Jornada de Lutas

Movimentos do campo bloqueiam BRs em Alagoas por avanço na Reforma Agrária

Trechos da BR-104 e BR-101 estão interditados por camponeses e camponesas que cobram o cumprimento de acordo de 2016 para assentamento nas áreas do Grupo João Lyra

Trancamento da BR-101, em Teotônio Vilela – AL

Da Página do MST

Trechos da BR-104, em União dos Palmares, e da BR-101, em Teotônio Vilela, em Alagoas, amanheceram bloqueados em ação unificada dos movimentos de luta pela terra do estado. Camponeses e camponesas acampados nas terras que antes pertenciam à massa falida do Grupo João Lyra realizam a manifestação em cobrança pelo não cumprimento do acordo junto ao Governo do Estado para destinar as áreas para a Reforma Agrária.

Os bloqueios, organizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Frente Nacional de Luta (FNL), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento Popular de Luta (MPL), Movimento Social de Luta (MSL), Movimento Via do Trabalho (MVT), Movimento Terra, Trabalho e Liberdade (MTL) e Movimento Terra Livre (TL), mobilizam centenas de pessoas nos dois pontos do estado, como parte da agenda da Jornada Nacional de Luta em Defesa da Reforma Agrária Popular, que ocorre durante o mês de abril em todo o país.

Trancamento da BR-101, em Teotônio Vilela – AL

De acordo com a direção das organizações, a ação pretende chamar a atenção do Governo do Estado de Alagoas para que as negociações em torno das terras da massa falida do Grupo João Lyra possam avançar.

“Temos um acordo firmado desde 2016 que sinalizava a destinação de parte das terras que antes pertenciam à Usina Guaxuma e à área da antiga Usina Laginha para fins de Reforma Agrária Popular, mas até hoje não temos avanços significativos nesse tema”, destaca a coordenação do MST.

“Essa é mais uma demonstração de que, em unidade, as organizações que lutam pela Reforma Agrária Popular em Alagoas seguirão firmes e em pressão para que, de fato, a gente garanta o assentamento das famílias que hoje vivem acampadas na região que antes era dominada pela Usina”.

Entenda o caso

Desde o anúncio da abertura de falência do Grupo João Lyra, os movimentos do campo reivindicam o assentamento de milhares de famílias camponesas nos hectares de terras do grupo em Alagoas. De 2011 a 2014, os movimentos ocuparam áreas das três usinas falidas no estado: Guaxuma, na região de Coruripe, Teotônio Vilela e Junqueiro; Uruba, no município de Atalaia; e Laginha, em União dos Palmares e Branquinha.

Somente em 2016 foi iniciado o processo de negociações entre os movimentos, o governo do estado, a representação da massa falida e o Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas. Na tratativa, propôs-se um acordo que levou em conta a necessidade de pelo menos uma das usinas voltar a moer cana-de-açúcar, visando gerar recursos para honrar o pagamento aos credores. A proposta de acordo foi que as famílias Sem Terra desocupassem a Usina Uruba, em Atalaia, que tinha maior possibilidade de retomar o trabalho de imediato, e, como contrapartida, seriam destinados cerca de 1.500 hectares de terra da Usina Guaxuma para que as organizações que a ocupavam, e toda a Usina Laginha seria destinada para fins de Reforma Agrária Popular – acordo que até então não foi cumprido.

Jornada de Lutas

Com o lema “Ocupar para o Brasil alimentar”, os camponeses em todo o país mobilizam-se no mês de abril, pautando o papel e a necessidade da Reforma Agrária Popular para a garantia de produção de alimentos saudáveis. A Jornada acontece ainda no marco dos 29 anos do massacre de Eldorado do Carajás, episódio que repercutiu internacionalmente com o assassinato de 21 trabalhadores rurais no estado do Pará.

“Relembrar Eldorado é manter viva nossa história e memória de luta, além de reafirmar a atualidade da luta pela Reforma Agrária Popular em nosso país”, comentam os manifestantes.

*Editado por Fernanda Alcântara