MST 40 anos
Leia pronunciamento da ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, sobre os 40 anos do MST
Da Página do MST
Homenageando a celebração dos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), marcada por um ato político de relevância histórica no último sábado, dia 27 de janeiro, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres, enviou uma carta para destacar o papel fundamental que as mulheres desempenharam nessa trajetória de luta e resistência. Ela lembrou que o Movimento ao longo de quatro décadas tem sido uma força incansável na busca por justiça social, reforma agrária e dignidade para as famílias que labutam na terra.
Confira a carta abaixo
27 de janeiro de 2024 / ENFF – Guararema (SP)
Amigas e amigos,
Muito me orgulha a oportunidade de deixar uma mensagem especial ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que neste janeiro de 2024 celebra 40 anos de história.
Já são quatro décadas de luta em defesa da terra, da produção de alimentos saudável, da organização política e defesa da democracia sempre na busca por uma sociedade melhor.
Lutas que moldam a resistência do MST, tornando o movimento mais conhecido dentro e fora do Brasil.
Ao mesmo tempo, uma história que custou vidas, perseguição. Não faltaram ameaças; violência; cerco parlamentar e de grandes latifundiários; na história recente, também no ambiente das redes sociais.
O MST segue vivo e organizado, forte e democrático, fazendo transformação no campo e na cidade, com a implementação da agroecologia, produzindo solidariedade e relações emancipadas.
Como Ministra de Estado das Mulheres, não tenho como não destacar, o papel das mulheres nessa história.
Histórias de resistência que tantas vezes foram apagadas pelo patriarcado.
A participação em massa das mulheres foi condição determinante para o fortalecimento do movimento e o avanço da Reforma Agrária Popular como projeto de sociedade.
Com suas ferramentas de trabalho, a bandeira, o boné vermelho o lenço de chita, as Trabalhadoras Rurais Sem Terra estão presentes nas mais diversas frentes de lutas.
Atuam em constante defesa de novas formas de produção, de relação social, de trabalho digno e pelo reconhecimento do ser político e de liderança.
Transformam o movimento com seu jeito de lutar, educar, viver a mística da luta, trabalhar e cuidar da terra.
A crueldade da violência no campo tirou a vida dessas muitas lutadoras, semeando tantas outras que passaram a seguir o caminho. Margarida Alves, Roseli Nunes, Dorcelina… apenas para citar algumas.
A centralidade das lutas contra a fome, a violência e a destruição da natureza não poderiam estar mais ligadas à vida das mulheres.
São elas as principais impactadas pela fome, ao mesmo tempo que assumem papel central na produção de alimentos saudáveis e no cuidado com as áreas de acampamento e assentamento.
Também são maioria entre as pessoas atingidas pelos efeitos climáticos, enquanto protagonizam a preservação do meio ambiente.
Juntas, as mulheres do campo enfrentam ainda a violência – seja contra o território ou contra os nossos corpos.
Mas permanecem em luta, organizadas em movimento, atentas e encorajadas.
Semeiam e fazem brotar a ousadia e a rebeldia necessárias para seguir rompendo com as explorações e opressões.
Ao MST, os 40 anos de lágrimas e vitórias os fizeram únicos.
Às mulheres do MST, sua coragem nos inspira.