Marcha dos Povos
Protesto pede fim do genocídio em Gaza às vésperas da cúpula do G20
Por Leandro Melito
Do Brasil de Fato*
Mesmo diante da forte chuva no Rio de Janeiro (RJ) neste sábado (16), movimentos populares que participaram do G20 Social fizeram uma grande marcha na orla de Copacabana em protesto contra o genocídio da população palestina na Faixa de Gaza. Manifestantes também reivindicaram que o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, rompa relações com o Estado de Israel.
“Essa marcha é o encerramento de um processo amplo que a gente está fazendo aqui desde o dia 14, as várias organizações populares do Brasil e da América Latina, no sentido de denunciar os crimes cometidos pelas grandes potências imperialistas que estão no Rio e estarão se reunindo no G20”, disse ao Brasil de Fato Cássia Bechara, do setor internacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
“Estarão reunidos aqui os maiores financiadores do genocídio da Palestina, financiadores econômicos mas também políticos. Essa marcha que tem como foco o cessar-fogo, o fim do genocídio, por uma Palestina livre do rio ao mar é exatamente para a gente dar esse recado. A Palestina hoje simboliza a luta de todos os povos oprimidos do mundo, que foram colonizados durante toda a história do sistema colonial capitalista”.
Na sexta-feira (15), o Tribunal Popular realizado por movimentos populares no G20 Social condenou o Estado de Israel pelo genocídio da população palestina. O massacre cometido por Israel representa o principal desafio para a condução do Brasil na presidência do G20 durante cúpula que acontece entre segunda (18) e terça-feira (19) na capital fluminense. A condenação desse crime no Tribunal Popular eleva a pressão sobre o governo de Luiz Inácio Lula da Silva por posições concretas contra o governo de Benjamin Netanyahu.
“Lula, rompa relações com Israel, o nosso dinheiro, quando vendemos petróleo para Israel vai para financiar o genocídio, esse petróleo vai para abastecer os aviões que jogam bombas em Gaza”, pede Bechara.
Em agosto, uma pesquisa encomendada pela organização sem fins lucrativos Oil Change International revelou que o Brasil é responsável por 9% do total de petróleo bruto fornecido a Israel e aponta que o embargo em relação ao petróleo ajudaria a promover um cessar-fogo na região. Organizações palestinas apontam que o Brasil pode ser considerado cúmplice do crime de genocídio por exportar petróleo a Israel.
A deputada federal Jandira Fegalli (PCdoB-RJ), participou da marcha para pedir o cessar-fogo no Oriente Médio, particularmente na Faixa de Gaza e no Líbano. “São dois espaços que estão vivendo não uma guerra, porque não é Estado contra Estado, é um Estado contra povo, contra o povo desarmado, massacre, genocídio, assassinatos, ausência de total possibilidade de acesso a alimentos, destruição de patrimônio, algo inaceitável. Então essa marcha tem o sentido de jogar uma voz para que a gente possa tentar interferir na própria cúpula dos chefes de Estado”.
Uma carta elaborada por organizações populares palestinas e libanesas será entregue ao ministro Márcio Macedo, secretário-geral da Presidência da República e responsável pela coordenação do G20 Social. “Será entregue a ele pelos árabes com o nosso apoio para que isso chegue na mão do Lula antes da Cúpula do dia 18 e 19”.
O Levante Popular da Juventude levou para as ruas cerca de 3 mil pessoas do acampamento organizado pelo movimento no Rio de Janeiro (RJ).
“Estamos aqui junto dos movimentos populares pra denunciar o extermínio da juventude, que acontece em todo o mundo. Se na Palestina eles ‘genocidam’ os jovens e as crianças, aqui no Brasil as mesmas armas nos matam nas periferias. ‘Levante pela vida da juventude’ é o recado do Levante nesta marcha de hoje, mas não só. A marcha acontece no terceiro dia do nosso evento e queremos dar um recado pra juventude de todo o Brasil: a transformação da realidade só será possível com juventude organizada nas ruas, fazendo luta popular”, disse ao Brasil de Fato Daiane Araújo, também vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE).
Edição: Raquel Setz