Mulheres Sem Terra
Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra mobiliza camponesas em Maceió (AL)
Acampamento montado na capital alagoana realiza um conjunto de atividades pautando a Reforma Agrária

Por Lara Tapety – Comunicação da CPT/Alagoas
Da Página do MST
Em referência ao Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, a partir de 8 de março, começa em todo o Brasil a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra, com o lema “Agronegócio é violência e crime ambiental. A luta das mulheres é contra o capital”. A Jornada ocorrerá em diversos municípios brasileiros, abrangendo todas as regiões do país. Com muita alegria e determinação, mulheres Sem Terra realizarão uma série de ações de luta e resistência.
Em Maceió, a Jornada acontecerá entre os dias 11 e 13 de março. Durante esse período, as mulheres camponesas montarão o acampamento Dandara dos Palmares na Praça Sinimbu, no Centro da cidade.
A atividade se destaca por ser fruto da unidade entre oito diferentes movimentos e organizações sociais: Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento Via do Trabalho (MVT) e Movimento Terra Livre (TL). Essa unidade tem sido uma característica das mobilizações em Alagoas.
A programação da Jornada em Maceió inclui mobilizações, atos públicos e debates entre mulheres do campo e da cidade. Também está prevista uma audiência com o governador de Alagoas, Paulo Dantas (MDB), para tratar da Reforma Agrária das terras da massa falida das usinas Laginha e Guaxuma. Aproximadamente 3.500 famílias estão acampadas nas áreas da massa falida da Usina Laginha, em União dos Palmares, enfrentando ameaças para deixar a localidade, apesar de um acordo judicial de 2016 garantir a permanência das famílias.
As principais reivindicações da Jornada incluem acesso à terra, crédito, apoio às feiras da Reforma Agrária, construção de moradias e regularização fundiária de áreas emblemáticas. No dia 12 de março, às 18h, está programado um ato político no acampamento Dandara dos Palmares, reunindo lideranças políticas, dirigentes de movimentos populares, sindicalistas, representantes do poder público e camponesas acampadas e assentadas.
As mobilizações também denunciam as violências estruturais do sistema capitalista, que afetam diretamente a vida das mulheres por meio do patriarcado, do racismo e da LGBTQI+fobia. Além disso, a jornada protesta contra desigualdades sociais, fome, pobreza e a mercantilização da vida e da natureza.
A convocação da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra é dirigida a todas as trabalhadoras do campo e da cidade, chamando para a luta pela Reforma Agrária Popular, pela produção de alimentos saudáveis e pela construção do Feminismo Camponês Popular. A Reforma Agrária é vista como uma medida fundamental para combater a violência no campo e a fome, garantindo trabalho, renda e dignidade.
O avanço da agroecologia é outro eixo da Jornada, com a defesa da produção de alimentos saudáveis como alternativa ao uso massivo de agrotóxicos, que têm causado graves danos às populações rurais.
A Jornada também chama a atenção para o aumento da violência no campo. O Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (Cedoc) da CPT registrou 1.056 ocorrências de conflitos no campo no primeiro semestre de 2024, sendo 872 conflitos pela terra, 125 conflitos pela água e 59 casos de trabalho escravo. A contaminação por agrotóxicos teve um crescimento alarmante, saltando de 19 ocorrências em 2023 para 182 em 2024, afetando gravemente comunidades rurais.
Com reivindicações urgentes, a Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra será um importante momento de mobilização, de combate às violências no campo e de exigência de direitos para as mulheres trabalhadoras. O acampamento Dandara dos Palmares, em Maceió, simboliza essa resistência, colocando em evidência a força da luta coletiva e a necessidade de avanços concretos na Reforma Agrária e nas políticas públicas para as populações do campo.
*Editado por Fernanda Alcântara