Iniciativas de combate à fome são homenageadas na Feira do MST em Alagoas

Prêmio Josué de Castro homenageou iniciativas de enfrentamento à fome em Alagoas. Foto: Mykesio Max

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Integrando a agenda da 22ª Feira da Reforma Agrária em Alagoas, o MST realizou na manhã desta sexta-feira (08) a primeira edição do Prêmio Josué de Castro, que homenageou iniciativas em Alagoas que debatem e promovem ações de enfrentamento à fome e articulam a pauta da soberania alimentar no estado.

O Prêmio homenageou a Cozinha Solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), a Rede Mutum de Agroecologia, a Associação Criança Feliz, além do prêmio coletivo dedicado aos movimentos populares de luta pela terra que realizam as Feiras da Reforma Agrária em Maceió.

“Nós estamos muito emocionadas pelo convite e pela premiação”, comentou Irmã Maria Teresa, da Associação Criança Feliz. “Nossa instituição é pequena e pouco conhecida para fora, mas muito importante na comunidade”.

Irmã Teresa representou a Associação recebendo o Prêmio pela organização que atua na Vila Brejal, com crianças e jovens na comunidade, com ações no campo da alimentação saudável e organização religiosa no território.

A entrega do prêmio foi feita durante a Conferência Josué de Castro, integrando a programação da Feira do MST em Alagoas. Foto: Mykesio Max

Representando as organizações camponesas, o Prêmio Josué de Castro foi entregue para a Frente Nacional de Lutas (FNL), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e assentados do MST em Alagoas.

“Nosso objetivo é reconhecer essas iniciativas que cumprem um papel fundamental na articulação com a sociedade, mas também nas práticas cotidianas de organização nos diversos territórios do estado”, sinalizou José Neto, da direção nacional do MST.

Ainda receberam o prêmio, Heloísa Amaral, pela Rede Mutum de Agroecologia, organização estadual que congrega movimentos, organizações e entidades no fortalecimento da agroecologia, na construção de conhecimento agroecológico, fomento e articulação da produção e construção de circuitos de comercialização.

Organizações populares premiadas somam forças pela soberania alimentar. Foto: Delanisson Araujo

“Esse é um Prêmio recebido por muitas mãos, de muitos parceiros e parceiras que constroem a agroecologia e promovem a produção de alimentos e de uma sociedade livres de veneno”, disse Amaral.

Já pela Cozinha Solidária, o MTST foi representado pela Eliane Silva, da coordenação do Movimento Sem Teto de Alagoas. Eliane destacou o pioneirismo da Cozinha Solidária em Maceió que foi a primeira do Nordeste e que fortaleceu as ações de solidariedade nas comunidades durante o período pandêmico.

Conferência Josué de Castro

Compondo o momento de debate na Feira, a Conferência Josué de Castro recebeu a integrante da coordenação nacional do MST, Ayala Ferreira, a coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Eliane Silva, Lenilda Lima, da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Thatiana Fávaro, do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea) para um amplo debate sobre o tema da fome e da soberania alimentar em Alagoas e no Brasil.

“É importante incidirmos no enfrentamento à fome, mas também na promoção de políticas públicas para ações de combate à fome”, explicou Thatiana, destacando o papel dos Conselhos e Conferências Públicas sobre o tema para avançar na participação popular. “Seguimos ainda em 2023 rediscutindo o que Josué de Castro lá atrás nos tinha dito sobre os problemas da fome: que é causado pelos homens”.

Exposição de Ayala Ferreira, da coordenação nacional do MST, durante a mesa da Conferência Josué de Castro. Foto: Mykesio Max

“A luta pela Reforma Agrária é um passo importante para pautarmos a produção de alimentos saudáveis na perspectiva de enfrentar essa realidade em todo o país, com comida no prato dos brasileiros e brasileiras”, destacou.

Já Ayala Ferreira, da coordenação nacional do MST refletiu sobre o papel da Reforma Agrária na construção de saídas para o enfrentamento à fome: “O modelo de sociedade que vivemos com suas profundas desigualdades, se materializa com a realidade da fome que ainda é presente em nosso país”.

A Conferência reuniu uma série de reflexões sobre o tema e reafirmou a necessidade de uma articulação permanente para debater e construir ações dessa natureza no estado.

A Conferência reuniu dezenas de pessoas para debater o desafio do enfrentamento à fome. Foto: Mykesio Max

*Editado por Lays Furtado