Cooperação

Dirigente do MST participa de Seminário entre Brasil e China que discute combate à fome

Objetivo do Fórum é pautar a importância da Agricultura Familiar para a produção de alimentos, na cooperação entre os dois países
Comitiva brasileira presente no Seminário, ao centro o ministro do Departamento Internacional do Comitê Central do Partido Comunista da China, com dois ministros brasileiros ao lado do MDA e MDS. Foto: Departamento Internacional do PCCh

Da Página do MST

Como parte do esforço em trazer ao Brasil tecnologias com melhor custo e adaptadas para a Agricultura Familiar e os assentamentos de Reforma Agrária, na tentativa de amenizar a desigualdade tecnológica com o agronegócio e estimular a produção de alimentos saudáveis para o combate à fome, na última segunda-feira (03), o dirigente do Setor de Produção do MST na regional Amazônica, Elias Araújo participou do 2º Fórum & Diálogos Intersetoriais Brasil-China de Luta contra a Pobreza e pela Revitalização Rural, que acontece em Pequim, na China.

A intenção do Fórum é colocar na pauta da cooperação entre os dois países a importância da Agricultura Familiar como modelo de agricultura capaz de produzir alimentos saudáveis e combater a fome, mas que para isso precisa ser contemplado com a transferência de tecnologia e mecanização, afirma Luiz Zarref, coordenador para a América Latina da Associação Internacional para a Cooperação Popular (AICP), que também integrou a comitiva brasileira na participação do evento.

“O fórum tem como objetivo justamente pautar a Agricultura Familiar como elemento estrutural dos próximos anos da cooperação Brasil-China. Uma vez que, a única cooperação que tem nessa questão da agricultura é com o agronegócio. E não há nenhum tipo de construção mais estrutural de transferência de tecnologia e desenvolvimento comum entre os dois países. Mesmo na perspectiva de agroecologia e da produção de alimentos para soberania alimentar. Há única e exclusivamente a importação de commodities, e o agronegócio brasileiro, claro, nunca pauta coisas além disso”.

Cooperação entre Brasil e China já ocorre desde 2023, com maquinas para mecanização da agricultura familiar entregues no Rio Grande do Norte. Foto: Diógenes Nóbrega

Elias Araújo integrou a comitiva brasileira com representantes da Reforma Agrária e da Agricultura Familiar brasileira em visita ao país. O evento também contou com a participação de mais de 100 convidados, entre eles o chefe do Departamento das Relações Internacionais do Comitê Central do Partido Comunista da China (PCCh), Liu Jianchao.

“Essa delegação brasileira foi muito importante, representativa e com foco na luta contra a pobreza. Conhecer o processo de revitalização rural realizado na China é inspirador e estratégico para nós”, destacou Elias.

De acordo com o dirigente do Setor de Produção, a participação dos brasileiros reafirmou a necessidade de seguir aprofundando o debate com o Governo Federal, junto às organizações camponesas com objetividade, transparência e capacidade de fortalecer e estimular instrumentos que avancem no desenvolvimento do campo no país.

“Conhecemos a experiência e temos agora o desafio de ampliar o debate e as ações em torno da mecanização, do processo de transição de matriz produtiva e tecnológica para a realidade dos camponeses e camponesas no Brasil. Nesse aspectos as nossas organizações estão sendo necessárias e parceiras no fortalecimento dessa parceria e da construção dessas iniciativas”.

Também participaram da mesa de debates, como representantes do governo brasileiro os ministros Paulo Teixeira, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), que discutiu a questão da mecanização e tecnologia para a Agricultura Familiar, a partir do intercâmbio entre os dois países e Wellington Dias, do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), que falou sobre a importância da superação da fome e da pobreza no Brasil, como estratégia a ser construída conjuntamente entre Brasil e China.

A cooperação entre Brasil e China para a transferência de tecnologia e mecanização da agricultura familiar, voltada à diminuição dos custos da mão de obra na produção de alimentos saudáveis nas áreas de Reforma Agrária, deu seus primeiros passos após a eleição do Presidente Lula, em 2023. Em fevereiro deste ano ocorreu o Ato Público de Lançamento da Unidade Demonstrativa Brasil-China de Cooperação em Desenvolvimento Agrícola, na cidade de Apodi, região oeste do Rio Grande do Norte, para entrega de 29 máquinas agrícolas da China, adaptadas para o trabalho na Agricultura Familiar em assentamentos do MST.

Máquinas da China para Agricultura Familiar Camponesa. Foto: Diógenes Nóbrega

No fórum foram discutido temas como modernização agrícola, Agricultura Familiar, desenvolvimento brasileiro, programa Fome Zero, bioinsumos, agroecologia, soberania alimentar e neoindustrialização no Brasil, com a participação de universidades brasileiras e chinesas, pesquisadores, movimentos sociais, empresários e representantes governamentais, informa o site do MDA.

A atividade antecede o Encontro da Comissão Sino Brasileira de Alto Nível (Cosban), o principal órgão na cooperação entre Brasil e China. E está sendo organizado pelo Centro de Cooperação Econômica da China, um órgão do Departamento Internacional do Comitê Central, do Partido Comunista da China e a Universidade de Brasília (UnB), a partir da estratégia que vendo sendo articulada pelos movimentos sociais e entidades, nas construção do Centro Brasil-China para promoção da tecnificação e mecanização da Agricultura Familiar Camponesa, a Baobab e o Instituto Taihe.

Durante a viagem, os representantes da comitiva brasileira também participaram de reunião com autoridades e visitaram diversos locais, ligados à agricultura chinesa, entre elas uma reunião com Dilma Rousseff, ex-presidenta do Brasil e atual presidenta do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), Banco do Brics, além de visita a uma fábrica de máquinas, uma cooperativa e uma biofábrica.

*Editado por João Carlos