Agroecologia
Abertura da Festa da Colheita do Café reafirma compromisso com a luta pela Reforma Agrária no Espírito Santo
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Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Com a presença de autoridades do poder público municipal, representantes do governo federal e de movimentos populares do Espírito Santo, o MST deu início na manhã de hoje (22) a 1ª Festa da Colheita do Café da Reforma Agrária Capixaba. A atividade que acontece no assentamento Vale da Vitória, na cidade de São Mateus, reúne camponeses e camponesas de todo o estado, celebrando a produção de café nas áreas de Reforma Agrária organizadas pelo MST.
A mística de abertura da atividade que resgatou a história de luta e organização do Movimento Sem Terra no estado, deu o tom da manhã da atividade que deve reunir cerca de mil pessoas ao longo do dia na Cooperativa de Beneficiamento, Comercialização e Prestação de Serviços dos Agricultores Assentados (Coopterra).
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“São Mateus é o berço do MST no Espírito Santo. Estamos no primeiro assentamento do Movimento Sem Terra no estado e que somente pela coragem de homens e mulheres em ocupar a terra podem demonstrar hoje concretamente que a Reforma Agrária dá certo”, destacou Eliandra Fernandes, da direção nacional do MST.
Segundo a dirigente, a organização dos camponeses na região reafirma o papel e a importância da luta pela terra para as gerações que vivem nos assentamentos e acampamentos da região. “Nossa Festa demonstra na prática os frutos da Reforma Agrária, não só pela produção de alimentos, como é o caso do nosso café, mas na produção de cultura e de saberes que nos posicionam na luta permanente contra uma sociedade desigual”, refletiu.
Já Akeles Henrique Carolino, presidente da Coopterra, reforçou o papel da cooperação no desenvolvimento dos territórios. De acordo com Akeles, o que a Coopterra simboliza hoje é resultado de um amplo processo de organização e luta dos camponeses e camponesas.
“Temos lutado bastante para colocar nosso café e o conjunto da nossa produção para ser comercializada nas condições que valorize nosso trabalho e fortaleça o desenvolvimento das famílias cooperadas”, comentou. “Estamos nos aproximando dos 11 anos da cooperativa, ainda com desafios e muitos passos para dar, mas na certeza de que a cooperação é o caminho para nosso avanço coletivo”.
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A cooperativa que é destaque e referência no beneficiamento do café, principal cadeia produtiva em consolidação na região, é desde 2021 responsável pela marca Terra de Sabores, que além do café comercializa pimenta e geleias.
Somente no que diz respeito à produção de café, estima-se que anualmente as áreas do MST no Espírito Santo chegam a colher 100 mil sacas de grãos.
Penha Lopes, superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) do Espírito Santo, acompanhou a abertura da Festa e reforçou a importância do desenvolvimento dos assentamentos para o avanço na produção e geração de renda para as famílias.
“É fundamental que avancemos no assentamento de mais famílias para que mais pessoas tenham momentos como esse: de celebrar a produção do alimento saudável”, destacou a superintendente. “Estamos consolidando uma nova forma do Incra se relacionar com a organização dos camponeses e camponesas, ampliando o diálogo para que a gente possa seguir avançando e repetir a alegria desse momento possível aqui em São Mateus”.
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Também refletindo sobre o papel e importância dos assentamentos da região, Milton Fornazieri, secretário de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), reforçou a referência dos assentamentos da Reforma Agrária do estado do Espírito Santo.
“Os assentamentos do Espírito Santo são exemplos para todo o Brasil, seja pela sua produção, pela organização do trabalho cooperado, mas principalmente pela materialidade da construção de vida digna para muitas famílias”, comentou.
Festa da Colheita
Com programação até o turno da noite, a Festa no Assentamento Vale da Vitória recebe ainda o Ministro do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, para o ato político, além de representantes de movimentos populares do estado.
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A agenda conta ainda com o espaço dedicado à comercialização de produtos dos assentados da região, degustação de café, além de uma diversidade de artistas locais que sobem ao palco para o momento cultural.
*Editado por Erica Vanzin