Informe Conjuntura Internacional
Um ano de genocídio televisionado
Por Setor de Internacionalismo
Da Página do MST
Há exatamente um ano, no dia 7 de outubro de 2023, o exército de Israel iniciou mais uma operação genocida contra a população palestina na Faixa de Gaza.
Nos últimos doze meses mais de 41.000 palestinos foram assassinados pelo estado sionista de Israel na Faixa de Gaza, dos quais cerca de 70% são mulheres e crianças. Praticamente toda a população de Gaza foi deslocada de suas casas e aldeias nesse período. É o maior número de assassinatos de jornalistas, profissionais de saúde e trabalhadores humanitários da história.
A Unidade de Investigação da Al Jazeera produziu o filme “Investigando crimes de guerra em Gaza”, que expõe os crimes de guerra israelense na Faixa de Gaza através de fotos e vídeos publicados online pelos próprios soldados israelitas. O filme também conta a história da guerra através dos olhos de jornalistas palestinos, defensores dos direitos humanos e residentes comuns da Faixa de Gaza, e expõe a cumplicidade dos governos ocidentais.
Como diz a escritora palestina Susan Abulhawa “O Ocidente não pode se esconder, não pode alegar ignorância. Ninguém pode dizer que não sabia”.
Por outro lado, outubro marca também um ano de vitórias da Resistência heroica de Gaza. Para Sayid Marcos Tenório, historiador e vice-presidente do Instituto Brasil-Palestina (Ibraspal), “Israel não está conseguindo e nem conseguirá derrotar as forças da Resistência na Palestina, no Líbano e na região, apesar do apoio incondicional dos EUA”.
Sayid reforça que “a luta do povo palestino contra a ocupação colonial sionista não começou em 7 de outubro”, mas “se trata de uma luta que remonta a 105 anos, aqui incluindo os 30 anos do colonialismo britânico, que criou as bases e forneceu armas e infraestrutura para a Nakba e a ocupação colonial sionista da Palestina, que já dura mais de 76 anos.”
A ativista palestina residente no Brasil, Rawa Alsagheer, também reafirma a legitimidade da resistência palestina contra a ocupação colonial israelense, assim como sempre foram legitimas todas as resistências anti-coloniais ao longo da história, inclusive no Brasil. “De Zumbi de Palmares até a Palestina de hoje, povos colonizados, ocupados e oprimidos resistem. Estigmatizar a resistência é só mais uma desumanização.”
Rawa está também no podcast Internacionalizemos a Luta deste mês.
As várias guerras imperialistas
Em tempos de guerras híbridas, a agressão militar aberta não é a única forma de guerra empreendida pelo imperialismo contra os povos do mundo.
O correspondente do Brasil de Fato em Cuba, Gabriel Vera Lopes, caracteriza os bloqueios econômicos impostos a países em resistência ao capitalismo, como Cuba e Venezuela, como “guerras (não) declaradas”.
Para Tamara Velázquez López, diretora de comunicações do Instituto Cubano de Amizade com os Povos, o bloqueio “é uma política de cerco para isolar Cuba de todas as formas possíveis. Isolamento econômico, social, cultural e político”. “É uma política que busca punir um povo que decidiu, por vontade própria, construir uma revolução socialista diante do maior expoente do capitalismo, que é justamente o imperialismo norte-americano”.
Hegemonia Ocidental em decadência?
Para Jeffrey D. Sachs, o que está por trás de todas as guerras e crises que estamos vivendo hoje é “a obsessão das potências eurocêntricas em manter sua supremacia a qualquer custo.”
Na opinião de Sachs, o Ocidente já perdeu sua hegemonia mundial, e nenhuma vitória militar, avanço tecnológico ou alavancagem econômica vai restaurar essa hegemonia nos próximos anos.
Afinal, será que chegamos a um mundo “além da hegemonia”?
E a nossa América?
O professor José Luis Fiori não tem uma análise muito positiva da situação da América do Sul nesse momento histórico. “A América do Sul se apresenta hoje sem unidade e sem qualquer tipo de objetivo estratégico comum capaz de fortalecer seus pequenos países e orientar a inserção coletiva dentro da nova ordem mundial”.
Ele alerta ainda que “nesse contexto, não é improvável que os Estados Unidos voltem a meter os pés pelas mãos transformando o continente sulamericano — uma vez mais — em um palco secundário de suas guerras globais, utilizando-se agora da Venezuela para repetir o que fizeram durante a Guerra Fria, quando utilizaram a Revolução Cubana como motivo para acabar com as democracias sulamericanas.”
Aniversário da Revolução Chinesa
No mês do aniversário da Revolução Chinesa, Tings Chak e Vijay Prashad, do Instituto Tricontinental, trazem a importância da Reforma Agrária e da alfabetização em massa no processo de transformações inaugurado em 1º de outubro de 1949, com a criação da República Popular da China.
*Editado por Fernanda Alcântara