Saúde Popular
Superintendente do Ministério da Saúde visita assentamento Contestado, no PR
Por Jade Azevedo | Coletivo de Comunicação MST-PR
Da Página do MST
No último sábado, 5, Luiz Armando Erthal, superintendente do Ministério da Saúde no Paraná, conheceu a Unidade Básica de Saúde (UBS) Chica Pelega, no assentamento Contestado, Lapa, região sul do Paraná, e conheceu o coletivo de mulheres da saúde e a sala de medicinas integrativas que está dentro da unidade de saúde.
Junto com o coletivo de mulheres estavam assentadas e assentados que mostraram os diversos espaços do assentamento e todo trabalho desenvolvido pelas famílias na produção de alimentos agroecológicos.
Maria Natividade, assentada e integrante do coletivo, explica que na saúde popular e na agroecologia a mata é uma farmácia viva, e que as famílias solicitaram que dentro da unidade de saúde elas pudessem ter um espaço de medicina integrativa. “Temos a iniciativa aqui de bioenergia, que começa com a gente ouvindo a pessoa. A partir desse acolhimento, os pontos energéticos da pessoa vão dizer o que o corpo precisa. O tratamento já começa com a comida sem veneno, as ervas medicinais e isso anda junto com o meio ambiente, a permacultura, a agroecologia, esse cuidado geral indivíduo e natureza”.
Luiz ressaltou que a ministra da saúde, Nísia Trindade Lima, quer um governo que esteja em diálogo com a sociedade e por isso estava ali. “A nova orientação do Ministério é de conversar com a comunidade, escutar o que a sociedade e as comunidades têm a dizer, e este diálogo que começamos aqui com o MST é de fundamental importância”, ressaltou.
Agroecologia e bioenergia cuidando da terra e promovendo a vida
A Unidade de Saúde Chica Pelega, garante o atendimento convencional com várias especialidades, em diálogo permanente com a Saúde Popular, por meio das terapias naturais como bioenergia e chás – inclusive com uma horta medicinal ao lado do terreno da UBS.
Maria conta que foi uma luta de muitos anos, e as famílias quando solicitaram a UBS já demandaram um espaço para as práticas de saúde integrativa. “Nós sofremos muito, mas cederam esta sala”, relembra. Segundo ela, na peleia o Assentamento conseguiu até um biodigestor para a água (equipamento que permite a redução dos custos com energia e adubação, além dos benefícios ao meio ambiente e para quem a consome).
No diálogo com o superintendente, o coletivo de mulheres da saúde apresentou o que o movimento entende como saúde popular e o que esperam de parceria com o ministério para seguir desenvolvendo seus conhecimentos e gerando renda. “Junto com a UBS a gente tem as benzedeiras, auriculoterapia e outras terapias e queremos ampliar nossos conhecimentos na área da saúde popular e para isso precisamos de um espaço apropriado”, afirmou.
Jéssica Cordeiro, assentada, ressaltou a importância do ministério pensar em ações de produção de ervas medicinais. “Quem produz é o pequeno agricultor e a agricultura familiar, então nós precisamos de incentivo, formação, de cursos de cuidado com pragas e até programas de aumento de renda para se aproveitar o máximo possível da planta. Isso é importante até para o jovem que sai do campo porque não tem renda”, ressaltou.
O superintendente reforçou a importância das pesquisas e dos programas de plantas medicinais do SUS, e ressaltou que dentro deste projeto, consolidado como portaria GM/MS 1 em setembro de 2017, havia financiamento. “Espero que este programa seja retomado como o Mais Médicos, Farmácia Popular, Saúde na Escola e vários outros voltaram, porque existiam e depois foram desmantelados no governo anterior”, afirmou.
Ele ainda ressaltou que o SUS recebeu muitas propostas na área de plantas medicinais na 13ª Conferência Estadual de Saúde do Paraná e disse que a ministra Nísia foi positiva ao receber estas propostas que vão ter espaço nas políticas públicas do SUS. Segundo ele, unir forças para reconstruir o país não é somente um slogan é uma proposta de trabalho e para isso é preciso envolver outros setores, universidades e ministérios. “É importante a integração de estímulo, recurso, condições para atuar na área de plantas medicinais.
A função da saúde popular é incluir os excluídos
Dona Maria ressaltou que a UBS Chica Pelega é muito fortalecedora. “Sabemos que esse é só o início. vamos buscar mais direitos na linha da saúde popular e da agroecologia. Nosso sonho é chegar em outros lugares, aqui sendo a sementeira. Vai ser uma experiência muito forte e exemplar que daqui vá para outros espaços no campo, na cidade, dos quilombolas e indígenas, porque a função da saúde popular é incluir os excluídos”.
As integrantes do coletivo apresentaram ao superintendente a proposta de transformação da UBS em uma Unidade de Saúde Popular, com estruturação de casa das terapias, um horto medicinal e contratação de equipe multidisciplinar, além de potenciar com cursos de nível técnico e superior.
Após a conversa, Luiz fez uma consulta de bioenergia, conheceu o horto medicinal, a cooperativa de alimentos e almoçou na Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA).
*Editado por Fernanda Alcântara