Cultura e Arte
A raiz da arte em madeira que é sucesso nas Feiras da Reforma Agrária do MST, em AL
Por Anidayê Angelo
Da Página do MST
No coração do Sertão de Alagoas, o assentamento Sepé Tiaraju, localizado no município de Pão de Açúcar, completa 22 anos de luta e resistência desde a sua primeira ocupação, em 2024. Atualmente, o assentamento é lar de 15 famílias que têm transformado o solo sertanejo em uma fonte de vida e sustento por meio do artesanato em madeira, da apicultura e da agricultura de subsistência.
Ocupando uma área onde antes havia terras improdutivas, as famílias assentadas dedicam-se à produção que reflete a diversidade do trabalho no campo. A apicultura, por exemplo, tornou-se um dos principais pilares econômicos da comunidade, garantindo a produção de mel que sempre conquista espaços na Feira da Reforma Agrária do MST, que ocorre anualmente, na capital Maceió.
“Eu vejo a força da luta, do nosso povo na bandeira do MST”, destaca Edinilza, conhecida como Neuza, assentada que é zeladora da bandeira e do belo letreiro da entrada do assentamento. “Eu me sinto desprevenida vendo essa estrada sem a bandeira hasteada, é o espelho do assentamento, nosso símbolo de respeito à terra e o que ela pode nos oferecer”.
Além da apicultura, o artesanato em madeira também é uma das principais fontes de renda do assentamento. As famílias produzem peças que carregam em si o saber popular, passado entre as pessoas da comunidade, que representam a cultura sertaneja e a vida no campo. Passarinhos, cobras, lagartos e esculturas diversas tomam forma nas produções em madeiras.
“As primeiras peças que vendi foi na Feira da Reforma Agrária, em Maceió. Fiz duas cadeirinhas lixando na mão, levei para lá e vendi. Com o dinheiro que consegui, comprei uma lixadeira e nunca mais parei”, conta o artesão Cleciano, conhecido como Boró, que já realiza esse trabalho há mais de 18 anos e pretende marcar presença mais uma vez na 23ª edição da Feira este ano.
“A maioria das peças a natureza já mostra o que ela pode ser, nós só fazemos dar o acabamento. Outras maiores, o rio traz a madeira que cai dos temporais de ventos e nós transformamos em bancos, cadeiras e outros móveis.” Relatou Boró, enquanto mostrava o seu ateliê, com peças que vão para diversas regiões do Brasil.
Lucimário, conhecido como Cinho, é outro artesão que torna a madeira em belos bailarinos e cadeiras. Sua companheira Laine também participa do processo, esculpindo colares de bonequinhos e realizando a pintura das peças. O casal de artesão também se prepara para estar na 23ª Feira da Reforma Agrária do MST em Alagoas, que acontece de 4 a 7 de setembro, na Praça da Faculdade, em Maceió.
*Editado por Solange Engelmann