Planejamento
MST no MA forma Brigada Oziel Alves e define estratégias para Reforma Agrária
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Por Elitiel Guedes
Da Página do MST
Entre os dias 14 e 16 de fevereiro, a Coordenação Estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Maranhão realizou uma reunião em São Luís, reunindo militantes, dirigentes e representantes da juventude Sem Terra. O encontro contou com a participação de mais de 80 trabalhadores rurais Sem Terra das seis regionais do estado e teve como objetivo definir metas e estratégias para fortalecer a luta pela Reforma Agrária Popular no Maranhão.
Debates estratégicos e Cultura Camponesa
O encontro foi marcado por debates estratégicos, celebrações da cultura camponesa e o fortalecimento da luta pela terra. Temas centrais como a conjuntura política, o avanço do agronegócio, a tática eleitoral, a articulação entre campo e cidade, a escolarização e a formação antipatriarcal foram amplamente discutidos. Além disso, foram traçadas metas para o calendário organizativo de 2025, visando ampliar a atuação do MST no estado.
Desafios tecnológicos e climáticos
Na mesa de abertura, Chico Gonçalves, professor da UFMA, destacou os desafios enfrentados pela sociedade diante das mudanças tecnológicas, como a robótica e a inteligência artificial, e a iminência de um desastre climático global. Ele ressaltou a importância da transição tecnológica para manter a juventude no campo e elogiou o MST por pautar corretamente a questão tecnológica.
Unidade e estratégia coletiva
Vânia do MST enfatizou a necessidade de união e estratégia coletiva: “A palavra de ordem é: vamos desbloquear a Reforma Agrária. Nossas cooperativas, associações e grupos de debate precisam identificar o que nos une e o que nos distancia, para pautar as estratégias que adotaremos em nossos territórios”.
Proteção popular e violações de direitos
Fabiano Portelada, da Sociedade Maranhense de Defesa dos Direitos Humanos (SMDH), reforçou a importância da proteção popular frente às violações de direitos, muitas vezes perpetradas pelo próprio Estado: “Enquanto política pública, a proteção popular se dá através da coletividade e da rede de parceiros. Muitas vezes, o violador de direitos é o próprio governo, é a própria polícia”.
A Luta das Mulheres Sem Terra contra o agronegócio
Na noite de 14 de fevereiro, as Mulheres Sem Terra do Maranhão realizaram uma plenária rumo à Jornada Nacional de Lutas, que ocorre de 11 a 14 de março de 2025. Com o lema “Agronegócio é violência e crime ambiental, a luta das Mulheres é contra o capital!”, as mulheres denunciaram o agronegócio como produtor e reprodutor da violência, que se expressa na expropriação dos corpos e territórios, destruição de biomas, fome e uso intensivo de agrotóxicos.
Elas reforçaram que o agronegócio é um dos principais responsáveis pela crise ambiental, uma crise civilizatória que coloca em xeque a nossa existência no planeta. Desde 2005, as Jornadas do 8 de Março das Mulheres Sem Terra pautam a luta contra o capital e o agronegócio. Este ano não será diferente, com foco na luta contra os crimes do agronegócio e pela Reforma Agrária Popular, uma proposta feminista e antirracista que enfrenta a violência no campo, a crise climática e a fome.
Desafios e perspectivas da luta pela terra em 2025
No segundo dia de reunião, as dirigentes Divina Lopes e Irismar Oliveira destacaram os desafios e perspectivas do movimento no Maranhão e no Brasil. Divina Lopes enfatizou que o principal inimigo da luta pela terra é o capitalismo, que concentra riquezas e poder nas mãos de poucos. “A nossa luta questiona a estrutura econômica do país, onde o agronegócio se articula com o latifúndio e as empresas, gerando desigualdade e controle sobre o Estado”, afirmou.
Irismar Oliveira reforçou a necessidade de massificação da luta, mobilizando famílias e fortalecendo regiões pulsantes, como a Tocantina e o Baixo Parnaíba. “Precisamos internacionalizar nossas ações e garantir que a juventude e as mulheres assumam papéis centrais nessa luta”, afirmou.
Durante os três dias de encontro, temas como a produção agroecológica, participação da juventude e das mulheres na luta pela terra, e a organização da base social foram amplamente discutidos. Vânia, militante do MST, ressaltou a importância do evento: “O encontro da coordenação estadual do MST Maranhão foi muito importante pelo fato de que nós realizamos vários debates relacionados à produção, à participação da juventude, das mulheres na luta pela terra. E em particular ao processo de organização da nossa base social.”
Calendário organizativo e Jornadas de Luta
Um dos principais resultados do encontro foi a elaboração do calendário organizativo para 2025, com foco em ações estratégicas que visam ampliar a luta pela Reforma Agrária Popular. Entre as iniciativas planejadas, destacam-se as Jornadas de Março e Abril, que serão momentos de mobilização e diálogo com a sociedade, reforçando a pauta da Reforma Agrária e a defesa dos direitos da classe trabalhadora.
Brigada Oziel Alves: Formação e compromisso com a Luta
O último dia do encontro foi marcado pela formatura simbólica da Brigada Oziel Alves, que tem como objetivo principal a preparação política e pedagógica de militantes e dirigentes, especialmente jovens, para assumirem tarefas organizativas e políticas no MST. A brigada, que atua em nível nacional, ganha um caráter estratégico na Regional Amazônica, composta por militantes dos estados do Maranhão, Pará e Tocantins.
Divina Lopes, dirigente do MST, enfatizou a importância do momento: “Um momento muito especial também é o momento que a gente vai fazer a formatura da nossa Brigada Oziel Alves do estado do Maranhão. E a perspectiva é que nossa militância jovem, que está animada, aguerrida, assuma pra si o desafio e o compromisso de reorganização e massificação do nosso Movimento no estado do Maranhão.”
Leticia Feitosa, formanda da Brigada e militante do assentamento Gameleira, no município de Ribeirãozinho, compartilhou sua experiência: “Ser da Brigada Oziel é um processo de formação muito importante para nossa luta, nossa carreira política. Formar juventude nesses assuntos que são de interesse para a juventude, porque juventude é o futuro.”
Desafios e próximos passos
A Brigada Oziel Alves passou por um intenso processo formativo para enfrentar os desafios impostos pelo avanço do grande capital e pelos retrocessos sociais e ambientais dos últimos anos. A ideia é preparar quadros que possam atuar de forma consistente nas linhas de frente da luta pela terra, sempre orientados pelos princípios organizativos do MST e pela defesa da Reforma Agrária Popular.
Ciranda Infantil Elizabeth Teixeira: Um espaço de cuidado e aprendizado
Durante a reunião, a Ciranda Infantil Elizabeth Teixeira se destacou como um espaço essencial de cuidado, acolhimento e educação para as crianças Sem Terrinha. Enquanto as mães e pais participavam dos debates e atividades, a Ciranda ofereceu um ambiente seguro e lúdico, fortalecendo os princípios do Movimento desde a infância.
Com o calendário definido, o MST segue para a execução das ações planejadas, com destaque para as Jornadas de Março e Abril e a consolidação da Brigada Oziel Alves. O movimento reafirma seu compromisso com a luta pela terra, pela justiça social e pela construção de um projeto popular para o Brasil. O encerramento do encontro foi marcado por um clima de unidade e disposição para os desafios que virão, reforçando a importância da formação política e da organização coletiva como ferramentas fundamentais para a transformação social.
Seguimos em luta, construindo a Reforma Agrária Popular!
*Editado por Solange Engelmann