Luta no Judiciário
Famílias do MST deixam ocupação em Agudos (SP) após Justiça determinar a reintegração de posse
Por Brasil de Fato | São Paulo (SP)
As cerca de 300 famílias Sem Terra que ocuparam a fazenda Globo Suinã, localizada no município de Agudos, próximo a Bauru (SP), deixaram a área nesta terça-feira (16) após a Justiça determinar a reintegração de posse do local. O objetivo da ocupação era reivindicar que as terras públicas sejam destinadas para a criação de assentamentos para as famílias que estão acampadas na região há anos.
A ação, realizada nesta segunda-feira (15) faz parte do Abril de Lutas, Jornada Nacional de Lutas que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) faz anualmente no mês em que, em 1996, aconteceu o Massacre de Eldorado do Carajás. Neste ano, o lema da jornada é “Ocupar para o Brasil alimentar”.
“Aqui na região de Agudos a ocupação desde o início foi muito tensa, com a presença constante da Polícia Militar. Na tarde de ontem (15) houve um destacamento de polícia, já bem à tardezinha, que veio com o intuito de reintegrar a posse sem o mandato”, afirmou Marcio Santos, da direção nacional do MST.
“Nós resistimos, na medida do possível dialogamos com a polícia que nós só sairíamos da área com o rito legal, com a reintegração de posse, com a liminar de despejo”, conta Santos. A decisão saiu na tarde desta terça. As famílias decidiram sair do local imediatamente e seguir na luta pela área no âmbito judicial. “Assim que saiu a reintegração de posse, nós em assembleia e em comum acordo com as famílias resolvemos recuar, voltar para os nossos acampamentos a combinamos que assim que a gente não for contemplado com os nossos objetivos, retomaremos o processo de luta e novas ocupações”, finalizou.
Entenda a demanda
A fazenda Globo Suinã tem aproximadamente 850 hectares e faz parte do Núcleo Colonial Monções, que foi um conjunto de terras adquiridas pelo governo federal em 1909 para fins de colonização. O território ocupado hoje foi arrendado pela União para a sucroalcooleira Zilor Energia e Alimentos, que tem sede em Lençóis Paulista.
De acordo com o MST, “embora as terras do Núcleo Colonial Monções já tenham sido comprovadas como públicas e parte destinada para a formação do Assentamento Zumbi do Palmares, no município de Iaras, onde moram 437 famílias, ainda existem em torno de 40 mil hectares sendo grilados por empresas, inclusive estrangeiras”.
O Brasil de Fato solicitou nesta segunda, dia da ocupação, um posicionamento para a Zilor Energia e Alimentos. A empresa afirmou que a Fazendo “possui casas de colônia e terras produtivas de cana-de-açúcar cultivadas por Parceiros Agrícolas”, e que está em busca “de mais informações para esclarecer os fatos da referida ocupação”.
Edição: Thalita Pires