Abril de Lutas
‘Reforma Agrária precisa avançar independente da eleição do ano que vem’, cobra liderança do MST
Abril de Lutas marca mês de mobilização do movimento dos trabalhadores Sem Terra com ações em todo país

Gabriela Moncau e Lucas Salum
Do Brasil de Fato
Ao longo deste mês, o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) realizará uma série de ações por todo país para cobrar o avanço da reforma agrária, ao mesmo tempo em que pretende aproximar este debate da sociedade como um todo.
A explicação é da membra da coordenação nacional do MST, Margarida Maria da Silva, em entrevista ao Conversa Bem Viver desta segunda-feira (7) sobre o início da Jornada Nacional em Defesa da Reforma Agrária
“A reforma agrária cumpre um papel importante na produção de alimentos saudáveis, no combate à desigualdade social, mas também no combate à crise ambiental e climática, que o mundo, mas em especial no Brasil, tem vivenciado e os mais impactados com tudo isso é a população mais pobre mais vulnerável do nosso país.”
O mês de abril ganhou esse simbolismo por conta do episódio conhecido como Massacre de Eldorado do Carajás, em 17 de abril de 1996, quando a Polícia Militar do Pará matou dezenas de trabalhadores rurais que faziam uma marcha pacífica rumo a Belém para reivindicar o avanço da reforma agrária.
Embora o movimento siga como um aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a liderança não esconde que o Abril de Lutas trará cobranças à terceira gestão do petista.
“Olha, nós compreendemos que o governo Lula tem cumprido um papel importante na sociedade, mas para a reforma agrária nós precisamos, sim, avançar, independente das eleições do ano que vem, independente disso, o tema precisa avançar.”
“Nós já pautamos nas reuniões anteriores com o presidente Lula, com a ministra Gleisi Hoffmann, que o orçamento para reforma agrária é essencial para avançarmos na política pública que é a democratização e o acesso à terra aos camponeses e camponesas.”
Na entrevista, a liderança lembrou do primeiro gesto positivo em prol da reforma agrário feito pelo governo Lula, nos primeiros dias do mês de março deste ano. Em Minas Gerais, no assentamento Quilombo Campo do Meio, o presidente anunciou uma série de medidas para a população do campo, como a regularização de acampamentos pelo país.
“Foi um anúncio importante e simbólico no Quilombo do Campo do Meio. Mas está muito aquém do que é preciso para a reforma agrária no Brasil. Só o Incra, em levantamento ainda não concluído, já cadastrou mais de 150 mil famílias acampadas. Destas, 100 mil são do MST. E, neste anúncio que o governo Lula fez, um pouco menos de 5 mil famílias do MST vão ser contempladas. Então o anúncio tem uma importância simbólica, mas é muito pouco perto daquilo que necessitamos neste momento.”
A liderança detalhou ainda algumas ações previstas para acontecerem ao longo do mês. “Será um abril de muita luta, de denúncia do modelo do agronegócio através da luta pela terra, mas também de várias outras atividades em todas as regiões do nosso país, como doações de alimentos, doações de sangue, plantio de árvores.”
Editado por: Martina Medina