Produção de Alimentos

Ato político debate cadeia produtiva do leite em territórios da Reforma Agrária, no interior de SP

O Projeto Gir Leiteiro irá beneficiar os assentados por meio do melhoramento genético do gado de leite nas áreas de Reforma Agrária
Foto: Matheus Cordeiro

Por Coletivo de Comunicação do MST no Pontal do Paranapanema
Da Página do MST

Na última sexta-feira (19), aconteceu o ato político de lançamento de uma parceria entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), a partir da Secretaria de Abastecimento, Cooperação e Soberania Alimentar (SEAB/MDA), ABCGIL e as cooperativas da Reforma Agrária: COOPERCAMPO, COOPERARCA-ZM e COAPAR para o melhoramento genético do gado leiteiro.

O Projeto Gir Leiteiro tem o objetivo de beneficiar os assentados por meio do melhoramento genético do gado de leite através da transferência de embriões, resultando no aumento da produção de leite. Outro impacto do projeto é a formação técnica de médicos veterinários nestas regiões para acompanhamento e assistência técnica para as famílias assentadas. 

O lançamento aconteceu em evento realizado no assentamento Gleba XV de Novembro, no município de Euclides da Cunha Paulista, no interior de São Paulo e reuniu cerca de 350 pessoas. Além de assentados e assentadas da região de outros dez estados brasileiros, também participaram o ministro Paulo Teixeira do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA); o Diretor do Campus Lagoa do Sino da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Prof. Alberto Carmassi; o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), César Aldrighi, a Superintendente do INCRA em São Paulo, Sabrina Diniz; a secretária de Abastecimento, Cooperativismo e Soberania Alimentar (SEAB), Ana Terra Reis e a Gerente Executiva do Banco do Brasil, Monica Reis.

Foto: João Gabriel Menezes

A atividade é um passo importante na articulação entre os movimentos sociais e a academia, ressaltando o papel social que cumpre as Universidades públicas. Conforme aponta o Prof. Alberto Carmassi, um dos principais papéis da Universidade, da ciência, é promover relações mais justas na sociedade. “Esse tema se torna mais relevante quando a gente está falando da produção de alimentos na agricultura familiar e em áreas de Reforma Agrária. O projeto Gir Leiteiro atua justamente nesse âmbito. Então a gente está falando de melhorar a renda, na propriedade, melhorar a qualidade do produto, agregar valor nesse produto e produzir alimentos. Garantir mais segurança alimentar nas áreas de Reforma Agrária e fomentar a agricultura familiar”.

O pesquisador também explica que a implantação do Campus Lagoa do Sino da UFSCar se baseou em três eixos norteadores: a promoção da agricultura familiar, soberania e segurança alimentar e o desenvolvimento territorial sustentável. Então esse projeto Gir Leiteiro, alavanca todos esses nossos pilares. A gente está trabalhando a questão da segurança alimentar dentro da propriedade e melhorando a qualidade da alimentação no entorno, além de aumentar a renda da família. Estamos também promovendo a sustentabilidade, já que melhorando o mérito genético dos animais aumentamos a eficiência de todo sistema de produção.

Fotos: Eduarda Prado

O Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do MST tem feito o esforço de mapear e identificar as experiências de produção de leite organizadas com base no princípio da cooperação. Os dados apontam que existem 28 cooperativas que trabalham diretamente com leite, em 13 estados onde o leite é a principal fonte de renda das famílias assentadas. Isso demonstra, portanto, que a produção de leite é uma das principais atividades de geração de renda das famílias assentadas e tem potencial de promover o desenvolvimento regional.

É com essa preocupação que surge o projeto Gir Leiteiro, a partir da necessidade de melhoria da capacidade genética de vacas de leite para aumentar a produção e avançar na geração de renda das famílias. O projeto está sendo desenvolvido em três regiões em que a produção leiteira representa impacto no desenvolvimento regional: Pontal do Paranapanema e Andradina, no interior de São Paulo, e na Zona da Mata, em Minas Gerais.

“Esse projeto representa um passo importante no diálogo que o MST pauta há muitos anos com as Universidades, de chamar as Universidades para buscar juntos soluções para os problemas da sociedade. Esse conhecimento que está sendo produzido nas Universidades precisa chegar até as comunidades, e o Governo Federal aponta um caminho correto no incentivo para esses pesquisadores/as continuarem investindo nesses projetos. Isso é política pública e vamos continuar lutando por elas. O Pontal do Paranapanema é um território da Reforma Agrária, aqui existem 7 mil famílias assentadas que vivem da produção familiar, essas políticas públicas precisam atingir essas famílias”, afirma Claudete Pereira, da Direção Nacional do MST sobre a finalidade do projeto.

Foto: João Gabriel Menezes
Foto: Diógenes Rabello

Como parte do ato político, o MST recebeu o ministro e demais autoridades presentes para um café da Reforma Agrária, ocasião em que ocorreu a entrega da pauta da Reforma Agrária na região do Pontal do Paranapanema e um manifesto dos representantes das cooperativas com estratégias para o fortalecimento da cadeia produtiva do leite.

O ato contou também com a demonstração do procedimento de transferência de embriões em vacas, parte estruturante do projeto que foi realizada durante essa semana em alguns assentamentos dos municípios de Euclides da Cunha Paulista e Mirante do Paranapanema. Após as falas de autoridades, os participantes puderam desfrutar de um almoço coletivo e confraternização.

*Editado por Solange Engelmann