Meio Ambiente
Centro Agroecológico Paulo Kageyama recebe primeira etapa da Brigada Ambiental da Juventude
Por Coletivo de Juventude e Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis
Da Página do MST
Como parte de mais uma semeadura e troca de conhecimentos entre militantes do MST, entre os dias 22 de novembro a 02 de dezembro, foi realizada a primeira etapa de formação da Brigada Ambiental da Juventude, com objetivo da multiplicação e apropriação de conhecimento, por parte da militância jovem dos assentamentos e acampamentos, na articulação entre a defesa da natureza, dos povos e pela Reforma Agrária.
A ideia de uma Brigada Ambiental da Juventude vem de processos de reflexão no MST, gestados ainda na pandemia do Covid-19, a partir do desafio de vincular geração de renda para a juventude no campo, combinada com a formação teórica e prática para cuidar da natureza e produzir alimentos saudáveis. A centralidade dessa proposta tem a agroecologia enquanto motor que move transformações ecológicas, comprometidas com uma sociedade que restabeleça o vínculo entre a sociedade e a natureza e combata a lógica do lucro e da exploração do sistema capitalista sobre o meio ambiente.
Os processos de estudos teóricos foram combinados com aulas e oficinas práticas, que abordaram temas como a questão agrária, questão ambiental, agroecologia, saúde e as tarefas deste tempo histórico diante da crise capitalista, que aprofunda a crise ambiental e a maneira como os povos se relacionam entre si e com a natureza. Nas oficinas de saneamento ecológico, recuperação de nascentes, agrofloresta, fitoterápicos, sementes e viveiros houve troca pedagógica e atividades práticas, sobre como realizar ações concretas a partir da agroecologia nos territórios da Reforma Agrária Popular.
A alimentação e a saúde também foram salas de aula transversais aos temas, na busca por aliar a luta pela terra e pelos bens comuns da natureza com a forma como nos alimentamos hoje, a partir do resgate das tecnologias ancestrais e saberes históricos produzidos pelo campesinato.
Nesses sentidos, a proposta é formar gerações, a partir de etapas de tempo-escola, com turmas que se reúnam para se apropriar das técnicas e partilhar conhecimento, e a realização de um tempo-comunidade, para colocar em práticas aprendizados em diálogo com a comunidade, com a realidade e o bioma em que cada brigadista está inserido, e mais um tempo-escola, para concluir em coletivo e refletir sobre que lições foram extraídas deste processo.
No estágio atual da luta de classes, formar gerações de jovens militantes é retomar o diálogo com uma juventude preocupada com o avanço de fenômenos de extremos climáticos, que parecem cada vez mais se naturalizar com algo que “sempre ocorreu”. E para transformar, é necessário que as ferramentas estejam de acordo com a necessidade dos territórios, especialmente dos biomas, que muitas vezes são compreendidos com vegetações e culturas homogêneas.
Na noite dos biomas, por exemplo, cada região do país apresentou as características ecológicas e culturais de cada bioma brasileiro. E a partir da cultura e da arte, foi possível conhecer diferentes partes do Brasil que se encontram entrelaçadas, e que necessitam dessas interações entre si para sobreviverem.
Como tarefa em seus territórios, os/as brigadistas em seu tempo-comunidade, irão estudar alguns materiais pedagógicos (verbetes e cartilhas) com as temáticas estudadas no tempo-escola, e estão responsáveis pela realização de sínteses do que foi apresentado nos materiais, assim, a intenção é continuar o processo de entendimento da realidade territorial e como cada um/a jovem pode atuar a partir do método de camponês a camponês.
Portanto, a partir do estudo, da formação, organização e mobilização, seguimos construindo o plantio de árvores e a defesa da natureza como prática permanente nas áreas da Reforma Agrária Popular e anunciando o caminho do enfrentamento à crise ambiental. Serão milhões de florestas que germinarão de gente, comida saudável e árvores pelos nossos biomas.
*Editado por Solange Engelmann