Solidariedade

TôComMST: CPI do MST torna o movimento ainda mais forte

Lideranças políticas, artistas e sociedade civil manifestam solidariedade ao Movimento e as famílias Sem Terra de todo o Brasil
Chico César é solidário com o MST e diz estar com o MST há 30 anos. Foto: Joka Madruga

Por Mariana Castro
Da Página do MST

Desde antes da instauração da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST, que aconteceu no dia 17 de maio por articulação de deputados ruralistas e bolsonaristas, o Movimento tem recebido uma onda de mensagens e atos de solidariedade em todo o país e de outros países, garantindo um espaço de discussão nunca antes alcançado.

Sem fato determinado, a CPI é formada por maioria de deputados financiados pelo agronegócio e envolvidos em escândalos e investigações, a começar pelo presidente da comissão, Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), investigado pela Polícia Federal sob a suspeita de ter estimulado atos antidemocráticos e dono da frase “prefiro o Covid do que essa merda de vacina”.

Lideranças políticas, artistas e a sociedade civil tem se manifestado em defesa do MST nos mais diversos espaços, garantindo que as pautas da Reforma Agrária, da produção de alimentos saudáveis e a luta do Movimento pela democratização da e terra e por justiça social se torne ainda mais conhecida.

O cantor e compositor Chico César participou da 4ª Feira Nacional da Reforma Agrária, que aconteceu de 11 a 14 de maio em São Paulo, e deixou o seu recado sobre a importância do movimento.

Estou com o MST porque sempre estive. Há 25 ou 30 anos estou com o MST porque preciso desse movimento que vem arejar a sociedade brasileira e vem produzir alimento sem veneno para o povo brasileiro de um modo coletivo, comunitário e distributivo: para todos. Isso é maravilhoso!”.

Em meio à instauração da CPI, a própria feira foi um termômetro do apoio da sociedade ao movimento, com recorde histórico de público. Foram levadas cerca 560 toneladas de alimentos e recebidas ao longo do evento mais de 320 mil pessoas, que passaram pelo local e levaram alimentos saudáveis para casa.

Padre Júlio Lancellotti está com o MST. Ele abençoou 38 toneladas de alimentos destinados à doação pelo MST durante a Feira Nacional da Reforma Agrária, em SP. Foto: Equipe de Fotografia da 4ª Feira

Religioso e reconhecido pela luta em defesa do povo de rua, Padre Júlio Lancellotti abençoou 38 toneladas de alimentos produzidos nos acampamentos e assentamentos do MST destinadas à doação e também enviou seu apoio ao movimento. Os alimentos foram entregues a 24 entidades que atuam nas periferias de São Paulo. As organizações também receberam livros da editora Expressão Popular, mudas de árvores nativas e sementes.

Estou com o MST, com a luta pela terra e pelo trabalho. Juntos vamos estar realizando um varejão popular e solidário, para que os mais pobres tenham acesso à alimentação e seu direito garantido. Deus abençoe e estamos juntos sempre”, declara Lancellotti.

#TôComMST movimenta as redes sociais

O apoio pelas redes sociais com a hashtag #TôComMST também tem fortalecido o movimento e é destaque entre os assuntos mais comentados desde a instauração da CPI. As publicações vão desde fotos com o boné do movimento, às razões por que apoiam e até recordações de visitas a assentamentos.

É preciso conhecer a trajetória dos alimentos que chegam em nossa mesa: produtos agroecológicos carregam na sua história a luta pela terra, a dedicação de famílias inteiras, muito suor e trabalho, e também muito respeito e companheirismo”, destacou em tuite a Central Única dos Trabalhadores.

Na ala política, a deputada federal Camila Jara do PT-MS integra a CPI e se destaca com falas incisivas e apresentação dos produtos da Reforma Agrária aos ruralistas. Ela serviu suco de uva produzido pela agricultura familiar camponesa aos deputados da CPI do MST.

Deputada Camila Jara. Foto: Twitter

O conhecimento liberta e fiz questão de servir suco de uva produzido pela agricultura familiar aos nobres deputados da CPI do MST. Um momento sublime. Até Ricardo Salles não pôde negar que é delicioso! Vamos mostrar nessa CPI porque o Brasil precisa do MST e da Reforma Agrária!”, publicou em rede social. 

Em tom de denúncia, a deputada federal pelo PSOL-SP Érika Hilton criticou falas emitidas por deputados ruralistas durante sessões da CPI.  

É de uma desonestidade sem tamanho equiparar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra a ‘bandidos que invadem terra e matam animais’. Estes senhores precisam entender que quem faz exatamente isso são setores do agronegócio, garimpo e grileiros!”.

MST abre as portas de assentamentos para apoiadores

Com a visibilidade em alta e a adesão e curiosidade de muitas pessoas ao que representa a luta do maior movimento social da América Latina, o MST vai realizar uma Jornada Nacional de visitas e vivências em acampamentos e assentamentos de todo o país, apresentando a riqueza e a diversidade da Reforma Agrária Popular.  

A jornada será realizada de 1 e 10 de junho em todos os estados brasileiros em que o Movimento está organizado, onde serão compartilhados os processos de produção das cooperativas e os desafios e conquistas das famílias, como uma forma de mostrar à toda sociedade que a Reforma Agrária Popular é uma possibilidade concreta de superação das principais mazelas do país, como a fome e o trabalho escravo.

*Editado por Solange Engelmann