERBASA, junto ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), governo do Estado e o MST.
FERBASA e a concentração de terras improdutivas na Chapada Diamantina
Desde 2016, o MST na Bahia denuncia as irregularidades da FERBASA, na região da Chapada Diamantina. A empresa diz que desenvolve atividades de reflorestamento com plantios de eucalipto, distribuídos em alguns municípios da Bahia. O que na realidade é a criação de ‘desertos verdes’ na região. Na Chapada Diamantina, a companhia possui 64.000 hectares destinados à produção de carvão, o que rende mais de 12.000 toneladas ao mês.
A FERBASA é uma das 500 maiores empresas do Brasil, com produção destinada, principalmente, ao Japão e às indústrias do Sul do país. Na Bahia, se encontra entre as 10 maiores, com faturamento anual superior a 500 milhões de dólares, porém as desigualdades sociais e econômicas na região em que a empresa exerce suas atividades, estão tomando proporções alarmantes.
“A empresa tem cometido diversos crimes na região e não garante emprego para a população. O número de pessoas desempregadas na região é alarmante e os crimes que a empresa comete são muitos, como crime ambiental, como o deserto verde provocado com os monocultivos de eucalipto, a contaminação da água com venenos e o uso abusivo de agrotóxicos. Outra questão é a concentração de terras, sendo que quase 30% das áreas agricultáveis do município de Maracás/BA estão em posse da empresa”, afirmam Sem Terras que ocupam o escritório da empresa.
Na região são cerca de 750 famílias, organizadas em quatro fazendas ocupadas, nos municípios de Maracás e Planaltino. O MST ocupa a empresa para pressionar e reivindicar o agendamento de uma reunião da empresa com INCRA, Governo Estadual e o MST para pacificar o conflito no campo. Uma vez que já se tem um acordo, desde 2017, para a empresa ceder uma área para assentar famílias na região, o que não aconteceu até o momento.
*Editado por Solange Engelmann