Agricultura Camponesa
Feira da Reforma Agrária movimenta Maceió e recebe apoio da sociedade
Foto: Maria Clara Gomes
Por Cheina Ferreira
Da Página do MST
A 23ª edição da Feira da Reforma Agrária de Alagoas, ocupa Maceió até este sábado (7), com a comercialização de produtos, Restaurante Popular e “Festival do MST, por Terra, Arte e Pão!”, com atrações culturais gratuitas durante a noite.
Promovida pelo Movimento Sem Terra, a Feira conta com centenas de barracas da Praça da Faculdade, expressando a produção dos camponeses e camponesas de todo o Estado alagoano. E chega a seu quarto e último dia de atividades, com programação intensa e comercialização de alimentos, que tem reunido milhares de pessoas todos os dias.
Dos que vieram para aproveitar o cardápio do Restaurante Popular, aos que vieram para celebrar no Festival do MST ou encher a sacola com suas compras, uma coisa é certa: Maceió abraçou a Feira da Reforma Agrária do MST!
Foto: Ana Cecilia Oliveira
Ana Luz, moradora do Trapiche, região onde a Feira acontece todos os anos, tem 80 anos e não esconde seu afeto ao falar da Feira:
“Eu amo essa Feira, quando não venho, fico triste, acho o pessoal bondoso, amoroso, maravilhoso”, explicou.
Ana ressaltou que ao vir na Feira lembra de suas amizades de infância e compra produtos para dar de presente. Acompanhada de sua filha, confessou que até almoça mais rápido nos dias da Feira, só para ir logo à Praça da Faculdade.
Vindo de Marechal Deodoro, cidade vizinha de Maceió, Sérgio, jovem de 27 anos, mora no Francês, localizado no Litoral Sul de Alagoas e também fala com entusiasmo da Feira do MST:
“A localização é muito boa, eu moro no Francês e nem sabia que já estava acontecendo a Feira, quando eu passei na van e vi, já desci para comprar as coisas aqui mesmo e aproveitar para usufruir dos produtos”.
Sérgio contou que ouviu falar do MST aos 15 anos, mas apenas aos 20 foi que compreendeu o impacto que o Movimento tem na sociedade como um todo e que através das ações que são realizadas, foi possível mudar sua visão de que os assentados e acampados da Reforma Agrária são invasores, marginais, que foi e continua sendo implantada pelos latifundiários e grande mídia. “A Feira mostra o que é produzido, você tem a oportunidade de saber como essas pessoas vivem, como elas sobrevivem, da produção e como a forma dessa produção reflete na qualidade dos produtos”.
Foto: Ana Cecilia Oliveira
Brenda, de 29 anos, teve a oportunidade de conhecer o MST ainda em seu estado, Minas Gerais, e fez questão de prestigiar a Feira em Alagoas, destacando a contribuição do momento para ter acesso à comida de qualidade e Segurança Alimentar, uma vez que, a origem dos alimentos em Maceió que chegam nos mercados convencionais, é muito duvidosa e a Feira tem o papel de suprir essas demandas, além de dar uma cara para o Movimento.
“Você começa a enxergar as pessoas que estão por trás das barracas, né? A Feira tem a função de humanizar a população, pois o comprador começa a se relacionar com o agricultor e eu sempre me surpreendo quando ouço eles falarem de suas vivências e o envolvimento com terra”, comentou a mineira.
Pelos corredores da Feira, fica evidente que a relação dos que visitam e vem adquirir os produtos da terra vai além da mercadoria exposta para comercialização, é estabelecido um vínculo com os assentados e acampados, construindo uma relação de afeto e companheirismo, aproximando amigos, familiares, trazendo de volta às lembranças e fortalecendo a característica da unidade e comunidade.
“A Feira não pode acabar nunca, com certeza é até terapia, se os produtores produzem mais, eles trazem mais, ela tem que continuar”, comentou Maria Cícera, de 50 anos durante sua visita na Praça da Faculdade.
Quem passa pela Feira da Reforma Agrária, não se contenta em ir apenas uma vez, fazendo então da Praça da Faculdade seu ponto de parada obrigatório a cada ano, para comer, beber, brincar, dançar e cuidar da saúde. É a realidade do campo, sendo exposta na cidade! Coisas que só a Feira da Reforma Agrária têm!
*Editado por Lays Furtado