Direitos Humanos

Macaé Evaristo se reúne com direção do MST: ‘A luta por terra faz parte de um processo que educa o Brasil’

Ministra dos Direitos Humanos esteve nesta quinta (17) na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP)
No encontro, Evaristo ressaltou a importância de dialogar com o MST. Foto: Sara Sulamita/MST

Por Gabriela Moncau
Do Brasil de Fato

A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania (MIDH), Macaé Evaristo, se reuniu com a direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) nesta quinta-feira (17). O encontro, realizado na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP), tratou, entre outros temas, da violência contra defensores de direitos humanos no campo e da necessidade do avanço das políticas de reforma agrária.

Evaristo ressaltou a importância de dialogar com o MST. “É um movimento que está fazendo 40 anos e tem uma pauta fundamental para o nosso país, que é a luta pelo direito à terra, pelo direito à moradia, por uma concepção do uso social da terra. E pensar isso é pensar os direitos humanos”, afirmou ao Brasil de Fato. “A luta pelo direito à terra também faz parte de um processo que educa o Brasil”, resumiu.

A agenda entre a ministra e o MST aconteceu horas depois que, no Paraná, indígenas Avá-Guarani foram alvo de ataques de fazendeiros; e menos de uma semana após o assassinato de dois trabalhadores sem-terra pela Polícia Civil do Pará.

A ministra ressaltou que o tema da violência no campo tem destaque na sua agenda. “Desde que entrei no ministério, tivemos casos graves de violência no campo e conversamos sobre essas questões: mecanismos que podemos utilizar e aprofundar para fazer com que as pessoas possam viver no campo com tranquilidade”, disse, ao citar o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH). O programa atualmente atende 1.245 pessoas, em todos os estados do Brasil.

Educadora de Minas Gerais, Macaé Evaristo tomou posse no fim de setembro após a exoneração de Silvio Almeida. Ao chegar na ENFF, no meio da tarde, participou do plantio de um Ipê e conversou, em reunião fechada, com alguns dirigentes do MST. Dali, partiu para o plenário, onde participou de um encontro com a direção nacional do movimento e falou sobre os desafios da pasta.

“Se a nossa democracia faz com que a nossa luta seja motivo da gente perder a vida, a gente não pode dizer que nós temos democracia plena no nosso país”, declarou Macaé aos militantes sem-terra.

Durante a visita à escola, a ministra plantou um Ipê. Foto: Gabriela Moncau/Brasil de Fato

O racismo teve destaque na fala da ministra. “Se criou uma pecha de que quando a gente está falando de direitos humanos, a gente está defendendo bandido. É importante a gente olhar para essa frase e compreender o que é isso na história política e social do nosso país”, seguiu a ministra. “Quem são os primeiros que foram chamados de bandidos nesta terra, pós abolição da escravatura, quando não teve reforma agrária, quando não teve direito à educação, quando não teve direito à saúde para a população negra que foi escravizada por mais de 300 anos? Fomos nós, a população negra”, disse Macaé Evaristo.

Ayala Ferreira, da direção do MST, explicou que o encontro com a nova integrante do alto escalão do Executivo faz parte do “reconhecimento do movimento do papel que ela pode exercer neste atual momento do governo Lula no Ministério dos Direitos Humanos e envolvê-la no que nós consideramos pautas importantes de o ministério assumir”.

“Por exemplo, o tema dos defensores e defensoras de direitos humanos e ambientais, que têm vivido muitas ameaças, e o tema da criminalização, que tem sido recorrente, sobretudo por essa bancada ruralista vinculada à extrema direita”, elencou Ayala.

Edição: Nicolau Soares/ BdF