Comida de Verdade
MST anuncia realização de 5ª Feira Nacional da Reforma Agrária em São Paulo
Com mais de 1.700 produtos de todo o país, evento acontece de 8 a 11 de maio, e pretende reunir mais de 300 mil pessoas, no Parque da Água Branca, na capital paulista

Da Página do MST
A 5ª edição da Feira Nacional da Reforma Agrária do MST está prevista para ser realizada entre os dias 8 a 11 de maio, no Parque da Água Branca, em São Paulo. A atividade irá reunir camponesas e camponeses de áreas de Reforma Agrária de todas regiões do Brasil, com a exposição de mais de 1.700 produtos diversos, que irão compor uma diversidade de alimentos e produtos a serem oferecidos à população paulista em uma das maiores feira dos trabalhadores e trabalhadoras Sem Terra.
O lançamento da 5ª da Feira Nacional da Reforma Agrária do MST acontecerá durante a 22ª Festa da Colheita do Arroz Agroecológico realizada nesta quinta-feira (20) no assentamento Filhos de Sepé, em Viamão, Rio Grande do MST. Este ano, a expectativa é superar o público de 320 mil pessoas que passaram pela última edição do evento.
A Feira Nacional de Reforma Agrária do MST já faz parte do calendário cultural da cidade de São Paulo. Este a atividade tem a intenção de dialogar com sociedade sobre a importância da Reforma Agrária Popular para enfrentar dois importantes dilemas da sociedade brasileira, como a emergência ambiental e as políticas públicas para a produção de alimentos saudáveis, enfatiza Diego Moreira, da direção nacional e do setor de produção do MST.
“Um deles é o tema da emergência ambiental: como adotar um modelo de agricultura sustentável que leva em consideração a preservação e o cuidado com o meio ambiente? E a outra questão é a produção de alimentos saudáveis. Nós vivemos no momento de inflacionamento dos alimentos no mundo, em especial no Brasil, por falta de abastecimento, por falta de política pública estatal. Então, também é trazer a importância de termos uma soberania alimentar com diversidade e com produção sustentável, garantindo que esse alimento chegue até a mesa do povo que mais necessita”.
Com a estimativa de reunir mais de 500 toneladas de alimentos dos acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária de todas as regiões, a feira traz à capital paulista uma variedade de produtos in natura e agroindustrializados, frutos da luta e da organização camponesa. Também estão previstas atividades formativas culturais ao longo de todo o evento, com seminários e atrações do Festival Terra, Arte e Pão; além dos sabores da roça que se fazem presentes nos pratos da Culinária da Terra, oferecendo o melhor da comida caipira e tradicional das diversas regiões do Brasil.
“A ideia é que na Culinária da Terra se instale como um grande restaurante popular. Trazendo a diversidade culinária que tem na Reforma Agrária, desde as comidas do sul, as comidas da região amazônica, do nordeste. Ou seja, quem for até a feira vai poder apreciar comida de verdade, com a qualidade da agricultura familiar de vários cantos do Brasil”, destaca Diego Moreira, da direção nacional do setor de produção do MST.

Para as famílias Sem Terra, as feiras são espaços de celebração e reafirmação da necessidade de produzir alimentos saudáveis e acessíveis para toda a população, ao mesmo tempo em que promovem o cuidado com os bens comuns da natureza, a partir de uma perspectiva popular, que propõe uma nova relação socioecológica entre o ser humano e a natureza, enfrentando o modelo do agronegócio com a produção e oferta de alimentos saudáveis e agroecológicos.


Além de um importante espaço de comercialização, as feiras também englobam múltiplas dimensões e representam um território de luta e de afirmação da identidade camponesa e da cultura popular brasileira. Essa expressão se manifesta na organização das famílias, na produção e diversidade de alimentos dos biomas, na troca de saberes populares e no cuidado com a terra e com a arte. Assim, as Feiras do MST materializam o seu projeto da Reforma Agrária Popular, tecendo diálogos do campo à cidade.
Outro momento importante nas feiras nacionais da Reforma Agrária é a realização do ato político com autoridades e apoiadores da Reforma Agrária de todo país, com a presença de representações de várias esferas do poder do Estado brasileiro e de instituições públicas, privadas e organizações populares, para discutir a necessidade de políticas públicas para o avanço da Reforma Agrária e desenvolvimento da agricultura familiar e camponesa no país.
Contamos com a presença de todos e todas e que a nossa feira possa alcançar os seus objetivos, de confraternizar, propagar e anunciar um novo projeto para a agricultura brasileira, que tem como um dos pilares fundamental a Reforma Agrária Popular”, conclui Diego.
Feira do MST se transforma em tradição cultural em SP
A 1ª Feira Nacional da Reforma Agrária foi realizada em 2015, no Parque da Água Branca, e se manteve no mesmo local ao longo de toda essa década, se expandindo a cada edição. Se em 2015 estiveram presentes 800 feirantes e ofertadas 200 toneladas de alimentos, na última edição da Feira, realizada em 2023, esses números mais que dobraram, com a estimativa de oferta de 560 toneladas de alimentos, comercializados pela presença de 1.700 feirantes.
Ainda em sua última edição, houve à disposição das tendas uma ampla diversidade de alimentos de todas as regiões do país, foram 1.730 tipos diferentes de produtos, oriundos de 191 cooperativas e associações. As 30 cozinhas do evento prepararam 95 pratos tradicionais diversos, servindo cerca de 80 mil refeições durante o evento.
A Feira também contou com um espaço de cuidado ambiental, do “Plano Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis” do MST, distribuindo 880 kg de sementes e 20 mil mudas de plantas frutíferas, nativas, medicinais e ornamentais. A solidariedade também esteve presente durante toda a feira, com um marco importante no ato de encerramento, com a doação de 38 toneladas de alimentos para famílias vulneráveis em São Paulo.
A quarta edição da Feira da Reforma Agrária também contou com mais de 400 artistas, que se apresentaram em diversas manifestações culturais e gratuitas, tornando o evento um verdadeiro palco da arte popular brasileira. Houve também a realização de 15 seminários e oficinas, promovendo a troca de experiências e saberes sobre temas como agroecologia, educação no campo e o fortalecimento das organizações populares.
*Edição: Solange Engelmann