Diversidade
PANCs são afirmadas como alternativas para soberania alimentar em encontro nacional
Por Marcos Antonio Corbari
Do Brasil de Fato
Experiências de todo Brasil com Hortaliças e outras Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) convergiram para a Costa Doce do RS entre os dias 23 e 25 de abril. Às margens da Lagoa dos Patos, o balneário de São Lourenço do Sul acolheu pesquisadores, produtores, consumidores e demais entusiastas pelo segmento alimentício que vem se popularizando cada vez mais país afora.
Com cerca de 430 inscrições, quase uma centena de trabalhos apresentados, dezenas de experiências práticas de campo demonstradas, grande diversidade de pratos produzidos e uma feira que demonstrou a força produtiva do campesinato, o Encontro Nacional HortPANC pela primeira vez saiu do eixo das grandes cidades e capitais, encontrando na pequena cidade gaúcha o ambiente ideal para colocar em debate a popularização, a ampliação da produção, a distribuição, a utilização e a proposição de políticas públicas de apoio às Hortaliças e outras Plantas Alimentícias Não Convencionais através de diferentes setores e segmentos.
O encontro serviu ainda como um ponto de encontro entre ciência e tradição, transformando o centro de eventos da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) em uma celebração de saberes e sabores nos dois primeiros dias, com rodas de conversa, exposição de trabalhos, debates, palestras, feira e degustações. No terceiro dia, concluindo a programação, os participantes se deslocaram para uma área experimental construída coletivamente, para o dia de campo previsto na programação.
A presidenta do encontro, Jaqueline Durigon, professora da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), afirmou que evento colocou as PANC, o debate da soberania e segurança alimentar, da diversidade e autonomia alimentar e dos alimentos da sociobiodiversidade em outro patamar. “Durante os três dias estiveram presentes em São Lourenço do Sul pessoas e instituições estratégicas e o HortPANC colocou esse pessoal para dialogar, a partir daqui muitas ações serão realizadas nos diferentes territórios, unindo os movimentos e as instituições”.
Com o estímulo de laços entre agricultores, academia, pesquisa e, claro, consumidores, a sétima edição do HortPANC mostrou que está completo o cenário para estimular a consolidação de sistemas de produção, implementar as cadeias curtas de comercialização e de agregação de valor ao segmento. Uma certeza ficou expressa: as PANC e demais alimentos da sociobiodiversidade não são apenas alternativas, são sim um caminho viável para a soberania e segurança alimentar e devem ser consideradas como tal na busca pela erradicação da fome.
“Nesse território está sendo construída uma revolução de ideias e práticas que conectam campo e cidade, camponeses e academia e novas formas de enxergar o mundo, a produção e a alimentação”, afirmou a doutoranda em Sistemas de Produção Agrícola Familiar da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Léia Beatriz Sell, na condução do protocolo inicial do encontro.
O encontro serviu ainda como um ponto de encontro entre ciência e tradição, transformando o centro de eventos da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB) em uma celebração de saberes e sabores nos dois primeiros dias, com rodas de conversa, exposição de trabalhos, debates, palestras, feira e degustações. No terceiro dia, concluindo a programação, os participantes se deslocaram para uma área experimental construída coletivamente, para o dia de campo previsto na programação.
A presidenta do encontro, Jaqueline Durigon, professora da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), afirmou que evento colocou as PANC, o debate da soberania e segurança alimentar, da diversidade e autonomia alimentar e dos alimentos da sociobiodiversidade em outro patamar. “Durante os três dias estiveram presentes em São Lourenço do Sul pessoas e instituições estratégicas e o HortPANC colocou esse pessoal para dialogar, a partir daqui muitas ações serão realizadas nos diferentes territórios, unindo os movimentos e as instituições”.
Com o estímulo de laços entre agricultores, academia, pesquisa e, claro, consumidores, a sétima edição do HortPANC mostrou que está completo o cenário para estimular a consolidação de sistemas de produção, implementar as cadeias curtas de comercialização e de agregação de valor ao segmento. Uma certeza ficou expressa: as PANC e demais alimentos da sociobiodiversidade não são apenas alternativas, são sim um caminho viável para a soberania e segurança alimentar e devem ser consideradas como tal na busca pela erradicação da fome.
“Nesse território está sendo construída uma revolução de ideias e práticas que conectam campo e cidade, camponeses e academia e novas formas de enxergar o mundo, a produção e a alimentação”, afirmou a doutoranda em Sistemas de Produção Agrícola Familiar da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) Léia Beatriz Sell, na condução do protocolo inicial do encontro.
