Reforma Agrária Popular

 “A Reforma Agrária Popular é esperança! A Feira Nacional é esperança!”

Abertura da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária reforça a importância do MST para a produção de alimentos agroecológicos e combate à fome no Brasil
Feira vai até domingo (14), no parque Água Branca, em São Paulo. Venha conferir! Foto: Juliana Barbosa/ MST-PR

Por Equipe de produção de texto da 4ª Feira
Da Página do MST

Na manhã desta quinta-feira, 11, aconteceu a abertura oficial da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária no parque Água Branca, em São Paulo, com a presença de jornalistas de diversos meios de comunicação. 

Na coletiva de imprensa os dirigentes nacionais do Movimento, Gilmar Mauro e Ceres Hadich, informaram que a comercialização dos produtos da Reforma Agrária presentes na Feira Nacional estará aberta a partir das 14 horas desta quinta-feira e que naquele momento os feirantes já estavam organizados para comercializarem comidas de verdade, com cores e sabores da luta do MST.

Segundo Gilmar Mauro, os camponeses e camponesas do MST trouxeram mais de 500 toneladas de alimentos produzidos pela reforma agrária e toda essa variedade estará disponível para comercialização durante os quatro dias da feira. Destes, 25 toneladas foram destinadas à doação que acontece no domingo, 14, às famílias da periferia de São Paulo. 

Dirigentes do MST Ceres Hadich e Gilmar Mauro participaram da coletiva. Foto: Cyla Ramos

Em seu discurso de abertura ele ressaltou que, “a Reforma Agrária na nossa visão é uma das alternativas concretas para solucionarmos o problema da fome no nosso país. A doação é importante, mas não resolve. São necessárias políticas públicas permanentes”.

Durante estes dois meses de organização houve um trabalho intenso de todas as famílias para trazer uma amostra da produção nacional do MST, que inclui frutas, legumes, verduras in natura, processados, beneficiados e produtos agroindustrializados de mais de 120 cooperativas de todo Brasil. 

Além das cooperativas, participam também quase 2 mil associações que também produzem alimentos saudáveis, junto com isso a Culinária da Terra, sessão da feira para conhecer pratos típicos de todas as regiões do Brasil, que para Gilmar vêem para reforçar “a diversidade que é o nosso movimento”. 

Começou a Feira Nacional da Reforma Agrária. Foto: Juliana Adriano

A ocupação da terra e a produção de alimentos

Gilmar enfatizou em sua fala que o MST é a ocupação de terra e a produção do alimento. “Tudo isso só foi possível porque lá atrás houve ocupação de terra. Só é possível essa produção do conjunto de assentamentos nesse país, porque a gente fez ocupação de terra e essas ocupações se transformaram em assentamentos, com produção de alimentos”, completa o dirigente. 

A Feira Nacional do MST entrou no calendário oficial do estado de São Paulo a partir de 2019, por meio de um projeto de lei do vereador Jair Tatto, que foi aprovado na Câmara Municipal de São Paulo. E para sua realização conta com a participação da Prefeitura Municipal de São Paulo, do governo de São Paulo, governo federal e de vários governos municipais e estaduais em todo Brasil.

Nesse sentido, Gilmar explicou que a Reforma Agrária está prevista na Constituição Federal de 1988 é um direitos dos trabalhadores do campo. “A Constituição Brasileira estabelece que toda a terra que não cumpre com a função social deveria ser desapropriada para fins de Reforma Agrária. E para cumprir a função social precisa produzir racionalmente, respeitar a legislação ambiental e respeitar a legislação trabalhista. E sabemos que tem trabalho escravo, tem queimadas, destruição ambiental, e dívidas imensas, em que o governo federal poderia arrecadar essas terras para fins de Reforma Agrária.”

Ceres Hadich, dirigente do MST que também estava presente na coletiva, enfatizou que a injustiça agrária é uma questão histórica no nosso país e ressaltou que é preciso refletir e debater sobre isso por ser esse um dos causadores da fome no campo e na cidade. “Já não é mais possível a gente estar em pleno o século XXI no berço desse agro pujante que gera fome, hoje nós temos mais de 33 milhões de pessoas  em situação de fome e milhões brasileiros em situação de insegurança alimentar”, ressaltou.

Gilmar também reafirma que o MST vai continuar fazendo ocupação de terra sim e seguir produzindo alimentos, em sistemas agroecológicos, livre de agrotóxicos nesses territórios, além de estabelecer relações de trabalho mais igualitárias por meio da cooperação e organização de cooperativas. “Uma organização que não responde às necessidades da sua categoria, não tem sentido de existir. O MST é uma organização construída pelo Sem Terra e precisa responder às necessidades dos Sem Terra.”

