Formação Política

MST realiza Curso Nacional de Dirigentes

Cerca de 70 militantes Sem Terra se reúnem na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, SP, para um mês de formação para o trabalho de base
Foto: MST

Da Página do MST

Desde o último dia 28 de julho até o próximo dia 24 de agosto, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) realiza o Curso Nacional de Dirigentes do MST, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema, São Paulo. A formação reúne militantes que passaram pelas etapas regionais da Brigada Oziel Alves.

O curso busca qualificar, cada vez mais, a atuação política e de organização do Movimento na formação política e trabalho de base em nível nacional, abrangendo a formação de mais de cem militantes oriundos de todas as grandes regiões do Brasil. A programação tem como referência o debate da atualização do Programa de Reforma Agrária Popular, elaborado pelo MST.

A ideia é formar dirigentes com capacidade de debater estratégias e desenvolver práticas necessárias para a realização da Reforma Agrária Popular, na perspectiva da luta pela terra, da formação política e do desenvolvimento dos acampamentos e assentamentos, a partir da construção de relações humanas emancipadas.

Com esses objetivos, o enfoque de método da formação busca construir suas intencionalidades articuladas a partir de debates teóricos, oficinas, vivências, práticas, estudos, reflexões e elaborações, coletivas e individuais.

Como parte do processo formativo da Brigada Oziel Alves, esta etapa busca construir uma unidade nacional dessa iniciativa e ir aprofundando os temas que foram sendo abordados ao longo das primeiras etapas de formação, explicou Vanessa Aguiar Borges, integrante da Coordenação Política-Pedagógica (CPP) do curso. A militante conta que “a Brigada tem como objetivo, desde seu princípio, formar pessoas que possam assumir de forma mais protagonista, a direção dos processo formativos e políticos do nosso Movimento”.

O curso é construído a partir de quatro eixos, um por semana, considerando uma programação que aborda temas sobre o materialismo histórico dialético; as relações humanas e emancipação, a questão agrária e teoria da organização.

A partir destes quatro eixos, queremos articular aulas teóricas e expositivas, debates em grupo, leitura de textos, além das linguagens e expressões artísticas que trabalhamos dentro do Movimento”, explica Borges.

A partir dos temas destes quatro eixos, serão abordadas transversalidades e interseccionalidades de debates sobre o patriarcado, o racismo, a diversidade sexual e de gênero; entre outras pautas que são importantes para as organizações populares e para todo o conjunto da sociedade.
Adaltair Beiger, educando do curso, é assentado no Rio Grande do Sul, no município de São Gabriel, e destaca que a formação trás o aprofundamento do conhecimento coletivo e o fortalecimento da luta pela Reforma Agrária, “é um curso interessante, aprendemos muitas coisas novas, é importante estarmos sempre em constante aprendizado”, declara.

Brigada Nacional Oziel Alves

A Brigada Nacional Oziel Alves foi criada em 2023, em um processo intenso de formação política que o Movimento se desafiou a desenvolver. Desde seu início, foram realizadas seis turmas de educandos que reuniram mais de 600 militantes em formação da Brigada Nacional Oziel Alves. A partir de cursos com base na Pedagogia da Alternância, que é um modelo da Educação Popular no Campo – já foram desenvolvidas quatro etapas, alternando Tempo-Escola com o Tempo-Comunidade; em que a formação prioriza a absorção da atuação teórica aliada à prática nos territórios.

O nome da Brigada foi escolhido pelo MST em homenagem póstuma ao jovem militante Oziel Alves, que foi um grande lutador e agitador de massas no Pará, e se eternizou como símbolo de resistência para a juventude e todo o conjunto das famílias Sem Terra. Lamentavelmente, a vida de Oziel foi ceifada à mando de latifundiários, e ele se tornou um dos mártires do Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em 1996, no Pará – quando 21 Sem Terra foram assassinados pela polícia militar, enquanto marchavam na BR-155 reivindicando Reforma Agrária.

*Editado por Fernanda Alcântara