Literatura e luta!

Escrevivências Sem Terra: confira as iniciativas do I Festival Literário do MST

Festival celebra 40 anos da luta pela terra e da cultura popular. Confira e participe!
Festival traz diversas expressões culturais, e deve unir diversas vozes em torno da literatura. Foto: Aline Oliveira

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

No clima de comemoração rumo aos 40 anos de atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), vem aí mais uma iniciativa com o objetivo de marcar o encontro entre a literatura e a luta pela terra. Desde as primeiras ocupações pioneiras até o atual processo de organização e resistência das famílias assentadas, a literatura tem sido um componente intrínseco da trajetória do MST.

“Ao longo de seus 40 anos de existência, o MST tem centrado sua luta pela terra como um direito fundamental de todos os trabalhadores. Essa batalha abrange diversas dimensões da vida desses indivíduos, incluindo elementos como literatura, poesia, contos, causos e correspondências. Desde as primeiras ocupações do MST, a expressão literária sempre desempenhou um papel central”, conta Maria Raimunda, do Coletivo de Cultura do Movimento.

Como parte integrante das festividades do VII Congresso do MST, a ser realizado em 2024, o festival traz diversas expressões culturais, e deve unir diversas vozes, agregando tanto as obras já existentes – frequentemente ocultas ou não divulgadas – quanto fomentar a criação de novos tesouros literários.

Festival

Luana Oliveira, do coletivo nacional de cultura do MST, destacou que o festival tem como público as Escolas do Campo do MST e todos os/as trabalhadores/as Sem Terra do país, que queiram participar com a inscrição de poemas, contos, crônicas e cartas literárias inéditas, além de estórias da literatura oral.

“O público do festival são as/os Sem Terra de todo o país e todo o corpo das Escolas do MST. O nosso objetivo é que seja um espaço de publicizar essa poética, que sempre acompanhou a luta e as vivências do MST e, que está sendo construída no marco dos 40 anos do Movimento”, argumenta.

Duas modalidades distintas de acervo foram projetadas: a primeira, busca incentivar a produção literária, proporcionando uma plataforma para que indivíduos expressem seus sentimentos em relação ao MST e seu engajamento nesse movimento. Em “Rumo aos 40 anos do MST: Esperançar contra a barbárie“, os poemas, contos, crônicas e cartas literárias, devem ser inéditos (que ainda não foram publicadas), inspirado pela memória passada, pelo presente vivido e pelo futuro projetado. Na publicação final, será selecionada somente uma obra por inscrição, individual ou coletiva, entre os materiais inscritos nessa modalidade.

Já a segunda modalidade busca reunir trabalhos já publicados ou mesmo feitos há algum tempo. chamada: “Acervo Poética Sem Terra: Fazer-se em luta, terra e pão” podem ser inscritos toda a poética Sem Terra, como poesias, aboios, cordéis, contos, crônicas, cartas e toda a produção literária cultivada ao longo dos 40 anos de luta do Movimento.

As inscrições para o festival se iniciam no dia 1 de junho e devem seguir até janeiro de 2024, a partir do preenchimento de um formulário do especial chamado “Festival Literário Escrevivências Sem Terra”, localizado na Página do MST.

A literatura e a história

Foto: Acervo do MST

A literatura, que no passado poderia não recebia muita atenção, agora se mostra importante para expressar os sentimentos e as experiências ligadas à luta pela terra e à trajetória única de cada Sem Terra. “Durante as celebrações dos 40 anos, uma das linguagens que pode estar presentemente nos nossos territórios é a literatura. Embora anteriormente tenha sido negligenciada, ela tem o potencial de se conectar profundamente com as pessoas”, completou Maria Raimunda.

Por isso, mais do que apenas uma celebração cultural, o festival visa criar um vínculo profundo entre a literatura e as pessoas, permitindo que elas se apropriem dessa forma de expressão para manifestar suas emoções e conexões com a história do MST. A expectativa é que esta plataforma estimule a criação de trabalhos literários, abrangendo gêneros como poesia, contos, crônicas e cartas.

O projeto também espera alcançar um importante engajamento sobre a perspectiva do #TôComMST, envolvendo ativamente indivíduos, escolas, acampados e assentados, com o objetivo de abranger todos da base do MST e construir um acervo diversificado e representativo.

Segundo Maria Raimunda, a busca por talentos literários locais nas comunidades e escolas reforça o caráter mobilizador do festival, incentivando a participação e a produção literária. “Ao estimular a busca por escritores locais nas comunidades e escolas, estamos promovendo uma mobilização interna nos territórios e incentivando a participação popular. Isso não apenas torna o festival mais mobilizador, mas também amplia o envolvimento, tanto no contexto escolar quanto entre os militantes”, conta.

Foto: Acervo do MST

A meta é trazer esta literatura Sem Terra a partir de um processo contínuo de criação e expressão que deve ser nutrido e cultivado. Nesse sentido, o Festival Literário do MST não apenas celebra o passado e o presente, mas também projeta o futuro da expressão cultural e artística dentro do Movimento. Um encontro de palavras e sentimentos, uma celebração da terra e da cultura, o festival se coloca como um símbolo da perseverança e do compromisso do MST ao longo de suas quatro décadas de história.

“Acreditamos que esse encontro afetivo com a história do MST pode inspirar a criação de trabalhos literários excepcionais, abrangendo poesia, contos, crônicas e cartas. Dessa forma, a construção do acervo e a produção literária caminham juntas, refletindo o compromisso do MST com a expressão cultural e a luta pela terra”, conclui Maria Raimunda.

*Editado por Solange Engelmann