Movimento Sem Terra realiza “I Encontro Nacional de Música do MST”

Por Maria Silva
Da Página do MST

Está chegando! E as expectativas são grandes para o I Encontro Nacional de Música do MST, que será realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes entre os dias 15 a 21 desse mês de outubro. O Encontro pretende reunir mais de 200 pessoas de diferentes gerações do MST em dias de estudo, diálogo, música, socializações, composição, além de oficinas artísticas e técnicas.

“Nosso Encontro de Música vai ser emocionante, nossa expectativa é que a gente possa, pela primeira vez, reunir as quatro gerações do MST que fazem música, que elaboram a luta pela terra desde a arte, com canções que embalam o nosso cotidiano, a nossa construção da vida, mas também a luta pela terra, então vai ser, com certeza, um momento histórico do nosso Movimento”, relata Carla Loop, dirigente do Coletivo Nacional de Cultura do MST.

O Encontro faz parte, junto com diversas outras atividades realizadas desde o começo deste ano de 2023, tanto nos estados em que o Movimento está organizado quanto nacionalmente, das comemorações do aniversário dos 40 anos de existência e resistência do MST, a se completar em janeiro de 2024.

Muitos dos participantes, principalmente das regiões Nordeste e Amazônica, já estão na estrada em direção à São Paulo para participarem da atividade. A ideia é que todos cheguem no domingo para que os estudos possam se iniciar na segunda-feira (16) pela manhã.

A coordenação do Encontro fica por conta de uma equipe grande composta por diversas pessoas também ligadas à música nas mais diversas formas, como as e os cantantes, compositores, instrumentistas, estudiosos, etc, de diferentes gerações.

Uma equipe de companheiros e companheiros de todas as regiões do Brasil, desde os mais experientes, que apertaram o play para gravar a nossa primeira fita cassete, passando pelos camaradas que foram sendo formados e entraram nas fileiras do MST pela música, até os mais jovens que encontraram no MST espaço pra colocar sua canção, pra expor sua voz e criatividade”, ressalta Carla.

Carla Loop destacou que o Movimento se encontra em um momento no qual se apropriam dos meios de produção da música de forma abrangente. Ela mencionou que no decorrer do trabalho de produção e gravação do CD Plantando Cirandas 3, lançado em 2014 na Ciranda Infantil do VI Congresso Nacional do MST e coordenado em conjunto com o Setor de Educação, foi possível dar um salto de qualidade na produção musical, e expressou a intenção de repetir esse processo durante o encontro de cinco dias, enfatizando a ênfase em estudo, oficinas, conhecimento técnico, afetividade, encontros e cantoria.

“Nós vamos homenagear João do Vale, Violeta Parra e Victor Jara, vamos cantar juntos e fazer uma bonita festa de todos aqueles que fazem música no MST de todas as regiões do Brasil”, ressaltou Carla, que também mencionou a importância do próprio Movimento fazer a produção dos seus materiais, como também aconteceu na construção do CD Versando a Luta, lançado em 2015 durante a I Feira Nacional da Reforma Agrária, no Parque da Água Branca, em São Paulo.

Além da troca de experiências durante os cinco recheados dias da atividade e também das diversas canções que o MST vem recebendo de vários artistas Sem Terra espalhados pelo Brasil. Desde a primeira divulgação do Encontro e da convocação para que as pessoas mandassem suas composições e melodias, o Coletivo de Cultura e a coordenação do Encontro tem a expectativa de compor uma música coletiva a partir da Frente de Música João do Vale para comemorar os 40 anos do MST, com perspectivas de gravação durante esses dias.

Para Carla, o Encontro tem um significado e importância muito grandes, principalmente por conta de tudo o que o Brasil e as organizações sociais sofreram nos quatro anos de Governo Bolsonaro, com a retirada de direitos e conquistas em diversas áreas, incluindo a cultura.

“Com certeza é um encontro muito significativo num momento de retomada da cultura, da democracia, da reconstrução que o Brasil está vivendo e o MST não poderia ficar de fora dessa elaboração. E no campo da cultura, acho que esse Encontro de Música revela e tem muita simbologia, porque vamos permitir o encontro da viola com o rap, da zabumba e da sanfona com o pandeiro, com o cavaquinho, ou seja, diferentes gêneros, muita criatividade e muita afetividade”, ressalta Carla sobre a diversidade presente no Encontro e no todo do MST.

Do ponto de vista da organicidade do Coletivo de Cultura, o Encontro também tem uma importância enorme, e é preciso ressaltar que a atividade não começa e nem se encerra por si só, já que a perspectiva é que esse momento contribua na reorganização e fortalecimento das instâncias organizativas do MST, como, por exemplo, as frentes de trabalho.

“Por fim, não poderia deixar de dizer que nós do Coletivo de Cultura temos um trabalho árduo de reorganização da nossa Frente de Música João do Vale no MST, de sair do Encontro com várias linhas de ação e linhas políticas para que a gente consiga inserir cada vez mais, desde todos os nossos territórios, a companheirada que está trabalhando com a música, que está fazendo arte e está inserida no MST. Nós queremos também convocar a música a serviço da luta pela terra e da Reforma Agrária. Esse é mais um dos objetivos do nosso encontro”, finaliza.

*Editado por Fernanda Alcântara