Memória
Semana pedagógica celebra 90 anos de Margarida Alves, em Alagoa Grande (PB)
Por Carla Batista
Da Página do MST
Alagoa Grande “Margarideceu”, no último final de semana. Aliás, durante toda a semana na cidade foi dia de celebrar os 90 anos de Margarida Alves, se ela estivesse entre nós, e de memorar seu assassinato que completa 40 anos de impunidade.
O Movimento Mulher Trabalhadora da Paraíba (MMT) realizou a Semana pedagógica Margarida Alves. O evento teve inicio dia 21 e seguiu até o dia 27 deste mês, com atividades nas escolas, na Casa Museu Margarida Maria Alves e no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande.
“Ser conterrânea de Margarida já me inspira muito, viver a luta de Margarida me enche de orgulho. Em memória da verdade e da justiça, contra a impunidade do crime que há 40 anos lhe roubou a vida. Margarida vive, através dos nossos corações, através de nossa voz e através do nosso comprometimento com a luta por direitos, dignidade e justiça social”, Joane Brito, organizadora e integrante do MMT.
Com uma forte presença e participação dos professores do município foi possível estudar a biografia de Margarida, realizar sarau poético e cultural, levar contação de história para às crianças e assistir a documentários que trazem a história de sua luta, assim como ampliar o debate através de rodas de conversas.
No sábado, a realização de feira pública no centro da cidade foi tomada pela força do ritmo, cores e ancestralidade das cirandeiras do Quilombo Caiana dos Crioulos. Teve ciranda e coco de roda no coreto da praça. E à noite foi de celebração aos seus 90 anos, com apresentação do espetáculo “Margarida Viva”, no Teatro Santa Ignez e show com a cantora paraibana Renata Arruda.
Já no domingo, mulheres e homens do campo, da cidade, de vários movimentos sociais, organizações, associações, sindicatos e representantes políticos marcharam saindo da Casa onde morou e morreu Margarida Alves até a Igreja Matriz Nossa Senhora da Boa Viagem, onde foi celebrada missa em sua homenagem.
Por último, aconteceu uma solenidade com apresentação da violeira Soledade, em frente ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alagoa Grande.
“Muitas saudades tenho de Margarida. O ato foi mais um dever nosso. E foi maravilhoso. Continuamos com a nossa luta, com o nosso empenho de manter viva essa chama. A lembrança de Margarida sempre. Sua luta foi digna. Em prol dos trabalhadores oprimidos que sofriam, das mulheres, das crianças sem estudo. Uma luta de classe, de respeito, de esperança. Por isso, não podemos nos calar diante desse cruel assassinato. Não estávamos comemorando sua morte. Levamos uma mensagem de paz, respeito e solidariedade em memória a nossa companheira. Sua bandeira não pode ficar jogada num canto de parede. Essa bandeira precisa sempre ter alguém para hasteá-la e pra dizer que Margarida vive em nosso meio. Vibremos essa grande heroína”, Soledade violeira (amiga e companheira de Margarida no sindicato).
*Editado por Solange Engelmann