Metas superadas, expectativas ampliadas
Avaliando preliminarmente os resultados do evento, Jaqueline Durigon afirmou que a atividade foi além das metas projetadas, deixando impactos positivos para os participantes e territórios. “Um dos nossos grandes objetivos era viabilizar a participação de agricultores e agricultoras, camponeses e camponesas”, algo que até então não havia sido viável realizar nas edições anteriores em medida significativa. “Das inscrições recebidas, 40% foram justamente desse público”, apontou, destacando ainda que no tocante a gênero, as mulheres foram predominantes, com 70% de participação.
A diversidade de experiências produtivas e tradições de cultivo foram colocadas em evidência, com grupos quilombolas, descendentes pomeranos (etnia presente na colonização do território), as cooperativas e coletivos camponesas, os grupos de economia solidária, os empreendimentos familiares agroecológicos e também as estruturas de beneficiamento que estão associadas à produção de alimentos saudáveis foram citadas como exemplos. “Esse evento demonstrou que a temática tem uma potência muito grande, há muitas pessoas interessadas nesse debate, em realizar ações no sentido de popularização das PANC”, acrescentou.
Para Nuno Madeira, pesquisador vinculado à Embrapa Hortaliças, em Brasília, e curador dessa edição do HortPANC, o encontro deixa muitos legados e projeta um novo cenário para o segmento: “Uma questão muito importante foi o fortalecimento do compromisso de seguir adiante na popularização das PANC como estratégia de melhoria da segurança e soberania alimentar e nutricional, de enfrentamento dos efeitos das emergências climáticas, de combate à fome e à desnutrição, de conservação do meio ambiente, de valorização e fortalecimento do alimento relacional, afetivo e saudável, da melhoria da qualidade de vida em geral”. Também comentou a importância de agentes políticos de diferentes esferas estarem acompanhando a atividade, uma vez que “foram apontados alguns caminhos com relação à promoção das PANC via políticas públicas”.
Ao falar sobre o impacto do evento, o vice-reitor da Furg, Renato Duro Dias, expressou sua satisfação, destacando que ele é fundamental para a instituição. “A universidade tem a tradição de ser extensionista. A extensão se caracteriza por um elemento central. O tema das PANC é também muito importante, porque o Campus de São Lourenço do Sul tem uma vocação de aproximação da cultura familiar, da pequena agricultura, da agroecologia, da educação do campo e da gestão ambiental. São áreas que têm uma interface significativa com a comunidade.”
Inclusão, ressignificação e proposição
“Tínhamos desde o princípio a pretensão de que este HortPANC fosse pautado pela inclusão”, explica o presidente da Comissão Científica do encontro, professor Carlos Alberto Seifert Junior, o Jajá, da Furg. Colocou em destaque o período curto para a organização – cerca de 6 meses – levando-se em consideração que não se trata de um evento exclusivamente de salão, mas que conta com atividades de campo. “Em todos os aspectos, nossa projeção e nossas expectativas foram superadas, ficam firmados importantes legados que vão perdurar muito além destes três dias”.
Uma abordagem destacada em diversos momentos foi a oportunidade que o evento trouxe para fortalecer a ressignificação das PANC, que muitas vezes ainda são lembradas como um sinônimo de períodos de carestia, quando populações em situação de fome foram impelidas a buscar nelas a sua garantia de sustento. “Muitas vezes a forma como se definia algumas dessas plantas era até preconceituosa”, afirmou o biólogo Valdely Knupp, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas, citando como exemplo a forma como a planta ora-pro-nobis era associada a ideia de “carne de pobre”.
“As PANC são alimento para todo mundo, não apenas para pessoas que estão em vulnerabilidade social, são itens que tem que entrar em todos os pratos, nas comidas, nas bebidas, nas geleias, nas receitas mais simples e nas mais elaboradas, devem estar na alta culinária, no cardápio das famílias, nas escolas e nas creches”, enumerou o autor do livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil”, considerado a principal referência bibliográfica para utilização e identificação de PANCs. “Todas as plantas são bonitas, mas as plantas que vão para a mesa como alimento são mais bonitas ainda”, afirmou.
A caminhada interligada com a Agroecologia foi mencionada pelo Chefe Adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Clima Temperado, de Pelotas, Leonardo Ferreira Dutra: “Quando falamos de PANC não há como dissociar da Agroecologia, os temas estão diretamente conectados, principalmente na questão do oferecimento de serviços ecossistêmicos e de conhecimento tradicional associado”. Para o pesquisador, considerando-se o contexto da soberania alimentar, as PANCs “são plantas que irão trazer várias outras possibilidades de alimentação para a população, seja urbana, seja rural, seja periurbana”.
Luciano Mühlenberg, agricultor de São Lourenço do Sul, lembrou de quando a família se dedicavam aos manejos convencionais, utilizando insumos químicos e venenos, e quando o pai foi contaminado por agrotóxicos. “A gente foi atrás de aprender como fazer diferente, não foi fácil mudar o sistema de produção, mas aprendemos que ao invés de brigar com as plantas era preciso aprender a trabalhar junto com elas”. Para ele, essa opção significou sobrevivência, mas é preciso ir além: “Conseguimos mudar o modo de pensar lá em casa, agora precisamos conseguir mudar a mentalidade das pessoas da cidade”.
Feira mostra diversidade produtiva
Do lado de fora do salão de atos onde aconteceram as palestras e mesas de debates, cerca de 20 empreendimentos de matriz familiar, camponesa e agroecológica realizaram a 1ª Feira de Plantas Alimentícias Não Convencionais, com objetivo de visibilizar as PANC enquanto alimentos da sociobiodiversidade, com grande contribuição para a diversificação da produção e comercialização, além de fortalecer as trocas entre agricultores que vêm criando novas possibilidades de produtos com essas plantas.
“A feira foi um elemento muito importante para todos nós, porque para além de existir o espaço democrático e de troca, permitiu que essas pessoas – feirantes e grupos de agricultores e agricultoras – estivessem participando do evento”, explica o professor Jajá. A organização garantiu ajuda de custo na hospedagem e alimentação e em contrapartida cada espaço garantiu a participação de pelo menos duas pessoas nas demais atividades do encontro. “Buscamos acolher, valorizar o trabalho e tornar o espaço o mais confortável possível.”
A produtora agroecológica vinda de Antonio Prado, Franciele Belle, que coordena a agroindústria que leva o sobrenome da família, aproveitou o espaço do HortPANC para questionar como o Brasil pode ter produzido 272,2 milhões de toneladas na safra passada e ainda existir pessoas passando fome no país.
“A gente deixa de produzir comida para produzir monocultivo”, respondeu. Citou o exemplo do aumento da área destinada à produção de soja e o declínio das áreas destinadas ao arroz e ao feijão. Questionada sobre como as PANC podem contribuir no tema da erradicação da fome, apresentou a unidade produtiva da família, enumerou dezenas de itens cultivados e processados lá e mostrou a diversidade que trouxe para compor banca montada no encontro. “Se todas as propriedades fossem assim, 15 hectares produzindo alimentos?”, respondeu e ao mesmo tempo devolveu a pergunta.
Eva de Avila, que veio do quilombo Brasa Moura, de Piratini, concorda com a afirmação: “No nosso caso, não temos muitas terras, mas produzimos muito alimento”. A sabedoria passada de geração a geração, vinculando o contemporâneo e a ancestralidade, através das tradições é um dos elementos destacados pela quilombola para alcançar esse resultado. Respeitar os tempos do ciclo natural das plantas é um aspecto ressaltado no cotidiano da produção: “É preciso aprender a compreender o tempo para germinar embaixo da terra, para produzir, para colher e para comer”.
Essa foi a primeira vez que a iniciativa foi incorporada como parte integrante do evento ainda que ocorressem ações pontuais de comercialização durante os encontros anteriores. “A proposta da feira é integrar os feirantes e mostrar aos consumidores um universo de possibilidades de produtos feitos a partir das PANC. A ideia é mostrar que existem muitas outras possibilidades além do convencional”, destacou a presidenta Jaqueline Durigon.
Dia de Campo foi ápice da programação
No terceiro dia do HortPANC os participantes deixaram o espaço urbano de São Lourenço do Sul e se dirigiram para o sítio Espinilho, na zona rural. Ali foi preparada coletivamente uma área experimental voltada ao cultivo de cerca de 80 espécies de PANC, tanto implantadas quanto espontâneas. Ao longo de quatro estações que constituíram um espaço de sala de aula viva, os participantes tiveram a oportunidade de conhecer na prática o resultado da integração entre academia, pesquisa científica e a tradição dos camponeses e camponesas.
Nuno Madeira, que acompanhou a implantação da área, coloca essa atividade em destaque na programação do evento: “Foi um momento mágico, ápice de um trabalho iniciado em novembro do ano passado a partir do zero, compartilhando a tomada de decisão de preparar o solo com enxada e coragem ao invés de entrar com trator”. Definiu o conjunto de mais de 40 mutirões realizados no espaço por agricultores, estudantes, professores e pesquisadores como “um trabalho harmonioso, cheio de amor, empatia e parceria desde o princípio”.
Cada estação teve instrutores referenciais e atividades concomitantes que viabilizaram em dois turnos o atendimento de 32 grupos de participantes que ouviram as explicações, presenciaram os espaços e interagiram com espécies implantadas e espontâneas.
A primeira estação propunha a caminhada de reconhecimento das PANCs e foi conduzida por Valdely Kinupp. O segundo ponto de experiência abordou Hortaliças PANC Folhosas, com a assessoria da presidenta do evento, Jaqueline Durigon. Na sequência foi demonstrada a área de Hortaliças PANC Tuberosas, pelo próprio Madeira. E a quarta estação apresentou as PANC Perenes e de Frutos, conduzida por Jajá. “Esperamos que este dia de campo seja um passo pra construção de parcerias e de confiança junto a agricultores rurais e urbanos pra promover cada vez mais o cultivo e o uso das PANC”, finalizou Madeira, em publicação em suas redes sociais.
“Normalmente essa atividade acontece em espaços vinculados às instituições que estão organizando o evento. Nós buscamos construir esse espaço em uma área rural, de forma bastante participativa, junto com os agricultores camponeses e com os estudantes”, explica o professor Jajá. “Foi um ambiente de muita sinergia em termos de aprendizado, um processo bastante dialógico nessa relação entre os agricultores e a academia, em termos de produção, de acúmulo de conhecimento e saberes, foi muito rico”, acrescentou, fazendo questão de destacar que foram “nos pequenos detalhes que se formaram os grandes aprendizados”. O desafio agora é seguir em diálogo com estes participantes e construir um calendário de devolutivas para todos e todas que de uma forma ou outra ajudaram a construir a sala de aula viva da área experimental.
Políticas públicas precisam ser propostas
Josuan Schiavon, dirigente do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), mediou uma mesa com a participação de diferentes segmentos da agricultura camponesa, onde foram colocados em contraste os aspectos do que já foi construído e da capacidade produtiva da classe, frente aos desafios que são enfrentados no cotidiano.
“Esses camponeses vieram aqui para trazer um pouco da vida deles, do seu sistema de produção, mas também para expor os seus desafios que enfrentam e os problemas reais, econômicos, políticos, da comercialização, das mudanças climáticas”, explicou Schiavon. Apontou ainda que é preciso colocar a pauta das PANCs e da produção de sementes para que sejam formuladas como políticas públicas de estado e não de governo, de modo que não se corra o risco de ficar condicionado ao agente que estiver exercendo o mandato no momento e a descoberto se outro segmento político assumir o poder, como aconteceu no governo anterior.
Franciele Belle concorda com essa posição e vai além: “Precisamos de mais pesquisadores e mais unidades da Embrapa cuidando desses temas, precisamos de mais pesquisas nas universidades, precisamos de mais extensão rural que chegue até a gente, mas para isso tudo precisa mais recursos”. Lembrou particularmente da questão da produção e partilha das sementes, de ações de mobilização que vem requerendo já há anos que o trabalho dos guardiões e guardiãs de sementes seja reconhecido como de interesse público e possa ser subsidiado pelos governos.
A Coordenadora de Estruturação da Produção Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Mariana Rodrigues dos Santos, e o superintendente do MDA no RS, Milton Bernardes, manifestaram que existe vontade no governo federal para acatar proposições que venham do segmento que trabalha com as PANC e com a Agroecologia de modo geral.
“Essa pauta está associada a temas que nos são muito caros, como a sociobiodiversidade, a produção orgânica, a agroecologia, que são centrais no nosso debate”, explicou Bernardes, alertando aos participantes que este é o momento ideal para a proposição de políticas públicas a serem inseridas no próximo Plano Safra. “Estamos aqui nos desafiando a fazer algumas coisas diferentes, a propor algumas pautas diferentes e o MDA quer fazer parte disso.”
Vandely Knupp também se manifestou a este respeito, lembrando experiências de sucesso já implementadas que colocaram as PANC dentro dos cardápios escolares, como acontece atualmente nas creches no município de Jundiaí, em SP: “Precisamos de políticas públicas para que essas plantas cheguem até as escolas, para que as crianças tenham acesso a um caldo verde de urtiga ou uma geleia de butiá, por exemplo”. Lembrou ainda que é a partir de políticas públicas que as PANC poderão ir além dos espaços das feiras e chegar até mesmo aos supermercados: “Qualquer lugar onde há alimento, ali deve estar também as PANC”.
Lançamento de selos e livro
No segundo dia do evento, os Correios lançaram no evento o selo “PANCS – Plantas Alimentícias Não Convencionais (emissão especial)”, que já está disponível em todo território nacional, promovendo o conhecimento e o consumo de alimentos mais saudáveis, valorizando a riqueza da biodiversidade. A emissão conta com seis selos de plantas alimentícias não convencionais: vinagreira, taioba, jambu, mangarito, ora-pro-nóbis e a bertalha.
O estilo das artes foi inspirado no Impressionismo, com sombras na cor violeta. Os selos trazem também, em microletras, o nome popular e científico da planta ilustrada. Com técnica de aquarela e arte de Lidia Marina Hurovich Neiva, a emissão tem tiragem de 96 mil selos. São 12 selos por folha e cada selo tem valor facial de 1º porte de carta (R$ 2,55). Os detalhes da emissão e as artes podem ser conferidos através do prospecto disponibilizado no site dos Correios para download.
A programação contemplou ainda o pré-lançamento do livro “Plantas Alimentícias Não Convencionais no território Zona Sul: identificação de espécies e usos de estruturas vegetativas”, realizado de forma conjunta entre o Campus São Lourenço do Sul da Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e a Embrapa Clima Temperado (RS). Conforme informaram os organizadores, objetivo do livro é popularizar o uso das Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) e divulgar as pesquisas nesse território sobre o assunto.
A obra detalha 20 espécies classificadas como prioritárias para o território, trazendo para cada uma delas, dicas para identificação, indicação de benefícios e orientações de preparo para o consumo, com, ao menos, uma receita para cada planta. Destinado a todos os públicos, o livro estará disponível nas versões impressa e digital. O material está ligado ao Pancpop, projeto de extensão da Furg, coordenado pela professora Jaqueline Durigon, que visa popularizar o uso e o conhecimento sobre essas espécies; e aos projetos já finalizados RestauraSul e Nexo Pampa, coordenados pelo pesquisador Adalberto Miura, da Embrapa Clima Temperado.
HortPANC segue para MG
“Esse é um momento que traz uma maturidade muito grande ao debate que nós já estamos travando há algum tempo através do projeto PANCPop e também com outras iniciativas”, explica a presidenta Jaqueline Durign. “O HortPANC trouxe uma solidez pela participação massiva de diferentes pessoas, de diferentes regiões, de diferentes realidades.”
A relação consolidada entre as instâncias da academia, representada por professores e alunos, da pesquisa científica, representada pela Embrapa e demais instituições do segmento, dos movimentos sociais e populares, das práticas desenvolvidas por culinaristas e entusiastas e das práticas realizadas por camponeses e camponesas de geração a geração permitem firmar certeza de que “o impacto vai ser muito positivo, a capilaridade vai ser muito grande a partir daquilo que a vimos e ouvimos nesses dias, acredito que vamos tocar vários subprojetos e ações no território com base no que iniciamos neste evento”, afirmou.
“Tenho aprendido muito com os agricultores e os estudantes e vejo que estamos cumprindo o papel social da universidade, que é atender às demandas das pessoas e construir novas demandas. Tem sido uma experiência maravilhosa e acho que para a cidade de São Lourenço também. Receber este evento com tantas pessoas de fora e tantas pessoas de referência. Sou muito agradecida por conduzir este processo”, agradeceu Durigon.
Ela destacou ainda que concomitantemente à realização do 7º HortPANC o projeto PANCPop da Furg/São Lourenço do Sul também chegou aos sete anos de existência, bem como se pode celebrar no evento os 15 anos da criação do acrônimo “PANC” e os 10 anos da publicação referencial de Valdely Kinupp, “Plantas Alimentícias Não Convencionais no Brasil”.
Ao final do encontro foi anunciada que a próxima edição do HortPANC acontecerá em julho de 2026, no estado de Minas Gerais. Detalhes do próximo evento deverão ser anunciados em breve.
“O que nós vivenciamos foi um dos pontos mais altos de um grande processo formativo e também de celebração de toda uma caminhada rumo a popularização das PANCs, a construção de novos modos de vida, de viver e de comer”, completou a presidenta.
O 7º HortPANC foi organizado pelo projeto PANCPop, Universidade do Rio Grande, Embrapa e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). São apoiadores a Capes, CNPQ, Centro de Nutrição Funcional, ISLA, MARéSS, Ineesol, CAPA, FLD, ABH, Ufrgs, SPAF, Koinós, MPA, Origem Camponesa, Cooperfumos, CoopeForte, Emater, Centro Ecológico, UFTPR e Prefeitura de São Lourenço do Sul.
Edição: Katia Marko/ BdF