Reforma Agrária Popular

JURA em MT celebra encerramento com feira, debates e ações culturais

Encerramento reflete a força da agroecologia e o papel da universidade na justiça social
Foto: Julia Muxfeldt

Da Página do MST

A cidade de Cuiabá, Mato Grosso, recebe esta semana o encerramento da Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) de 2024, organizada pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). As atividades foram iniciadas na segunda-feira, dia 2, e seguem até sexta-feira, dia 6 de dezembro. A jornada acontece em conjunto com a 2ª Semana de Agroecologia e a Feira Estadual da Reforma Agrária.

Durante o ano de 2024, as JURA vem promovendo diversas atividades, como seminários, oficinas, debates, intercâmbios, feiras e plantios, que estimulam o compartilhamento de conhecimentos e uma reflexão profunda sobre a desigualdade social e a importância da reforma agrária.

Com programações que se estenderam de abril a dezembro, o evento reúne a academia, movimentos sociais e comunidades, oferecendo uma combinação de debates teóricos, vivências práticas e ações culturais.

Organizada pela comunidade acadêmica da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), a JURA de 2024 consolidou-se como um marco na luta por justiça social, pelos direitos dos trabalhadores camponeses e pelo cuidado do meio ambiente.

De abril a maio: Mobilização em movimento

A jornada teve início com o pré-lançamento do 7º Congresso Nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), realizado em abril, um momento de trabalho de base em torno da pauta da Reforma Agrária Popular.

Foto: MST no MT

Em maio, a 32ª Romaria das Trabalhadoras e dos Trabalhadores percorreu as ruas de Cuiabá sob o lema “Trabalho como direito: por vida digna e justiça social”, unindo fé, reflexão e luta em defesa dos direitos fundamentais para a dignidade humana. Ainda em maio, seminários regionais e cursos preparatórios conectaram a comunidade acadêmica às realidades do campo, incluindo vivências no assentamento Egídio Brunetto, em Juscimeira, e nos Acampamentos Padre Ten Cate e Palestina Livre, em Jaciara. A troca de saberes possibilitou uma imersão no cotidiano das famílias rurais, fortalecendo o vínculo entre teoria e prática.

De junho a setembro: Diálogos e vivências em campo

Foto: Francisco Chico

Embora algumas atividades tenham sido adiadas devido a desafios distintos, como a greve nas universidades e as enchentes no Rio Grande do Sul, as ações realizadas mantiveram a relevância da jornada. Destaque para a roda de conversa “Rio Cuiabá Vivo”, que discutiu a preservação ambiental e os direitos da natureza no Museu de História Natural.

Setembro trouxe momentos marcantes com o lançamento do Caderno de Conflitos 2023, um levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) sobre os desafios enfrentados pelos povos do campo. A 7ª Romaria do Cerrado e Pantanal, realizada em Poconé, reforçou a luta contra a destruição ambiental com o lema “Cerrado e Pantanal precisam de água, não fogo”.

De outubro a dezembro: Reflexões históricas e celebração da agroecologia

Foto: Julia Muxfeldt

O centenário da Coluna Prestes foi celebrado em outubro, com duas atividades online, incluindo uma conferência com Anita Prestes que conectou lutas históricas e contemporâneas pela justiça social.

Em novembro, o Simpósio “Ontologia do Ser Social e Determinação Social da Saúde” promoveu debates interdisciplinares conectando saúde, agroecologia e desigualdades sociais.

O encerramento, em dezembro, está sendo grandioso com a 2ª Semana da Agroecologia de Mato Grosso, que combinou a Feira Estadual da Reforma Agrária com a oferta de alimentos saudáveis vindos de todas as regiões do estado, trocas de sementes crioulas, rodas de conversa e apresentações culturais. A integração entre agroecologia, saúde e direitos sociais destaca as conquistas e reafirma os desafios da Reforma Agrária.

Legado e perspectivas

Foto: MST no MT

A JURA da UFMT 2024 se destacou como um espaço único de articulação entre a universidade e os movimentos sociais, promovendo uma reflexão profunda sobre os 40 anos de existência do MST e os impactos da Reforma Agrária na construção de um país mais justo. Ao longo do ano, fortaleceu a luta coletiva pela terra e pelos direitos humanos, evidenciando a importância de unir teoria, prática e mobilização para transformar realidades.

Como mais um passo dessa marcha de resistência e conscientização, a JURA UFMT 2024 reafirmou que a pauta da Reforma Agrária continua atual e é estruturante, sendo indispensável para garantir a dignidade humana, o equilíbrio ambiental e a justiça social no Brasil.

*Editado por Fernanda Alcântara