Jornada de Lutas
MST desocupa área da antiga Inquinor em São Mateus, no Espírito Santo
Por Mariana Motta
Da Página do MST
Com muita mística e animação, nesta terça-feira (30) as famílias Sem Terra organizadas pelo MST fizeram a desocupação da área em que estavam desde o último dia 17, na garantia de que o INCRA fará a vistoria do imóvel.
Foram 13 dias na área do Parque Industrial da antiga Inquinor, ao lado da conhecida Fazenda Coqueirinho em São Mateus, norte do estado do Espírito Santo. Com a ocupação como forma de luta, as famílias denunciaram irregularidades da área abandonada há mais de 20 anos, como o imóvel que está na Justiça do Trabalho por negar direitos trabalhistas, entre outros. Razões que colocam a área como passiva para realização da reforma agrária, conforme prevê a legislação federal, para o assentamento das famílias acampadas no Espírito Santo.
A área do Parque Industrial da Inquinor já havia sido ocupada pelo MST há 22 anos, sendo reocupada agora com o objetivo de conquistar assentamento para as famílias e denunciar seu abandono no município. Mesmo com tantas denúncias envolvendo os antigos e novos compradores, além de questões judiciais da própria fazenda, a justiça novamente deu parecer favorável aos patrões, decidindo pela desocupação. As famílias saíram de forma pacífica e organizada, acatando a decisão judicial, mas de cabeça erguida por terem cumprido o papel de denunciar as injustiças e exigindo providências cabíveis por parte das autoridades.
Ao acatar a liminar de despejo expedida pelo juiz para o dia 30, o povo Sem Terra exige que os poderes públicos cumpram a lei e coloquem esforços para a realização da Reforma Agrária na área. As famílias seguiram organizadas pelo MST para as ruas da cidade de São Mateus e reorganizaram novo acampamento às margens da Rodovia 381 Miguel Cury Carneiro, no km 41.
Para Lia Fernandes, Dirigente Nacional do MST no Espírito Santo, “o novo acampamento é um passo importante na continuidade e no fortalecimento da luta pela terra no município”. As famílias Sem Terra seguirão acampadas e na luta para produzir alimentos saudáveis para o campo e a cidade, inspirados nos mais de seis assentamentos já constituídos no território, e de maneira especial, também pela região ser considerada o berço do MST em solo capixaba, com a ocupação da Fazenda Georgina em outubro de 1985.
A mobilização fez parte Jornada Nacional de Lutas Pela Reforma Agrária que no Espírito Santo se iniciou com a ocupação da fazenda na madrugada do dia 17 de abril, data que marca a memória do Massacre de Eldorado do Carajás no Pará, em 1996, e se tornou o Dia Internacional da Luta pela Terra.
*Editado por Maria Silva