Artigo

Anton Makarenko, camarada educador

Artigo relembra a importância do pedagogo ucraniano Anton Semionovich Makarenko, uma das principais referências da pedagogia socialista da Revolução Soviética
Foto: Reprodução

Por Cecilia Luedemann
Da Página do MST

A pedagogia socialista deve centrar sua atenção na educação do coletivo e aí, sim, estará educando o novo caráter coletivista de cada criança em particular”

Anton Makarenko

Em 13 de março de 1888 nascia o pedagogo ucraniano Anton Semionovich Makarenko, uma das principais referências da pedagogia socialista da Revolução Soviética. Em sua experiência educacional, Makarenko dirigiu a Colônia Gorki (1920-1928) e a Comuna Dzerjinski (1927-1935) tomando a coletividade como objeto da educação. Ali centenas de crianças e jovens que perderam suas famílias durante a guerra civil foram acolhidas e educadas no princípio socialista.

A pedagogia de Makarenko está marcada pela teoria leninista da organização política, na perspectiva da sociologia da educação, cuja formação do novo homem e da nova mulher é fundamental para a construção da sociedade socialista: trabalhadores e cultos, que saibam comandar e se subordinar aos companheiros e companheiras. 

Para esse tipo de sociedade, que visa abolir as diferenças de classe social, a instrução e a educação têm um papel fundamental. Por isso, Makarenko percebeu que a escola não deveria ser um laboratório, um espaço isolado da vida social e do mundo adulto. Ao contrário, a escola deveria ser uma nova realidade social, à frente ou junto das formas mais desenvolvidas da vanguarda da classe trabalhadora: os sovietes, órgãos de comando da classe trabalhadora, expressão da democracia socialista. 

Assim, a coletividade, como objeto da pedagogia, não poderia ser tomada como abstração, mas como novo organismo social, criado pela experiência revolucionária. De acordo com as orientações pedagógicas da Comissão de Instrução Pública da URSS, dirigida por Anatoli Lunatcharski e Nadezhda Krupskaia, as escolas deveriam desenvolver ao máximo a vida coletiva. Como defendeu Nadezhda Krupskaia, “Em nossa época transitória, a escola deve contribuir por todos os meios para desenvolver os instintos sociais nas crianças e nos adolescentes”. Por isso a escola socialista está organizada na forma de coletividade, como Escola Comuna, na qual os estudantes são seus dirigentes, ao lado dos educadores.

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A partir da experiência educacional de Anton, no lugar da criança abstrata, a educação soviética deveria tomar a criança concreta, com suas determinações históricas e culturais, no contexto social da escola, em suas diferentes personalidades, para ser educada no coletivo. Deste modo, os fins da educação deveriam ser determinados pelas necessidades sociais em constante transformação histórica, combinando e desenvolvendo as diferentes personalidades dos educandos e dos educadores no processo de autogestão. 

A escola makarenkiana, tal como a Escola Comuna, é organizada de acordo com os princípios de instrução geral e do trabalho produtivo, retirando a centralidade da sala de aula. Poema Pedagógico, principal obra literária de Makarenko, é a narrativa cujo principal conflito é a construção da coletividade e a transformação dos sujeitos nesse processo. Nessa obra, a concepção pedagógica de Makarenko pode ser vislumbrada com os personagens reais, com suas diferentes histórias e personalidades, que se educaram coletivamente e se formaram como crianças e adolescentes num mundo em transformação.

Segundo Mario Alighiero Manacorda, em História da Educação, “Makarenko elabora, então uma pedagogia original […]. Ao lado da educação dos sentimentos e do trabalho, o coletivo é o outro motivo da pedagogia de Makarenko: mas ele constatou que o próprio coletivo pode ter validade educativa somente se não lhe faltam perspectivas de vida e de alegria, da ‘alegria do amanhã’, como ele diz. A educação dos sentimentos é viável somente se se conseguem propor essas perspectivas de tal forma que de individuais tornam-se de grupo e do grupo cheguem à classe social, ao povo e a todos os homens do mundo”. 

*Editado por Fernanda Alcântara