Formação
MST realiza Escola de Férias da Juventude Sem Terra no estado do Paraná
Por Juliana Barbosa*
Da Página do MST
Entre os dias 11 e 15 de julho, o Coletivo de Juventude junto com o setor de Educação do MST reuniu mais de 60 jovens do Movimento na Escola de Férias da Juventude Sem Terra, no acampamento Herdeiros da Luta de Porecatu, em Porecatu, região Norte do Paraná. O curso, de etapa única, destinou-se àqueles que estão nas escolas itinerantes e do campo. As atividades formativas aconteceram no período das férias escolares.
O curso tem o objetivo de formar os jovens, apropriar-se do debate sobre a Juventude no MST, seu papel na organização, desafios político-organizativos e contribuir para a qualificação da sua atuação na luta pela terra.
Os jovens vindos de diversos acampamentos e assentamentos do estado tiveram uma programação organizada com formações políticas pedagógicas, oficinas teóricas e práticas, além de momentos de socialização.
Alan Kilson, do Coletivo Nacional de Juventude do MST, estava na Coordenação Política Pedagógica (CPP) e trabalhou o tema “Os Desafios da Juventude Sem Terra”.
Ele explica que desde a “gênese da criação do MST”, a juventude foi protagonista nesse processo de construção e organização. “É um trabalho constante cada vez que a luta de classes se acirra, as tarefas da nossa juventude vão aumentando. Então, a gente tem que colocar a nossa juventude no processo de formação e, aí, delegando tarefas, reacendendo essa chama, a mística revolucionária da nossa juventude. Queremos que a terra seja repartida entre os povos, que seja uma sociedade igualitária para todos e todas”, afirmou Kilson.
Prática e teoria na formação da Juventude
As oficinas tiveram o papel de dialogar na prática com as ideias colocadas no curso, desenvolvendo o diálogo entre o corpo e a mente. Cada oficina teve um momento específico, cada educando e educanda pode participar da qual se identificava mais.
A batucada buscou compreender o básico sobre percussão e alguns ritmos como samba; na de ateliê, aprender ferramentas de comunicação visual como faixas, pirulitos, standards. O muralismo ensinou técnicas para construção de murais e embelezamento dos territórios da Reforma Agrária Popular.
A Comunicação Sem Terra também está fortalecida com jovens relatando a luta pela terra e as produções em acampamentos e assentamentos. O audiovisual abordou técnicas de construção de roteiros, captação e edição de imagens e voz para a construção de curta-metragem. Enquanto isso, a fotografia entendeu e trabalhou técnicas de captação e edição de fotografias com a perspectiva da luta de classes. Todas tiveram como objetivo dialogar e resgatar a arte e a cultura que o MST carrega ao longo dos seus quase 40 anos.
Por fim, a oficina de poesia construiu, coletivamente, um texto com a Juventude Sem Terra contando suas histórias. Confira:
Cultivar o Presente para Colher o Futuro
Lutando pela terra
Para acabar com a guerra
A educação do campo em nossa escola não é esmola
Nossa escola tem fartura
Na produção agroecológicos
Tem legumes e verduras
Endurecer sem jamais perder a ternura
Nossa casa é lona preta
A escola tem liberdade e não mureta
Pra gente construir uma nova sociedade
A gente quer plantar comida saudável
Sentimento pela natureza tem que ser amável
Com o esforço do dia a dia
A camponesa e o camponês fazem a agroecologia
Em nossa Escola de Férias da Juventude
Aprendemos sobre o Movimento
A transformação leva tempo
Que assim como o vento, não dá pra ver mas se sente
Estamos no acampamento Herdeiros da Luta de Porecatu
A coletividade quebra toda e qualquer corrente
A mística me dá felicidade
Para a semente ter continuidade
Cultivamos a resistência
E colhemos a vida
A terra conta a história
Para que a gente não esqueça da memória
E, pela luta, conquistarmos a vitória
A juventude quer terra, alegria, liberdade, sabedoria, amor e Reforma Agrária Popular
A juventude quer viver
Somos o MST!
Escola aproxima jovens de diversas regiões do estado
Victoria Gabriella, educanda do curso e moradora do assentamento Nova Itaúna, em Manoel Ribas, comentou a importância da escola. “Esse curso é muito importante para poder incentivar a juventude a ir para a luta, aprendi que a gente tem que ter o companheirismo em tudo, que a gente tem que ter visão de futuro para frente, tem que ajudar nas comunidades e ser comunitário. Fiz oficina de muralismo e fotografia, um tipo mais profissional, aprendi técnicas básicas com a câmera. Agora vou voltar para minha base, passar para os jovens de lá, para ter o incentivo deles também”, destacou.
A coordenadora do curso, Clesmilda Oliveira, disse que “precisamos amar com todas as forças a nossa causa a nossa bandeira nosso legado e nunca esquecer de deixar a chama da rebeldia apagar, nunca deixar que o sistema de fora apague essa luz, essa esperança e o sonho que a juventude tem”, enfatizou.
Cada jovem durante o encerramento levou sementes de Ipê Laranja para suas áreas, com o objetivo de garantir o plantio e a recuperação ambiental.
*Integrante do Coletivo de Juventude do MST no estado do Paraná
**Editado por Wesley Lima