Educação do Campo
MST e Instituto Federal de São Paulo realizam aula inaugural do curso apoiado pelo Pronera
O curso conta também com a parceria da Unesp de Marília e do Incra de São Paulo. O curso reúne 60 educandos de seis Estados brasileiros, que participaram da aula inaugural na Escola Popular Rosa Luxemburgo, em Agudos

Por Coletivo Estadual de Comunicação do MST SP
Da Página do MST
No último período o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem feito um grande esforço de estudos, balanços e debates sobre o momento que estamos vivendo e os desafios que estão colocados para a formação da nossa base social, do conjunto da classe trabalhadora e suas lutas.
A formação política se coloca como elemento central na leitura da realidade para o enfrentamento dos desafios do momento histórico em que vivemos. Para alcançá-la, é fundamental qualificar as ações políticas que desenvolvemos nos territórios e diferentes espaços do movimento, incluindo os desafios internos, projetando a formação contínua dos nossos militantes.
Contribuindo nesse processo, o Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera) se coloca como uma ferramenta importante na formação dos trabalhadores e das trabalhadoras do campo, permitindo a formação acadêmica em todos os níveis de escolaridade.
A retomada do Pronera, política pública que foi fragilidade durante o último governo, nos coloca perante o acirramento das contradições econômicas, políticas e sociais em que as garras da financeirização da educação se colocam como um dos principais problemas que impedem o avanço da educação pública no Brasil, no contraponto à dominação das empresas transnacionais.
Para o MST, o Pronera é uma ferramenta estratégica para a edificação do projeto popular camponês fundado na agroecologia e na Reforma Agrária Popular e, fundamentalmente, no avanço da proposta de educação para a Reforma Agrária. Nesses 25 anos de existência, tem resultado na formação de técnicos, extensionistas, licenciados, bacharéis e pós-graduandos, através da formação de professores e professoras.
Trabalho associado, educação, agroecologia e luta anticapital

É neste sentido que no último final de semana, 24 e 25 de agosto, foi inaugurado o curso “Trabalho Associado e Educação para além do capital na América Latina”, na Escola Popular Rosa Luxemburgo, no assentamento de mesmo nome, município de Agudos (SP).
“A luta pelo Pronera nos coloca perante o acirramento das contradições econômicas, políticas e sociais. A realização deste curso não pode ser diferente, pois traz presente que o Pronera é uma ferramenta estratégica para edificação do projeto territorial camponês fundado na agroecologia e na Reforma Agrária Popular”, aponta Daiane Ramos, da direção estadual do Setor de Educação do MST.
Elaborado e apresentado ao Pronera em 2016 pela Faculdade de Filosofia e Ciência, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP/campus de Marília) e, embora aprovado, pela condição de um governo que não investiu em políticas públicas para o campo e para a educação, não foi possível executá-lo na época. O projeto foi retomado em outubro de 2020, quando vislumbrou-se a possibilidade de reapresentação por meio do Instituto Federal de São Paulo, campus de São José dos Campos.
Para a Profa. Mirella Souza, “Precisamos pensar que esse curso vem sendo desenhado pelos Movimentos Sociais, Unesp e Pronera/INCRA desde 2016, sendo o Instituto Federal de São Paulo presenteado com essa proposta em 2020. Ou seja, a data de 24 de agosto de 2024 marca o início do curso e a concretização de um projeto cuja luta resiste há pelo menos oito anos. Falar de um curso dessa temática, no âmbito do Pronera e acontecendo em uma área de reforma agrária, em um escola do MST, é falar da importância da educação e das relações de trabalho para a transformação da vida e da sociedade, em busca de uma sociedade mais justa, equitativa e autogestionária”.
O curso, que segue a Pedagogia da Alternância, acolhe educandos de SP, CE, RJ, PR, MG e DF. O corpo docente é composto por professores mestres e doutores do IFSP, da Unesp Marília, Unesp de Presidente Prudente e da UFSCar.
*Editado por Fernanda Alcântara