Formatura
Através do Pronera, primeira turma de bacharelado em Agroecologia se forma na UFAL
Ao todo 24 agroecólogos e agroecólogas colaram grau na quinta-feira (10) em Maceió, em uma cerimônia que entra para a história do Pronera

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Com muita emoção e relembrando a trajetória de uma turma marcada por inúmeros desafios, a noite de quinta-feira (10), celebrou a graduação de novos 24 formados em agroecologia pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (Pronera), na Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Vindo dos assentamentos, comunidades rurais e quilombos de Alagoas, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte, a turma fez história se tornando a primeira graduação em Agroecologia pelo Pronera no país, além de ser a primeira turma de ensino superior pelo Programa na UFAL.
A colação de grau, que contou com a presença das autoridades da Universidade, recebeu ainda representação da coordenação do Pronera nacional e da gestão do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), além de familiares, amigos e apoiadores da educação do campo e agroecologia.
Hoje é um dia histórico para a Reforma Agrária e para a educação do campo. Somos um exemplo de como a universidade pode e deve se conectar com a sociedade para resolver seus verdadeiros problemas sociais e ambientais”, destacou Victor Teixeira, formando e orador da turma.
E complementou Teixeira. “Nossa conquista não é uma conquista individual, mas uma conquista coletiva e de muita luta”.

A turma que homenageia o professor e entusiasta do projeto Rafael Navas, in memoriam, trouxe como central na cerimônia todo o processo de luta, enfrentamento e resistência que tiveram de atravessar durante os seus seis anos de duração para chegar até o dia de formatura.
Relembrando parte dessa trajetória, Rafael Vasconcelos, coordenador do curso, destacou alguns momentos cruciais que fizeram da formatura uma celebração ainda mais coletiva e potente.
“Essa turma atravessou e superou muitos obstáculos. Iniciou sua caminhada ainda em 2018, um ano muito difícil para todos nós. De lá para cá encararam muitos cortes no orçamento, a própria pandemia e uma tentativa de criminalização com a investigação da CPI em 2023”, comentou Vasconcelos. “Mas o primeiro desafio que enfrentaram foi o do acesso à universidade, que foi conquistado graças à política pública do Pronera”.

“Tentaram deslegitimar, mas não conseguiram”
O curso que chegou a ser alvo de uma diligência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), recebendo a visita nas instalações acadêmicas na época, se tornou notícia nacional após ser reconhecido pelo Ministério da Educação (MEC) com nota 4, em uma escala de 0 a 5, além de receber o título de curso com menor taxa de evasão do país entre as graduações do Programa.
Quem também ressaltou esse processo foi o representante do INCRA nacional e chefe da Divisão de Desenvolvimento e Educação nos Assentamentos, Fabrício Dias: “essa turma fez um processo de resistência histórico para o Pronera e esta formatura é uma linda resposta que vocês dão frente todas as coerções que viveram nesses anos”.
“Vocês enfrentaram a falta de recursos, resultado do descaso com as políticas públicas que viveu o país em parte desse período e hoje estão aqui, mostrando que construir política pública para a educação do campo é construir direito básico para a população”.

Noite de homenagens
Além de carregar o nome do professor Rafael Navas como identidade da turma formada, a colação de grau referendou ainda homenagens a companheiros de trajetória acadêmica perdidos fisicamente durante a graduação, como é o caso da educanda Silvania Soares e da cozinheira Dona Liege. Ainda como parte das homenagens os formandos destacaram a condução dos professores e coordenadores que o curso teve nos seus seis anos de existência na Universidade.

Familiares, amigos e a relação com suas comunidades também foram palco de agradecimentos e reconhecimento para a conclusão do curso de graduação.
Para Marcela Nunes, do Setor de Educação do MST, a formatura representa não só a festa de conclusão de um curso histórico, mas a reafirmação do lugar da luta pela terra na derrubada das cercas do conhecimento.
“É muito bonito estarmos em nosso abril de lutas, que marca nossa Jornada de Luta em Defesa da Reforma Agrária, para celebrar a formatura de homens e mulheres que vêm dessa luta, reforçando que essa é a luta que nos conduz para conquistar espaços que por muitas vezes não nos é dado”, comentou Marcela.
*Edição: Solange Engelmann