Jornada de Lutas
Agricultores Sem Terra ocupam Secretaria de Desenvolvimento Agrário do Ceará
Ação que faz parte da Jornada de Lutas reivindica desapropriações de terras, melhorias na infraestrutura dos assentamentos e uma agenda que inclua a reforma agrária popular como solução estrutural para combater a fome as desigualdades

Por Aline Oliveira
Da Página do MST
Cerca de 700 agricultores ocuparam, na madrugada da segunda-feira (7), a sede da Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) no Ceará. A ação faz parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, realizada em todo o Brasil desde 1º de abril e organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Com o lema “Ocupar para o Brasil alimentar”, o Movimento busca denunciar a concentração fundiária promovida pelo agronegócio e defender a Reforma Agrária Popular como solução para a fome, a crise ambiental e os altos preços dos alimentos.
Ao longo da Jornada, o MST tem promovido ocupações de latifúndios e prédios públicos, além de marchas e ações de solidariedade. No Ceará, a principal demanda é o desenvolvimento de assentamentos com a aquisição de máquinas agrícolas e políticas que estimulem a produção de alimentos. Os manifestantes também cobram novos projetos produtivos e a desapropriação de áreas para assentar as famílias acampadas no estado.
Liduina Ramos, assentada da Reforma Agrária Popular no assentamento Barra do Leme, em Pentecoste, descreve a realidade atual do assentamento e as pautas imediatas. “A situação do nosso assentamento é difícil. Nossa pauta é extensa: temos dificuldade de locomoção, as estradas estão praticamente destruídas. Precisamos de reforma em nossas moradias, projetos produtivos para mulheres e juventude e também da construção de uma escola do campo para que nossa juventude consiga concluir o ensino médio dentro do território.”


Para atender as demandas, o movimento exige reunião imediata com o governador do Estado, Elmano de Freitas (PT-CE), e com secretários das pastas prioritárias, como Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA), a Superintendência de Obras Hidráulicas do Ceará (Sohidra), Secretaria do Meio Ambiente e Mudança do Clima (Sema), Superintendência de Obras Públicas (SOP), Secretaria de Cultura (Secult CE), Secretaria da Juventude (SEJUV) e Secretaria de Educação (Seduc).
“A Reforma Agrária Popular não é apenas uma demanda, mas um projeto estratégico de soberania alimentar e justiça social. Estamos lutando por um Brasil onde a terra cumpra sua função social, alimentando o povo e combatendo a fome e a miséria que marginaliza milhões de brasileiros”, afirmou Gene Santos, da direção nacional do MST.
Nosso Movimento representa a esperança de um modelo de desenvolvimento que coloca a vida e a dignidade da classe trabalhadora no centro das políticas públicas”, destaca Santos.
Por volta das 8h30, o Secretário Executivo da SDA, Taumaturgo Júnior, recebeu representantes da comissão de negociação do MST para receber a pauta; e agendou reunião para as 10 horas, com a presença do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (IDACE), da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATERCE) e dos Secretários da Casa Civil.
*Editado por Fernanda Alcântara