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8 de Março: Mulheres do campo e da cidade se unem em Jornada de Lutas no Paraná
Por Setor de Comunicação e Cultura do MST no PR
Da Página do MST
O Dia Internacional das Mulheres, celebrado nesta sexta-feira (8), traz para o mês de março o foco das mobilizações e atividades pelo fim da violência de gênero e pelos direitos femininos. No Paraná, marchas, formações, audiências e assembleias estão sendo preparadas por mulheres integrantes de movimentos populares, sindicatos e coletivos locais, de todas as regiões do estado.
As camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Paraná somam suas iniciativas à Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra. Com o tema “Lutaremos! Por nossos corpos e territórios, nenhuma a menos!”, as mulheres trazem no centro da pauta a luta contra as violências e também pela conquista da Reforma Agrária.
Em Curitiba, mulheres do campo e da cidade vão realizar uma marcha nesta quinta-feira (7), com concentração a partir das 12h, na Praça 19 de Dezembro. O almoço para as participantes da marcha está sendo preparado pelo Coletivo Marmitas da Terra, coordenado pelo MST, e será servido na própria praça. A caminhada começa às 13h e vai até a Praça Nossa Senhora de Salette, no Centro Cívico. Mais de 500 mulheres são esperadas para a mobilização, vindas de diversos bairros de Curitiba, de comunidades urbanas da região metropolitana e do assentamento Contestado, da Lapa.
Às 14h haverá uma mesa de negociação no Palácio das Araucárias, em que as mulheres de diferentes organizações e comunidades vão entregar uma pauta de reivindicações para autoridades locais e estaduais. Entre as lutas prioritárias estão o fim dos despejos e o direito à moradia digna na cidade, a efetivação da Reforma Agrária, o fortalecimento do programa de Aquisição de Alimentos e de Cozinhas Comunitárias para avançar no combate à fome, o acesso à energia elétrica de qualidade, além de ações de combate à violência.
Já na sexta-feira, 8, a Frente Feminista puxa a marcha unificada, com concentração a partir das 15h na Praça Santos Andrade. O lema “Por uma cidade que nos mantenha viva, e um território que nos pertença” reivindica espaços seguros, direitos iguais e oportunidades justas.
Na região Centro-oeste, em Ivaiporã, às 9h de sexta-feira será realizada uma marcha até a delegacia local, trazendo a pauta de denúncia das violências contra as mulheres. A reivindicação central é a cobrança de eficiência e atuação no caso da denúncia do feminicídio da Maria Raimunda Correia, conhecida como Raimundinha, assassinada dia 17 de abril de 2023. Vão participar cerca de 260 mulheres do MST, Sindicato dos Trabalhadores e APP Sindicato.
Na região Oeste será realizado um encontro de aproximadamente 150 mulheres Sem Terra e urbanas, na sexta-feira, em Cascavel. A atividade será na sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Cascavel e Região (Sintrivel), ao longo de todo o dia.
Em Francisco Beltrão, na região Sudoeste, haverá uma marcha e formação entre as Mulheres dos Movimentos e Sindicatos do Campo e da Cidade, na sexta-feira. Também já ocorreu a comemoração da conquista da comunidade Marielle Vive, em Palmas, no último sábado, dia 2 de março. Liderada principalmente por mulheres, a ocupação urbana será regularizada pela prefeitura, após três anos de luta das famílias.
Na região Centro, na sexta-feira, será realizado o Encontro Regional em Rio Bonito do Iguaçu, com formação no período da manhã, marcha a partir das 13h30, e audiência pública a partir das 15h. A principal pauta é a denúncia da violência contra as mulheres e cobrança da efetivação de Delegacia Regional da Mulher. São esperadas 400 mulheres do MST e representantes da APP Sindicato e das prefeituras da região.
Em Guarapuava e Pinhão, nesta quinta e sexta-feira, haverá formação em acampamentos do MST, com a prática das “Escrevivência Sem Terra”, em que as mulheres contam e escrevem suas histórias de vida.
No Norte, na sexta-feira, será realizada uma marcha com saída às 7h30 do aeroporto até a praça da Igreja Matriz de Porecatu, com mulheres dos assentamentos e acampamentos do MST da região. Ao final do trajeto tem 3 km, será realizado um ato político pelo fim da violência contra as mulheres e no campo, com a presença de autoridades convidadas.
Em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, será realizado o Encontro das Mulheres da Região Sul do MST, no pré-assentamento Emiliano Zapata, que tem a expectativa de reunir cerca de 200 mulheres nos dias 14 e 15 de março. No dia seguinte, 16 de março, a comunidade também vai comemorar a conquista definitiva do assentamento, após mais de 20 anos de luta pela reforma agrária.
Pelo reconhecimento das trabalhadoras rurais acampadas
Como parte da Jornada de Lutas, mulheres Sem Terra de dezenas de assentamentos e acampamentos participaram de uma assembleia virtual para a entrega de uma pauta de reivindicações para o superintendente do Incra, Nilton Bezerra Guedes, nesta quarta-feira (6).
Entre as reivindicações principais está a retomada da organização dos cadastros e o reconhecimento dos direitos das trabalhadoras rurais acampadas. As mulheres relatam as dificuldades de obter seus direitos básicos, como a licença maternidade no INSS, atendimentos médicos, auxílio-doença e aposentadoria por um problema de comprovar seu cadastro e sua contribuição.
Graciela Regina de Almeida, moradora do acampamento Mãe dos Pobres, de Clevelândia, mãe de um filho de 1 ano e 8 meses, relatou a dificuldade em conseguir seu direito à licença maternidade. Ela precisou entrar na justiça para garantir o direito. Ao todo 18 pessoas estão ou já tiveram dificuldade em acessar alguns de seus benefícios por conta de problemas ou falta de emissão de seus cadastros.
Nilton Guedes reafirmou as dificuldades de reestruturação dos processos relacionados à Reforma Agrária, devido ao desmonte ocorrido durante a gestão federal anterior, e garantiu resolver os processos de cadastros até o meio do ano de 2024.
A outra pauta levantada pelas mulheres é pela consolidação da Reforma Agrária em áreas já ocupadas. O superintendente reiterou que haverá uma retomada nos processos e ressaltou que o INCRA irá continuar com os trabalhos de aproximação das regiões, de forma mais objetiva.
*Editado por Fernanda Alcântara