Foto: Juliana Barbosa MST-PR

Reforma Agrária Popular é o caminho para acabar com a fome

Ceres, enfatizou a importância do evento para o debate sobre o combate à fome no Brasil. “Esse é um debate que queremos fazer aqui na feira, demonstrando com nosso fazimento que isso é possível de ser combatido e para reforçar também o nosso compromisso neste momento de esperança e de reconstrução do Brasil”, afirma.

Segundo ela, os alimentos que chegam na Feira, na cidade, na casa do trabalhador e trabalhadora é resultado dos 40 anos do MST. “Esses alimentos só chegam aqui, esse povo só chega aqui, a nossa cultura  só chegou até aqui, porque a gente vive um processo de luta de quase quatro décadas! A gente vive um processo de luta  motivado pelo sentido da nossa existência que é a ocupação da terra”, destaca.

Ela ressaltou que durante esses anos o movimento foi se fortalecendo e descobrindo como fazer a luta democrática, “que é a luta pela reforma agrária, uma luta constitucional, uma luta legítima e na urnas o povo brasieliro deu o recado a gente não quer mais viver desse jeito, a gente quer voltar a ter dignidade, gente quer voltar a ter  trabalho, a ter emprego a ter renda, saúde, educação, segurança, a ter comida na nossa mesa”, enfatizou. 

Para encerrar ambos salientaram a emoção de mais uma vez realizarem a Feira no parque Água Branca, que já recebeu três edições do evento. 

Foto: Luiz Fernando

Programação

A programação da Feira continua até domingo (14), com diversas atividades gratuitas e abertas ao público. Nesta quinta (11), ainda é realizado às 14h, o Seminário: a Disputa Ideológica em Tempos de Neofascismo e Agronegócio, com a presença de Camila Rocha, Pedro Fiori Arantes e Ana Manuela Chã do MST, além da oficinas: Toda a história importa e Arpillera, como técnica têxtil. E à noite, entre às 18h e 20h está previsto show com Zeca Baleiro, Alessandra Leão e Participação Sem Terra, no palco Arena.

12/05 – Sexta-feira

Manhã: 8h às 12h
8h: Café da Resistência

10h: Ato Político de Abertura da Feira

Seminário e oficina


10h: Seminário: Desafios da Alimentação Saudável e nutrição na educação escolar
Local: Auditório 2 – Terstisal

10h: Seminário Agroecologia e Meio Ambiente

Local: Café Literário Carolina Maria de Jesus

10h: Oficina: Arpillera, como técnica têxtil

Local: Tenda em frente o palco terra 

Tarde – 12 às 18h
Apresentações artísticas:
Ivan Lobo
Tita Reis e Banda
Cabaré Feminista
Dáguas
Mamulengo
Cortejo Paulo Freire

Seminários e oficina

13:30h Seminário: Reforma Agrária Popular e as Relações Humanas
Local: Café literário Carolina Maria de Jesus

14h: Seminário: Políticas públicas e a Reforma Agrária Popular
Local: Auditório 1 – Paulinho Nogueira

14h: Oficina: Arpillera, como técnica têxtil

Local: Tenda em frente o palco terra 

Noite – 18h às 20h
Palco Arena
Yago Oproprio
Jorge Aragão

13/05 – Sábado

10h: Ato em defesa da Reforma Agrária

Tarde – 12 às 18h
Apresentações artísticas:
Cacique e Pajé
Baobá
Clarianas
Canções de luta
Jongo

Seminários e oficina

14h: 135 anos da abolição: latifúndio, fome e trabalho escravo;

Local: Espaço Melhor idade
14h: Reforma Agrária, conflitos e desafios na atualidade;

Local: Auditório 1 – Paulinho Nogueira

14h: Oficina: Arpillera, como técnica têxtil

Local: Tenda em frente o palco terra
15h – Reunião: 40 anos do MST e a Memória

Local: Tenda último pavilhão

Noite – 18h às 20h
Palco Arena
Gaby Amarantos e Jhony Hooker
Escola de Samba Camisa Verde e Branco

14/05 – Domingo

9h: Maracatu
10h: Conferência pelo Direito à Alimentação Saudável

Tarde – 12 às 18h
13h: Ação “MST cultivando solidariedade”


Apresentações artísticas:
Samba de origem
Pastoras do Rosário
Pereira da Viola
Folia de Reis
Trupe de Olho na Rua

Seminários

14h: Seminário: Cortejo Agroecológico e Cultural

14h30: Ato Político: Agroecologia na Boca do Povo

Local: Café literário Carolina Maria de Jesus

Noite – 18h às 20h
Palco Arena
Cantadeiras
Lenine
Larissa Luz
Liniker
Alzira Espíndola
Tulipa Ruiz
Chico Cesar
Mestrinho

Feira dos produtos da Reforma Agrária acontece todos os dias das 8h às 20h.