Visibilidade Lésbica
Mês do Orgulho e Visibilidade Lésbica: Honrando histórias e enfrentando desafios
Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST
Durante o mês de agosto, a comunidade lésbica destaca suas experiências, desafios e conquistas. O Mês do Orgulho e Visibilidade Lésbica é uma oportunidade para ampliar a conscientização sobre as questões que afetam as lésbicas e promover a aceitação e igualdade. Diante disso, o Coletivo LGBT Sem Terra pensou algumas ações para celebrar a importância dessa data.
A visibilidade lésbica é uma parte crucial da luta contínua pela igualdade. Durante muitos anos, as vozes das mulheres lésbicas foram marginalizadas e sub-representadas, tanto na mídia quanto na sociedade em geral. E é importante destacar este mês do Orgulho e Visibilidade Lésbica como uma ocasião para celebrar a riqueza das experiências lésbicas, desde o amor e o relacionamento consigo mesmas até os relacionamentos interpessoais e familiares que moldam suas vidas.
Da perspectiva Sem Terra, ao compartilhar suas histórias, lésbicas de todas as origens podem inspirar outras pessoas a abraçarem suas identidades com confiança e orgulho. O dia 29 de agosto foi escolhido, como Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, a partir do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (SENALE), que aconteceu em 1996, no Rio de Janeiro, com o tema de “Visibilidade, Saúde e Organização” para falar sobre sexualidade, prevenção, trabalho e cidadania.
A partir desta perspectiva, algumas atividades estão sendo promovidas pelo Coletivo LGBT Sem Terra, com o objetivo de abordar as questões que ainda afetam as mulheres lésbicas, incluindo discriminação, estigmatização e falta de reconhecimento. A luta por direitos iguais e justiça social continua sendo uma batalha constante, e o mês do Orgulho Lésbico nos lembra da importância de permanecer unidos na busca por uma sociedade mais inclusiva e justa.
Durante esse mês, nos territórios do MST: acampamentos e assentamentos, serão realizadas ações como plantio de árvores, encontros e debates na promoção de espaços seguros e acolhedores para lésbicas e aliados se reunirem, trocarem experiências e fortalecerem a luta pela terra, como também a luta pela igualdade. Essas celebrações não apenas reforçam os laços dentro da comunidade lésbica, mas também mostram aos Sem Terra a vitalidade e a diversidade que a caracterizam.
À medida que o movimento LGBT continua a superar seus desafios, é importante lembrar que a luta por direitos iguais não será completa até que todas as vozes sejam ouvidas e todas as identidades sejam reconhecidas. Ao celebrar o Mês do Orgulho e Visibilidade Lésbica, estamos mais perto de alcançar uma sociedade onde todas as pessoas, independentemente de sua orientação sexual, possam viver autenticamente e com dignidade.
Lesbofobia
No cenário da luta pela igualdade e pelo respeito aos direitos dos/das LGBTs, é essencial que as nuances e desafios específicos enfrentados por diferentes grupos dentro dessa comunidade sejam reconhecidos e discutidos de maneira adequada. Um aspecto crucial dessa discussão é a importância de abordar a lesbofobia de maneira mais focada e direcionada, em vez de tratar apenas a questão geral da LGBTfobia.
O primeiro Dossiê sobre Lesbocídio no Brasil, divulgado em 2018, já apontava o crescimento da violência contra as mulheres lésbicas. O documento indica que, entre 2000 e 2017, foram registrados 180 homicídios de lésbicas. No entanto, os anos mais recentes concentram a maior parte das mortes. Somente entre 2014 e 2017, foram registrados 126 assassinatos no país.
O dossiê revela também que, enquanto em 2000 foram dois casos registrados, em 2017 eles chegaram a 54. A partir de 2013, o aumento tem sido constante, sendo que o maior ocorreu de 2016 para 2017, quando subiu de 30 para 54 registros.
Nas últimas semanas, o assunto voltou a ser pauta depois que parlamentares lésbicas foram alvos de ameaças de “estupros corretivos” em seus e-mails institucionais e pessoais. Até o momento, registraram denúncias a deputada federal Daiana Santos (PCdoB-RS), as deputadas estaduais Rosa Amorim (PT-PE) e Bella Gonçalves (PSOL-MG) e as vereadoras Mônica Benício (PSOL-RJ) e Iza Lourença e Cida Falabella, ambas do PSOL em Belo Horizonte.
A lesbofobia se refere à discriminação, preconceito e hostilidade direcionados especificamente às mulheres lésbicas. Muitas vezes, as experiências das mulheres lésbicas são silenciadas ou minimizadas dentro do movimento LGBT+ e na sociedade em geral. Isso pode acontecer porque a lesbianidade desafia as normas de gênero e ameaça a supremacia masculina, resultando em formas únicas de discriminação que merecem atenção e ação específicas.
As ameaças de cunho lesbofóbico também são um retrato do conservadorismo que se posiciona contra as mudanças no retrato do poder no Brasil, permeado por homens heterossexuais, cisgênero e brancos. A ação parece ser coordenada, dada a importância deste mês para a comunidade e o destaque das parlamentares nesta luta.
Em nota, o MST em Pernambuco faz a defesa de Rosa Amorim e de outras parlamentares, lembrando que “o estupro e a “cura lésbica” são frequentemente usados para diminuir a atuação das mulheres e de pessoas LGBTI+ na política. Tentar silenciar uma mulher preta, lésbica e Sem terra que sempre lutou e luta por uma sociedade justa e igualitária não vai a silenciar, acreditamos que tudo isso só encorajou ainda mais Rosa para continuar lutando.”
Assim, celebramos as lésbicas ao redor do mundo por sua resiliência, paixão e contribuições inestimáveis para a sociedade. Seguimos unidos em solidariedade para garantir que todas as vozes sejam ouvidas e todas as histórias sejam valorizadas. O Mês do Orgulho e Visibilidade Lésbica é um momento para celebrar o amor, a individualidade e o poder de ser verdadeiramente você mesmo.
Viva as mulheres lésbicas do MST! Viva a diversidade e viva o amor!
*Editado por Solange Engelmann