Alimento do Campo

O grão de milhões: por que o milho é tão importante para a Reforma Agrária?

O grão é um dos mais produzidos no Brasil e no mundo e atingiu marco histórico de preço
Davi José da Costa é um dos produtores de milho orgânico que fazem parte da Copacon. Foto: Juliana Barbosa / MST no PR 

Por Juca Oliveira
Da Página do MST

O milho é uma planta comercial originária das Américas, sendo uma das culturas mais antigas do mundo, cultivada há pelo menos 5.000 anos. No Brasil, o milho já era cultivado pelos povos índigenas, principalmente os guaranis, antes mesmo da chegada dos portugueses. Com a chegada dos colonizadores, há mais de 500 anos, o consumo do cereal no país aumentou consideravelmente.

O grão é um dos mais produzidos no mundo e, no Brasil, ele atingiu o marco histórico de preço, o que alegrou muitos produtores com a valorização e a alta lucratividade. A importância econômica do milho é caracterizada pelas diversas formas de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. O uso do milho em grão como alimentação animal representa a maior parte do consumo desse cereal, isto é, cerca de 70% no mundo.

Fabio Herdt é da Copacon – Cooperativa Agroindustrial de Produção e Comercialização Conquista (Copacon), explica a importância da produção da cooperativa, que trabalha com o Milho Crioulo Caiano e variedade de milho Bolívia Agri. Em 2022, a cooperativa inaugurou uma agroindústria de derivados de milho livre de transgênicos, localizada no Assentamento Eli Vive I, no Paraná.

Atualmente, a Copacon faz um acréscimo de 30 % no valor da saca de milho. “Além de geração de renda geramos emprego que mantém o Jovem no Campo, desenvolvimento também da parte social da comunidade e exercemos bem a cooperação”, lembra.

Festa da Semente Crioula e da segunda Feira da Economia Solidária, no RS. Foto: Jorge Leão

De acordo com o Fábio, a produção tem sido menor por questões climáticas e ataque de insetos como a “cigarrinha”, mas destaca a importância da transição para a agroecologia e a necessidade de investimento em tecnologia e indústria, além do capital de giro para garantir a compra do milho dos cooperados.

Pela sua versatilidade de uso, o milho é um dos mais importantes produtos do setor agrícola no Brasil. A cultura do milho ocupa posição de destaque entre as atividades agropecuárias do Brasil. Mundialmente consumido, o milho é a cultura mais produzida em nosso planeta. Em 2020, foi responsável por cerca de 36,7% da produção agrícola mundial. Já no Brasil, o milho é a segunda maior cultura produzida.

Coordenador da cadeia de grãos nacional do setor de produção do MST, Adalberto de Oliveira, de Itapeva-SP, explicou que uma das vantagens do milho é ser um alimento produzido no Brasil todo, com muitas possibilidades de alimentação e ainda pode ser utilizado na alimentação animal. Para ele, produzir milho é garantia de soberania alimentar para os assentados e para o conjunto da sociedade.

A cadeia produtiva [do milho] é organizada desde as sementes até o beneficiamento. Temos a entrega de milho verde para as compras institucionais e também transformamos o milho em farinhas, fubas e ração. O grão seco também é fornecido para empresas de produção de proteína animal.

Adalberto, Coordenador da cadeia de grãos nacional do setor de produção do MST

Adalberto, também conhecido como “Bel”, também defende que o milho faz parte da subsistência dos assentados, já que, por meio dele é possível ter o milho verde, que é utilizado em diversos alimentos tradicionais, como por exemplo a pamonha. “Uma roça de milho é sinônimo de fartura na roça. Infelizmente a culinária orientada pela indústria vem substituindo este alimento super nutritivo por outros o alimentos que as vezes são menos nutritivos”.

Para além desta cultura alimentar milenar, destaca-se ainda a importância do cultivo de sementes crioulas de milho, principalmente em sua diversidade genética, que contribui para a segurança alimentar e a resiliência das lavouras, além de preservar a cultura e a tradição agrícola. As sementes crioulas são mais acessíveis aos agricultores pois garantem mais autonomia e reduz os custos.

Por essa e outras que saldamos o milho Sem Terra, valorizando suas características nutricionais e gastronômicas e por sua resistência às condições locais, promovendo a agricultura agroecológica e sustentável!

*Editado por Fernanda Alcântara