Homenagem

Cinzas do jornalista Marco Weissheimer são enterradas em assentamento do MST

Semeadura da vida do jornalista e doação de sua biblioteca aconteceram nesta quinta (13) no Instituto Josué de Castro
As cinzas do jornalista Marco Aurélio Weissheimer foram enterradas no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, junto com uma muda da árvore Canafístula. Foto: Marcela Brandes

Por Marcela Brandes
Do Brasil de Fato | Viamão (RS)

O jornalista Marco Aurélio Weissheimer, pioneiro do jornalismo independente e progressista no Rio Grande do Sul e no Brasil, foi homenageado nesta quinta-feira (13) por amigos e companheiros de trincheira. Suas cinzas foram enterradas no Instituto Educacional Josué de Castro, no Assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, junto com uma muda da árvore Canafístula.

Os livros de sua biblioteca particular foram doados ao IEJC, que atende alunos vinculados aos movimentos populares do campo no assentamento. Foi uma semeadura repleta de cantoria e lágrimas.


Semeadura da vida de Marco Weissheimer. Foto: Marcela Brandes

“Para mim não tem a menor dúvida de que ter uma biblioteca é a maneira de trazer conhecimento. Patrimônio é ter uma biblioteca. E quando estávamos arrumando esses livros, alguém perguntou se alguém ia ler isso aqui. E respondi: se uma pessoa tiver sido transformada por ter lido um livro aqui, está cumprida a nossa missão. Esse é o propósito desse gesto”, disse Katarina Peixoto, viúva de Marco, ao entregar os livros na Biblioteca.

Adriana Franciosi, amiga de Marco, abriu as homenagens. “O Marco significa muito para nós que somos amigos dele, mas ele também significa muito para toda uma geração e para todos os movimentos sociais que ele contribuiu muito para construir as suas trajetórias.”


O ex-deputado Flávio Koutzii, companheiro de luta de Marco, destacou a importância do seu trabalho. Foto: Marcela Brandes

O ex-deputado do PT Flávio Koutzii, companheiro de luta de Marco, destacou a importância do seu trabalho. “Esse encontro, por esse motivo, faz convergir coisas dramáticas do mundo em que vivemos. O mundo, sem exagero, está profundamente ameaçado. E pessoas como Marco se fazem extremamente necessárias. Não somente pela sua militância, mas também pela dedicação, a disciplina, a qualidade com que escrevia e a agudeza do que interpretava. A extrema direita quer destruir a inteligência, desorganizar o pensamento e de certa maneira neutralizar lutadores como ele e vocês que lutam pela preservação de valores humanos. Então estamos homenageando hoje o Marco, porque ele foi uma homenagem a esses valores, a esses pensamentos.”

“Muitos de nós não conhecemos pessoalmente o Marco, mas muitos de nós já lemos o que ele escreveu. E mesmo não tendo se cruzado, estávamos juntos na luta por uma comunicação independente, a favor dos movimentos sociais. Recebemos a doação dos livros que são ferramentas e trazem uma simbologia muito importante sobre esse pensamento, essa razão e a importância de compreender o mundo para transformá-lo. Trazer os seus livros para cá é trazer um pouco dele para cá. É trazer essa ferramenta de luta para a juventude sem terra e para todos os movimentos sociais que vêm estudar aqui nessa biblioteca”, disse a dirigente do setor de Formação do MST, Vanessa Borges, em agradecimento à doação da sua biblioteca particular. 


A dirigente do setor de Formação Vanessa Borges agradeceu a doação em nome do MST. Foto: Marcela Brandes

“Nós, do movimento, acreditamos muito que a gente precisa cultivar a vida e um símbolo disso é o plantio de árvores. Na tarefa de reflorestar. Nós temos homenageado lutadores como Marco plantando, cuidando e cultivando mudas de árvores. E para Marco vamos plantar a Canafístula, que vai dar 25 metros de altura e se enche de frutas e flores amarelas. Os indígenas usam ela como planta medicinal. Essa cura ideológica que o Marco significa vai ser semeada aqui”, finalizou Vanessa ao convidar a todos para a semeadura simbólica.


Ato simbólico em homenagem à vida de Marco Weissheimer. Foto: Marcela Brandes


Edição: Katia Marko