Rede de ódio
MST repudia ataques à Prefeitura de Juiz de Fora
Da Página do MST
A rede de ódio da extrema direita está atacando a Prefeitura de Juiz de Fora, em Minas Gerais por um contrato fechado no mês de maio com uma das nossas cooperativas no Rio Grande do Sul. A gestão da prefeita Margarida Salomão assinou um documento com a Cooperativa dos Trabalhadores Assentados da Região Porto Alegre Ltda (Cootap), pelo fornecimento de 19 mil quilos de arroz orgânico para a merenda escolar da cidade.
Esclarecemos que o Município de Juiz de Fora adquiriu o arroz orgânico no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar, o PNAE, que tem como objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidades nutricionais durante o período letivo, nos termos do art. 2º da Lei nº 11.947, de 2009.
Essa lei, que regulamenta o PNAE em âmbito nacional, determina, ainda, em seu art. 14, que, no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas, como é o caso do arroz orgânico produzido em assentamentos da reforma agrária no Rio Grande do Sul.
Ainda, o fato de se tratar de um produto orgânico, sem agrotóxicos danosos à saúde humana, permite que o Município ofereça alimentação saudável às crianças, atendendo, assim, às diretrizes e objetivos do PNAE.
Salienta-se que o valor do arroz orgânico está abaixo do preço praticado no mercado, tendo sido realizada uma chamada pública para a sua compra, com ampla participação de fornecedores.
O consumo do arroz orgânico, produzido pelo MST, não diz respeito somente à qualidade do alimento, mas a uma perspectiva holística do sistema em que estamos inseridos: o planeta Terra.
Historicamente, em nosso país, vivemos a desigualdade social. A luta pelo direito à terra, e pela permanência do agricultor nas suas lidas no campo, resultou no Movimento que é, atualmente, o mais respeitado movimento popular no mundo. Graças à luta do MST pela justiça social no campo e o direito à terra, promoveram-se as tão necessárias reformas agrárias. O MST existe desde 1984 e, de lá pra cá, são 450 mil famílias beneficiadas com a reforma agrária no Brasil. Essas famílias recebem lotes de terras para desenvolverem atividades agrícolas e melhorarem suas condições de vida.
Sobre a cultura do arroz orgânico produzido no Rio Grande do Sul podemos destacar que o consumo deste alimento promove a igualdade, mais do que tudo. Estamos tratando de pessoas, de famílias campesinas, participantes da Reforma Agrária e que conseguiram ressignificar as relações do homem com o seu meio ambiente. Estamos falando sobre agroecologia, em que todo o ecossistema é considerado: animais, plantas, água, solo e todo o seu entorno, buscando respeito, harmonia e desenvolvimento sustentável para tudo e todos.
A produção do arroz orgânico, mais que um negócio que certamente visa lucros, évsustentabilidade financeira. Trata-se da resistência a um sistema desigual, que desconsidera os interesses dos grupos, e que, ao longo de, pelo menos 50 anos, vêm dizimando as florestas, secando as fontes, ignorando as necessidades sociais e locais.
A busca por novos horizontes na agricultura orgânica agroecológica passa pela conscientização de governantes e de apoiadores que reconheçam a importância deste trabalho e a condição imprescindível de que ele aconteça, sob ameaça da vida na Terra.
Continuamos com força, posicionamento e muita ousadia sobre o sonho de transformar o alimento em algo limpo, acessível a todos e em harmonia com o ecossistema.
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST