Caso Braskem

Jovens do MST e famílias atingidas pela mineração fazem escracho na prefeitura de Maceió

Escracho em frente à prefeitura municipal da capital alagoana denuncia omissão da gestão no caso Braskem
Foto: MST em Alagoas

Por Anidayê Angelo
Da Página do MST 

Sururu na parede, peixes no chão e palavras de ordem denunciando o maior crime ambiental urbano do mundo. Foi assim que amanheceu a prefeitura da capital alagoana, Maceió, no Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho. A ação realizada pela Juventude Sem Terra de Alagoas em conjunto com famílias atingidas pela mineradora, denuncia a omissão da gestão municipal com o crime e seus desdobramentos diretos e indiretos com a população maceioense. 

Cartazes e falas denunciaram a extração irresponsável da sal-gema do solo que, anos depois, afundou 5 bairros de Maceió, sendo eles Pinheiro; Mutange; Bebedouro; Bom Parto e Farol, chegando a atingir, atualmente, cerca de 60 mil pessoas e mais de 14 mil imóveis, tornando essa região uma área fantasma, que lembra cenário de guerra.

O protesto na frente da prefeitura também aponta a necessidade da prefeitura de Maceió, sob o comando do prefeito João Henrique Caldas (PL), conhecido como JHC, se responsabilize pelas vidas atingidas. As famílias atingidas denunciam o acordo milionário da Braskem com a prefeitura que gerou uma indenização de R$1,5 bilhão, recebido em julho de 2023, e sua pouca transparência na aplicação do recurso com as necessidades da população afetada direta e indiretamente pelo caso.

Foto: MST em Alagoas

A indenização referente aos danos causados pela Braskem na cidade foi em parte aplicada na compra de um novo hospital na capital, o Hospital do Coração, um conjunto hospitalar privado que estava ainda em obras. A aquisição custou R$266 milhões do cofre público e gerou revolta da população pela agilidade na negociação, especialmente pela falta de transparência no processo que aplicou recurso que, inicialmente, deveria ser utilizado para as ações de compensação às vítimas e demais problemas estruturais, sociais e ambientais na capital.

Esse caso foi um dos temas da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Braskem que, encerrada em maio, teve seu relatório final aprovado e investigou o crime ambiental em Alagoas, suas relações políticas, aspectos econômicos, sociais e ambientais.

Mesmo sem apontar necessariamente a responsabilidade das gestões municipais no caso, o relatório final chegou a pedir indiciamento de empresas e 11 pessoas pela ação da mineradora em Alagoas.

Jornada em Defesa da Natureza

A mobilização de hoje em Alagoas integra a Jornada Nacional em Defesa da Natureza e seus Povos, que denuncia a emergência climática em todas as regiões do país entre os dias 1° e 8 de junho. Acusando o capitalismo como o principal agente do aumento dos eventos climáticos extremos e da destruição do meio ambiente, a Juventude Sem Terra aponta que estes acontecimentos são muito bem perceptíveis nas recentes chuvas que atingiram o estado do Rio Grande do Sul (RS). 

Foto: MST em Alagoas

A Jornada coloca como central também a defesa dos territórios sob controle dos povos, sejam esses indígenas, quilombolas, ribeirinhos, camponeses tradicionais e assentados e acampados da Reforma Agrária, mantendo o que já foi conquistado, avançando a luta e realizando a Reforma Agrária Popular. Afinal, como falou o poeta Pedro Tierra, “a liberdade da terra é assunto de todos que se alimentam dos frutos da terra’.

Desde março, a Juventude Sem Terra vem realizando uma série de atividades de estudo, agitação e denúncia em todo Brasil e, desde sábado (01/06), a 15ª Jornada da Juventude Sem Terra aponta a urgência enfrentada pela natureza.

Com o lema “Juventude em Luta, Por Terra e Soberania Popular”, a Jornada promove uma série de atividades voltadas para a preservação dos recursos naturais nos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária em todas as regiões do país, incluindo o plantio de árvores nativas e frutíferas; a organização e a formação dos jovens do campo.

*Editado por Fernanda Alcântara