Natal Sem Fome
MST em SC encerra Feira doando cerca de 15 mil quilos e 150 cestas de alimentos
Da Página do MST
Entre os dias 15 e 17 de dezembro, a Feira da Reforma Agrária de Santa Catarina ocorreu na Escola Sul da CUT, em Ponta das Canas, Florianópolis, localizada no Norte da ilha. Mais de 3 mil pessoas prestigiaram o evento, que ofereceu mais de 30 toneladas de alimentos diversificados e saudáveis de todas as regiões de Santa Catarina, parte dos quais foram doadas no encerramento da atividade.
Ao todo, participaram mais de 60 feirantes, a maior parte advindos da reforma agrária, mas também da agricultura familiar, do Movimento de Mulheres Camponesas, da Economia Solidária e da Feira do Canto da Ilha, que ocorre regularmente no local.
Irma Brunetto, da direção estadual do MST, comentou que “tudo foi preparado com o melhor de nós, com todo o carinho, lá nos assentamentos e acampamentos, para trazer não só para comercializar, mas também para avançar no diálogo sobre a necessidade cada vez maior de avançarmos no projeto de agricultura agroecológica”.
Lucídio Ravanello, presidente da Cooperativa Central da Reforma Agrária de Santa Catarina (CCA), entidade promotora da Feira da Reforma Agrária, destacou que “as feiras representam um elemento central na estratégia de comercialização direta e no fomento a produção de alimentos saudáveis desde os assentamentos”
Fabiola Rubas Girotto, feirante, afirmou que a Feira é um espaço de diálogo sobre a reforma agrária popular. “Falar, discutir e se preocupar com a alimentação saudável não pode ser uma preocupação apenas dos agricultores, e a feira traz essa possibilidade com a troca e a interação urbana”.
A Feira foi repleta de arte e cultura popular, a viola caipira entremeou as apresentações de palhaçaria, forró, pife, cancioneiro latino americano, cinema, canções para ninar gente preta e fotografias do campo e da cidade. Elenice, integrante da Tribo Colibri, afirmou que “pra nós, enquanto artistas, foi um privilégio muito grande participar da feira da reforma agrária em Santa Catarina, e apoiar o Movimento Sem Terra que luta por uma reforma agrária de verdade e faz chegar alimentos saudáveis à população”.
Além disso, seminários temáticos debateram a relação entre a reforma agrária e a universidade, a cultura, a produção de alimentos saudáveis, a democracia e o combate à fome. Foi unânime a urgência de políticas públicas eficientes para erradicar a fome, e que as mesmas envolvem diretamente subsidiar a agricultura familiar e a reforma agrária.
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em 2022 o Brasil tinha 70,3 milhões de pessoas em estado de insegurança alimentar moderada, que é quando possuem dificuldade para se alimentar e 21,1 milhões de pessoas no país passaram por insegurança alimentar grave, caracterizado por estado de fome. Em Santa Catarina, pesquisa da Rede Penssan revelou que entre de novembro/21 e abril/22, 28,4% estavam em situação de Insegurança Alimentar (IA) Leve; 7,6% em situação de IA Moderada e 4,6% com IA Grave.
Reforçando o compromisso do MST no combate à fome, neste domingo (17), último dia da Feira da Reforma Agrária, foi realizada doações da Jornada Nacional de Solidariedade contra a Pobreza e a Fome, ação de solidariedade que acontece em todo o Brasil para fazer frente ao cenário de insegurança alimentar.
A Jornada Nacional de Solidariedade contra a Pobreza e a Fome é resultado de uma construção coletiva e participativa com o movimento sindical, as cooperativas, os feirantes e diversas entidades e voluntários. É coordenada pelos comitês populares de luta e o MST em SC que, neste ano, arrecadaram 15 mil quilos de alimentos.
Estes pertences serão distribuídos a pessoas em situação de vulnerabilidade social através de 12 cozinhas comunitárias que fazem um valoroso trabalho voluntário junto a pessoas que passam fome. Também serão distribuídas 150 cestas para famílias de Palhoça e a expectativa é beneficiar mais de mil famílias.
A solidariedade de classe é um dos valores intrínsecos ao Movimento Sem Terra. Além disso, a ação também tem o objetivo de “propiciar um Natal mais humano, alegre e feliz. Um ato de amor ao próximo na dimensão do menino Jesus da manjedoura, que é o verdadeiro significado do Natal”, finaliza o dirigente do MST em SC, Vilson Santin.
*Editado por Fernanda Alcântara