G20 no Brasil

“Precisamos entender o que o G20 tem de relação com a vida do povo brasileiro”, destaca dirigente Sem Terra

Realizado no Brasil, a reunião da Cúpula do G20, é acompanhada pelos movimentos populares que querem verdadeiramente debater os rumos dos povos do mundo
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil

Da Página do MST

Entre os dias 18 e 19 de novembro o Brasil irá receber o encontro dos chefes de Estado das 20 maiores economias globais, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Esse megaevento, conhecido como G20, acontece desde 1999 e tem sido um grande espaço de debates geopolíticos mundiais que envolvem diversos temas de interesse social.

De caráter multilateral, o G20 tem objetivo de criar um espaço amplo de debates entre as nações mais ricas do mundo acerca dos diversos temas que atingem a sociedade. Entretanto, tem servido como espaço de gerenciamento da crise do capital buscando soluções de neoliberais para os problemas que o próprio capitalismo produz diante do seu ciclo de reprodução.

Foto: Priscila Ramos

Na mais, é que as maiores economias discutindo saídas para continuarem se fortalecendo às custas da exploração de riquezas dos demais países que estão fora desse nicho imperialista.

É um momento em que os países imperialistas chamam os países de economias emergentes para discutir os problemas inerentes à desenvolvimento desigual do capital e à divisão internacional do trabalho, está em jogo, portanto, a discussão sobre as formas de gestão da crise capitalista.

Questões como crise climática, fome e desigualdade social são alguns dos temas centrais que deverão ser debatidos durante o encontro do G20, no Rio de Janeiro. Diante desses temas, que são, de fato, importantes para a sociedade em geral, que os movimentos sociais, estão se mobilizando para acompanhar e pautar esses temas desde a perspectiva popular, bem como promover denúncias sobre as mazelas sociais causadas pelo imperialismo no mundo todo.

Com essa preocupação de denunciar as guerras, bloqueios econômicos, massacre dos povos palestinos, promoção da fome e impactos climáticos e ecológicos do capitalismo, uma grande marcha está sendo convocada para o dia 16 de novembro, a partir das 08h, com concentração no Posto 8 da praia de Copacabana. Com o tema “Palestina Livre: do rio ao mar. Fora imperialismo!”, diversos movimentais populares e organizações do campo popular estarão presentes.

Para Renata Menezes, da Direção Nacional do MST, “Esse evento nada mais é para chamar os países imperialistas a colocarem as suas questões sobre como eles podem continuar mais ricos e como que nós, países que compõem o Sul global, no final das contas vamos pagar toda essa fatura. A marcha ‘Palestina Livre: do rio ao mar. Fora imperialismo!’ tem objetivo de demarcar essa nossa posição coletiva diante desse encontro de lideranças que não resolvem os problemas dos povos do mundo”.

Uma série de atividades já estão acontecendo paralelas ao G20, como seminários temáticos sobre transição energética, combate à fome e governança global do clima.

“Precisamos entender que esse encontro tem relação com a vida do povo brasileiro e os impactos para a nossa vida”, refletiu Eró Silva, da Direção Nacional do MST.

Eró Silva, da Direção do MST. Foto: Paulo Neves

“Alguns assuntos como acordo da União Europeia com o Mercosul estão em jogo, que trará impacto na renda e nos mecanismos de comercialização na América Latina, como o da produção dos alimentos, da agricultura familiar e camponesa. Outro acordo que beneficiam os países mais ricos, né? Para ficarem cada vez mais ricos, é a Aliança Global pelo combate da fome e a pobreza, mas da forma como está sendo debatido no G20 ela pouco toca sobre os mecanismos dos processos de mudanças na matriz tecnológica de produção dos alimentos, por exemplo, e tão pouco como nós vamos manter e assegurar a soberania e a segurança alimentar”, apontou a dirigente.

Vale destacar, ainda, outros aspectos de como esse encontro de chefes de Estado implicam com a vida do povo. Como o debate da transição energética, como a gestão da crise ambiental e as alternativas pensadas desde a perspectiva desse bloco de nações imperialistas. Percebe-se que o crescimento econômico dos 20 países mais ricos do mundo não será limitado pelo esgotamento dos recursos naturais, pois a exploração da natureza é inerente ao desenvolvimento do modo de produção capitalista. Desta forma, aos países do Sul global, como América Latina, África e Ásia, será imputada a responsabilidade de arcar, em primeira ordem, com a crise climática, além de atravessarem a ampliação das formas de exploração da natureza e do trabalho por parte dos países do Norte global.