Solidariedade Sem Terra
Assentamento do MST em Pernambuco comemora a 10ª Festa da Graviola
Por Ramiro Olivier
Da Página do MST
O Assentamento “21 de Novembro”, localizado na região da Mata Sul de Pernambuco, celebra neste ano, a 10ª edição de sua Festa da Graviola, que acontecerá no dia 24 de novembro, no Assentamento 21 de Novembro, no Engenho Frei Gondim. O evento simboliza a resistência e transformação de um território antes dominado pelos latifúndios canavieiros e vai além de uma simples celebração cultural. A festa é também um importante ato político, promovendo o protagonismo dos trabalhadores rurais na luta pela Reforma Agrária e pela autonomia das famílias camponesas.
Antiga propriedade de um engenho de cana-de-açúcar, a área foi transformada pela ocupação e luta do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Hoje, os camponeses cultivam graviola, uma fruta que se destacou por sua viabilidade econômica e por ser uma alternativa sustentável ao cultivo monocultor da cana. De acordo com Vilma Maria, dirigente do MST, o plantio de graviola não é apenas uma escolha agrícola, mas uma estratégia para romper com a lógica dos latifúndios. “Temos plena certeza que estamos rompendo uma lógica do latifúndio, apresentando essa alternativa real para todos e todas que plantam, porque é algo novo e muito rentável, e ainda conseguimos produzir mais de uma vez durante o ano”, afirma.
A transição do cultivo de cana-de-açúcar para a graviola tem gerado impactos positivos não apenas na vida dos assentados, mas também em toda a comunidade local. Muitos vizinhos do assentamento começaram a seguir o exemplo dos agricultores do “21 de Novembro”, apostando na diversificação agrícola e se afastando da monocultura que dominava historicamente a região.
A Festa da Graviola, que atrai visitantes e apoiadores de várias partes do estado e até de fora, tem se consolidado como um dos principais marcos da luta pela Reforma Agrária em Pernambuco. Com uma programação repleta de atrações musicais e até jogos de futebol, o evento vai além da celebração agrícola e reforça o compromisso com a justiça social, a agroecologia e a luta pela terra. Ele também se tornou um importante momento de confraternização e troca de saberes entre os participantes, destacando a importância da organização coletiva, da solidariedade e da agricultura familiar como alternativas ao agronegócio predatório.
Ao celebrar sua 10ª edição, o assentamento reafirma a ideia de que é possível transformar a realidade de um território através da resistência, da inovação e da busca por um modelo de produção mais justo e sustentável, com a força do movimento camponês e o apoio da comunidade. A festa é, portanto, não apenas uma celebração cultural, mas uma demonstração viva da transformação que a luta por um território mais justo pode proporcionar.
*Editado por Leonardo Correia.