Feira Nacional
Paraná leva produção de todo o estado para 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária
Por Jade Azevedo
Da Página do MST
Comida na mesa esse é o lema das camponesas e camponeses do MST no Paraná que nestes últimos 40 anos do movimento conseguiram ampliar este conceito e além de produzirem alimentos saudáveis e sem veneno para o próprio consumo chegam agora à mesa de trabalhadoras e trabalhadores na cidade.
Segundo Priscila Facina Monnerat, engenheira florestal, integrante do MST e da coordenação da Cooperativa Central dos Assentados (CCA), essas famílias fizeram um trabalho muito grande de recuperação dessa terra e produção diversificada de alimentos. Tanto que as famílias têm para o seu próprio consumo, para venda em feiras, programas de governo como PNAE [Programa Nacional de Alimentação Escolar] e PAA [Programa de Aquisição de Alimentos], a Feira Nacional e para partilha em ações de solidariedade”, ressalta.
Ao todo o estado do Paraná leva 30 toneladas de produtos que serão comercializados durante os quatro dias na Feira Nacional, com uma diversidade em torno de 100 alimentos diferentes, produzidos e beneficiados por 23 cooperativas que são responsáveis por organizar a produção, beneficiar os alimentos, seus derivados e comercializá-los.
Alimentos Sem Veneno direto para sua mesa
Quem estará na feira vai encontrar açúcar mascavo, cachaças orgânicas, licor camponês, linguiça colonial, salame, balas e doces de banana, laranja, limão, maçã, melaço orgânico, bebidas lácteas, iogurte, manteiga, queijos variados, arroz branco e integral, feijão preto e carioca, chá mate, chips de banana e mandioca, farinha de milho e fubá, erva mate para o chimarrão, macarrão caseiro, bolachas, molho de tomate, pinhão, ovo caipira, frutas, legumes, verduras variadas e o famoso pinhão, semente da araucária e iguaria muito presente na culinária da região Sul do país.
Toda essa variedade e números expressivos de produção de alimentos para a sociedade mostram que desde o começo toda a família está envolvida no trabalho no campo, conta Priscila. “Ultimamente com uma intencionalidade maior de envolver as mulheres e jovens na produção de alimentos saudáveis e na agroecologia, que consegue envolver todo mundo no trabalho, diferente do agronegócio que as máquinas que fazem tudo e não produzem alimentos”, explica.
Cooperativa Coletiva – COPAVI
Priscila traz o exemplo da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (COPAVI), no noroeste do estado, na cidade de Paranacity, que tem um trabalho bem importante com as mulheres e jovens e o coletivo LGBT Sem Terra.
A Cooperativa nasceu em 10 de julho de 1993, no assentamento Santa Maria. O assentamento e a cooperativa são um exemplo do trabalho coletivo e como eles mesmo se definem, “um sonho sonhado junto, em coletivo. Sonhado por muitas mãos, mentes e corações”.
O espaço é todo organizado em coletivos desde a horta, a primeira horta do acampamento e hoje a atual do assentamento, onde as famílias produzem parte dos alimentos. O refeitório também é comunitário, onde as refeições são partilhadas e as confraternizações acontecem. A agrovila, sem cercas e muros, reúne as casas, a ciranda, onde todas as crianças aprendem desde muito pequenas o sentido do viver e ser coletivo. A agrovila também tem espaço para que a juventude organize confraternização, formação e conversas. O grupo de mulheres, estão sempre reunidas para formação sobre ser mulher Sem Terra, combate ao patriarcado e machismo na comunidade e em toda sociedade.
No local onde antes só se produzia cana em monocultivo, agora, sob as mãos de 26 famílias camponesas Sem Terra, os 232 hectares de terras produzem de forma agroecológica, anualmente, 350 toneladas de açúcar mascavo, 80 toneladas de melado de cana, 8 mil litros de cachaça, 10 mil quilos de panificados, 85 mil litros de leite e iogurte, 15 toneladas de hortaliças e 7 toneladas de feijão, mandioca e batata-doce.
O trabalho da mulher camponesa na produção de alimentos
Já a Cooperativa da Reforma Agrária e Agricultura Familiar (COPCRAF), do assentamento Olga Benário, em Santa Tereza, Cascavel, na região Oeste do Paraná, tem a agroindústria comunitária organizada pelas mulheres do assentamento, desde a gestão até a produção e comercialização.
As mulheres produzem pão e macarrão para a alimentação escolar da região e nos últimos anos investiram em novos equipamentos para a produção de macarrão caseiro com legumes, que estará disponível na feira para comercialização.
Confira AQUI: Monte seu almoço na feira!
Culinária da Terra: a tradicional polenta e o arroz que foi sucesso durante a campanha eleitoral
Na quarta edição da Feira Nacional você vai poder levar o melhor da produção das famílias camponesas do MST e ainda vai poder provar os 95 pratos típicos de cada região brasileira, o espaço da Culinária da Terra.
A cozinha da região Sul está se preparando para servir cerca de cinco mil pratos de arroz com lula, prato que leva arroz orgânico, anéis de lula e legumes. Segundo Janiele Kogus, coordenadora da cozinha da região, para preparar o arroz com lula, a equipe da cozinha está levando cerca de 2 mil quilos de alimentos agroecológicos, sem veneno produzido pelo MST.
O prato foi criado no ano passado como parte das ações da campanha eleitoral para presidência e servido nos diversos eventos organizados pelo MST e comitês populares em Curitiba. Para quem não é fã de frutos do mar, a versão vegana do prato leva amendoim, abobrinha e molho de tomate e também faz muito sucesso.
A região Norte do estado também está levando a tradicional polenta Campo Vivo, produzida na Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), em Londrina, no assentamento Eli Vive, que atualmente tem 300 hectares da comunidade produzindo milho livre de transgênicos, inclusive, em plena safra!
Dessa produção, pelo menos quatro quilos de fubá estarão na cozinha sendo preparados em duas opções de polenta quentinha, uma com molho de carne e outra com molho de legumes. Uma opção maravilhosa para você almoçar na feira que começa no próximo dia 11, quinta-feira.
*Editado por Solange Engelmann