Cultura
No Maranhão, balanço das eleições é discutido em Feira do Armazém do Campo
Por Íris Pacheco
Da Página do MST
O Armazém do Campo em São Luís está de casa nova e para celebrar esse momento realizou neste sábado (9), uma feira com produtos da reforma agrária, debate com balanço político das eleições municipais e almoço com comida regional, acompanhada pelo som do grupo de mulheres Samba de Mina.
A programação iniciou com o balanço político do processo eleitoral no Brasil, que teve a participação do professor de história aposentado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP), Valério Arcary, com apontamentos sobre a discussão das eleições municipais e as consequências dos resultados nas urnas para o pleito presidencial em 2026.
Segundo Arcary, a essência do discurso venenoso da extrema direita é responsabilizar os pobres pela condição da pobreza e o papel do Estado nesse processo. “O discurso é: nós a extrema direita chegamos ao poder e vamos tirar de cima da vossa cabeça o Estado que não deixa vocês enriquecerem, querem, mas não podem, porque estão dando bolsa família e mamadeira para os pobres que são incapazes, é uma luta ideológica e nós a perdemos.”
Já a assistente social e primeira vereadora quilombola da história da Câmara de Vereadores de São Luís, Creuzamar de Pinho (PT), foi cirúrgica sobre as saídas que precisam ser construídas com o povo e a dificuldade em se ter um programa nacionalmente alinhado para avançar rumo à vitória em 2026.
“Nós precisamos encontrar saídas coletivas, porque se nós não tivermos capacidade de se reencantar, se reanimar e continuar com o voto na rua para articular as agendas que precisamos enfrentar. As políticas do governo federal não chegam, não estamos conseguindo acessar os programas importantes para nós, como a moradia. É a partir dele que passamos a acessar outros direitos”, salientou.
Construindo a lógica de reflexão sobre o processo eleitoral como algo constante e necessário para a democracia, porém com a demanda de se reinventar sempre que for preciso, o co-vereador do Coletivo Nós, Eni Ribeiro, ressalta que a esquerda precisa falar a mesma língua quando o assunto é renovação e mudanças.
“A gente fala de renovação da esquerda, mas a direita já está fazendo isso. Os candidatos que concorreram às eleições à vereadores, e levantaram a pauta da direita, não foram os mesmos das eleições passadas. Temos que refletir sobre isso, quem são essas pessoas? Como fazermos essa renovação?”, questionou.
É nítido o desafio para o próximo período. É certo que as eleições municipais apontam um cenário possível para 2026, porém, ainda há muito que pode ser feito é redirecionado. Mesmo com a vitória de Donald Trump (EUA) movimentando a extrema direita no mundo e especialmente no Sul Global, a corrida presidencial para os próximos dois anos será acirrada. Se é verdade que já perdemos ideologicamente, precisamos nos reinventar para se colocar novamente em jogo.
A Feira do Armazém do Campo contou ainda com um almoço camponês produzidos por alimentos da reforma agrária da região, além da participação especial do grupo Samba de Mina, feito por mulheres maranhenses, com essência africana, que animou o público com sambas que marcam lutas e conspirações.
Armazém do Campo – Mais que uma loja
Desde julho de 2019, o Armazém do Campo chegou em São Luís, inicialmente integrando o Espaço Solar Cultural da Terra Maria Firmina dos Reis, mas agora localizado em novo casarão histórico, que passa a ser mais um espaço de articulação e fortalecimento da cultura camponesa e sua expressão a partir da produção de alimentos com os elementos políticos conjunturais.
O Armazém do Campo abre de segunda-feira à sexta-feira, de 8h às 18h e aos sábados de 8h às 14h, na rua de Santaninha 418 – Centro, na Praça Deodoro.
*Editado por Fernanda Alcântara