Dia da Árvore
Programa Agroecológico do MST vai reflorestar 2 mil hectares no Vale do Rio Doce
Por Agatha Azevedo
Da Página do MST
Envolvendo as famílias Sem Terra de seis assentamentos da reforma agrária, localizados nos municípios de Periquito, Santa Maria do Suaçuí, Jampruca, Campanário, Resplendor e Governador Valadares, o MST iniciará no dia 21 de setembro, Dia da Árvore, o plantio de 2 mil hectares em áreas de Reserva Legal e de Preservação Permanente das famílias assentadas. Visando a restauração florestal dos assentamentos da região, será utilizada a metodologia de plantio através da muvuca de sementes nas áreas que já se encontram com os solos preparados e adubados.
Segundo Henrique Samsonas, do Setor de Produção e Meio Ambiente, “essa forma de plantio é uma alternativa que tem demonstrado bastante resultado, pois permite a antecipação dos plantios, aumentando a quantidade de áreas plantadas ao longo do ano num menor custo. Além disso, o plantio em larga escala de muvuca de sementes na Bacia do Rio Doce permitiu a criação de uma rede de sementes que tem gerado renda principalmente as famílias assentadas, aos povos indígenas e quilombolas”, explica.
A ação faz parte do Programa Agroecológico de Recuperação da Bacia do Rio Doce, que já construiu 150 barraginhas (tecnologia para captar água da chuva para abastecer o lençol freático) e 59 biodigestores (equipamento que garante o tratamento do esgoto do banheiro nas áreas rurais).
Como parte do projeto político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que visa a construção de territórios reflorestados e agroecológicos para produzir vida e alimento saudável para o povo brasileiro, e em conjunto com a ação nacional do Movimento, que irá plantar 100 milhões de árvores até 2030, o MST estruturou o Programa Agroecológico de Recuperação da Bacia do Rio Doce.
A partir do rompimento da barragem de Fundão, em novembro de 2015, o MST compreendeu que, para além de denunciar a mineração predatória e degradante para o meio ambiente e para as pessoas, era tarefa das famílias sem terra recuperar e preservar seus territórios.
O objetivo é recuperar, reflorestar, capacitar e prestar assistência técnica aos atingidos pelo crime. Pautado nos princípios agroecológicos, do cooperativismo, do não uso de veneno, da construção de novas relações entre os seres e de novos valores e práticas de cuidado com os recursos naturais, bens comuns, o Movimento construiu três linhas de atuação: a educação, através de cursos de formação técnica; a produção de alimentos saudáveis; e o reflorestamento.
Com a crise ambiental se acirrando e a qualidade do ar se tornando cada vez mais precária, plantar árvores é a única forma de garantir a vida. As incessantes queimadas pelo país estão deixando nuvens de fumaça no céu e em alguns lugares já estão acontecendo chuvas de fuligem, que são a mistura entre a água e os resíduos das queimadas.
Para Edilene Santos, da direção do MST no Vale do Rio Doce, o Programa fortalece a vida saudável no campo, desde a produção e geração de renda, até a reparação ambiental e educação em torno da agroecologia. “Desde 2019 a gente discute esse Programa, pensando na assistência das famílias atingidas, e a recuperação de todo o território atingido. Essa é a nossa tarefa. Aprender como manejar a agricultura nos locais atingidos, fazer a reparação ambiental e formar o povo. Isso é reforma agrária popular”, afirma.
*Editado por Fernanda Alcântara