Internacionalismo
Informe Conjuntura Internacional: A Venezuela volta a ser manchete
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Da Página do MST
Dessa vez, as notícias giram em torno da participação do Presidente Nicolás Maduro na XVI Cúpula do BRICS, realizada em Kazan, na Rússia, de 22 a 24 de outubro de 2024. Apesar da Venezuela não fazer parte dos BRICS, Maduro foi a Kazan por convite do presidente russo, Vladimir Putin, e esperava-se um convite formal para que a Venezuela viesse a fazer parte da associação na categoria de “Estados parceiros”, visando a uma futura expansão dos BRICS.
O que chama a atenção nessa história toda foi exatamente a posição do Governo Brasileiro, de veto para a entrada do país no BRICS. A pergunta que se faz é: o que leva o governo Lula a manter o veto que o ex-presidente Jair Bolsonaro aplicou durante anos ao país?
A explicação de Celso Amorim é de que a “confiança com a Venezuela foi quebrada”, uma vez que o que o “governo Maduro ‘fez promessas que nunca cumpriu’, em relação à entrega das atas da eleição presidencial de 28 de julho”.
Mais uma vez, as atas… O governo brasileiro segue nessa toada de despeito à soberania Venezuelana…
Mas há quem discorde dessa explicação simplista. Como diz Valter Pomar, adotar a ‘confiança’ como critério na política internacional é, no mínimo, pouco apropriado. Mas há quem acredite nesta teoria da “quebra de confiança”.
Já a página Misión Verdad apresenta um motivo muito mais coerente com a complexidade das disputas geopolíticas. Para eles, “o Brasil tem interesse em ser único membro latino-americano e, ao mesmo tempo, protege o monopólio na condução dos assuntos regionais em relação ao resto dos poderes do bloco”.
A resposta do Governo Venezuela foi cirúrgica. Em nota da Chancelaria Venezuelana, a medida reproduz o “ódio, a exclusão e a intolerância” que foi promovida contra os venezuelanos na última década a partir dos “grandes centros de poder”.
E continua: “O povo venezuelano sente indignação e vergonha com esta agressão inexplicável e imoral do Itamaraty, mantendo a pior das políticas de Jair Bolsonaro contra a Revolução Bolivariana fundada pelo Comandante Hugo Chávez”. O povo brasileiro também…
Cuba: BRICS, apagão e bloqueio econômico. Tudo a ver.
Talvez a melhor notícia dessa Cúpula dos BRICS foi a entrada de Cuba como parceiro do bloco.
“Cuba tem a honra de se unir ao Brics como país parceiro, cinco letras e uma grande esperança para os países do Sul”, escreveu o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, em suas redes sociais.
A participação de Cuba no BRICS pode minimizar os efeitos do criminoso bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos ao país. Segundo César Fonseca, editor do site Independência Sul Americana, a entrada de Cuba no BRICS pode “salvar o país do massacre imperialista americano, que, na prática, está transformando Cuba numa faixa de Gaza”.
Ele chama a atenção de que a América Latina “precisa levantar-se como uma força uníssona de solidariedade a Cuba sob ataque desumano de Washington”. E provoca: “Nesse momento, os cubanos estão precisando, urgentemente, de petróleo para abastecer as usinas hidrelétricas cubanas. Por que o Brasil não manda petróleo para Cuba, nesse momento, em troca de medicamentos fabricados pelos cubanos?”.
A provocação é uma referência ao apagão vivido por Cuba na semana passada, resultado proposital do bloqueio estadunidense.
Lula no BRICS, Argentina e Cuba
A edição do Janela Internacional de 23 de outubro comenta a participação do presidente Lula na 16ª Cúpula do BRICS; a viagem de uma delegação do governo brasileir à China para negociar acordos que devem ser assinados pelos presidentes Lula e Xi Jinping após a reunião da Cúpula do G20, em novembro; e a tomada das universidades argentinas pelos estudantes e docentes.
A humanidade morre um pouco a cada dia junto com o povo de Gaza
“Fomos atingidos pelo ar e pelo solo, sem parar, durante uma semana. Eles querem que a gente saia, querem nos punir por nos recusarmos a deixar nossas casas” – Marwa, de 26 anos.
“Minha esposa precisa de uma cadeira de rodas; é muito difícil para ela se mover, e ela está doente. As pessoas estão morrendo de fome; não há comida, nem água potável. Tenho medo de ficar, e tenho medo de [sair]. Todo lugar no norte está sujeito a esses perigos; todo lugar está em risco”, disse Haydar, um motorista da Médicos Sem Fronteira
O analista internacional José Antonio Lima explica a nova fase do extermínio em Gaza, projeto elaborado pelo general israelense Giora Eiland. Ele chama essa fase de: “Renda-se ou morra de fome”.
A tática israelense envolve uma série de práticas que consistem em crimes de guerra e contra a humanidade: ataques indiscriminados, ataques deliberados contra civis, extermínio, execução, uso da fome como arma de guerra, transferência forçada de população e limpeza étnica.
Para José Antonio, o projeto do governo israelense para o norte da Faixa de Gaza envolve despovoar a região por meio de uma limpeza étnica e, possivelmente, reocupar a área com o envio de colonos. Para chegar mais rapidamente a seu objetivo, o governo de Israel espera a vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos.
Declarações de denúncia e repúdio às ações genocidas do estado de Israel são importantes e necessárias. Mas mais importante e necessário são ações concretas e efetivas dos governos para isolar e asfixiar Israel econômica e militarmente.
No novo episódio do podcast Internacionalizemos a Luta, veja os exemplos dos governos da China, Cuba e Venezuela.