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Cachaça da Reforma Agrária: conheça os sabores e histórias na Feira do MST em Alagoas

Diversidade do produto movimenta a Feira da Reforma Agrária, na Praça da Faculdade e atrai olhares dos visitantes
Marinalva de Aguiar, assentada conhecida como Nalva produz cachaças e licores. Foto: Mykesio Max

Por Julia Neves
Da Página do MST

As cachaças, bebidas tão conhecidas nacionalmente, não poderiam ficar de fora dos itens que estão à venda na 23° Feira da Reforma Agrária em Maceió, Alagoas. O processo de produção desse produto pode ser carregado de peculiaridades, seja pelas etapas de fabricação, às vezes, feitas com algum ingrediente inusitado ou até pelas histórias que estão por trás da bebida, afinal o segredo de uma boa cachaça ou licor é a receita passada de uma geração para outra. E a Feira do MST está regada da diversidade dessas bebidas.

Confira alguns sabores e histórias das cachaças vendidas pelos feirantes em Maceió:

Diretamente de Olho D’água do Casado, com sua marca APNE: Licores Artesanais, Cláudia do Nascimento, do assentamento Nova Esperança, produz licores de frutas de época da região, principalmente o tamarindo. O licor da fruta, com seu sabor doce e cítrico, faz sucesso na boca de quem prova.

Claúdia diz que produzir os licores é um processo que leva tempo. “O tamarindo é uma fruta típica do Sertão. A gente precisa pegar a fruta, descascar, colocar em um recipiente fechado com a bebida alcoólica e deixar apurando por dois ou três meses”, explicou.

Assentada Cláudia do Nascimento. Foto: Mykesio Max

O processo de “apuramento” da bebida é importante para que o sabor e o aroma fiquem mais concentrados, mas Cláudia conta que há a possibilidade de agilizar esse processo. “Se quiser, dá pra fazer ele enterrado. Coloca a fruta com a bebida dentro de uma garrafa, enterra ela e dentro de 15 ou 20 dias está pronto”, comentou ela.

As frutas regionais também são as estrelas das cachaças e licores feitos por dona Marinalva de Aguiar, vinda do assentamento Pé de Serra, localizado na cidade de Joaquim Gomes. Sua banca possui licores com gostos excêntricos e únicos, como licor de jenipapo, umbu e araçá.

“Para fazer o licor de jenipapo, eu preciso prensar a fruta para sair só o suco, coloco no fogo até ferver e tiro a espuma que fica. Depois tenho que misturar com o mel e a cachaça”, disse.

Além disso, Dona Nalva, como é conhecida, tem a famosa cachaça temperada que consiste em uma mistura de raízes e especiarias como cravo, canela e gengibre.

Fotos: Mykesio Max

A Feira conta com sabores para todos os gostos e para quem gosta de frutas mais conhecidas, na banca de Janileide dos Santos, residente de Jequiá da Praia, é possível encontrar licores de frutas mais populares como o abacaxi, o caju ou a jaca.

“Produzimos tudo artesanalmente, com frutas e raízes. Tem abacaxi com hortelã, anis estrelado… Passam seis meses engarrafados para ficarem mais saborosos”, concluiu.

Essas e outras delícias estão disponíveis na 23ª Feira da Reforma Agrária, organizada pelo MST em Alagoas até o próximo sábado (7). Reunindo cerca de 150 feirantes, a Feira tem a expectativa de comercializar 500 toneladas de alimentos durante toda a programação, com produtos vindos de todas as regiões do estado.

*Editado por Solange Engelmann