Lula pela Terra

Marcha do MST por Reforma Agrária e justiça social segue até Porto Alegre (RS)

Cerca de 400 camponeses percorrem quase 100 km para exigir terra e apoio às famílias atingidas pelas enchentes no estado

Foto: Rafa Dotti

Por Katia Marko
Da Página do MST

A Marcha Estadual “Para o Brasil Alimentar, Reforma Agrária Popular”, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no Rio Grande do Sul está no seu segundo dia rumo à capital gaúcha. A marcha começou cedo nesta terça-feira (22), após o feriado.

Com bandeiras vermelhas, faixas de lona preta e cantos de luta, cerca de 400 acampados e assentados Sem Terra marcham em fileiras por quase 100 km entre São Jerônimo e Porto Alegre (RS). Eles buscam pressionar os governos estadual e federal por avanços concretos na política de Reforma Agrária.

A marcha tem como pauta central a desapropriação de áreas improdutivas, como a antiga Usina de Beneficiamento de Postes e Horto Florestal Renner da CEEE-D, em Triunfo. A área de 1,7 mil hectares foi ocupada no dia 10 de abril, na Jornada Nacional de Lutas. No entanto, após demonstrações de força pela Brigada Militar, o MST e as famílias negociaram a retirada, em troca de uma audiência com secretários do governo do Estado. O local servia para plantação de eucalipto para postes de energia e está sem uso.

Foto: Paulo Roberto
Foto: Rafa Dotti

Além disso, o Movimento exige o aumento no orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para aquisição de terras e criação de novos assentamentos no estado, ainda em 2025.

A dirigente estadual do MST e acampada Carla Camila Marques reforça o chamado à mobilização popular. “Estamos indo rumo a Porto Alegre para cobrar do governo uma medida que ele nos prometeu, que é a terra, e também para as famílias atingidas pela enchente. Convocamos toda a militância a se somar à marcha no dia 24. Vai ser muito lindo. Juntem-se conosco. Vamos reivindicar nossa pauta por assentamento, educação e saúde.”

O MST já foi recebido por representantes do governo estadual no início do mês, quando ocupou uma área em Triunfo, no dia 10, e tem nova reunião marcada com o secretário-chefe da Casa Civil, Artur Lemos, no próximo dia 30, quando espera ouvir respostas concretas para suas demandas.

Na reunião, a secretária de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), Danielle Calazans, informou que a área foi avaliada para se tornar um assentamento, mas não era possível porque existe um laudo técnico da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) atestando contaminação no solo e água subterrânea, mas que irá solicitar um novo laudo. A secretária também se comprometeu em buscar novas possibilidades de áreas no estado e a chamar uma nova reunião até final do mês.

Foto: Paulo Roberto

A marcha é uma tradição histórica do MST no Rio Grande do Sul e em todo país em mais de 40 anos de luta, e já teve edições marcantes no estado, como em 2014 e 2017, quando o Movimento combinou a pressão direta com ações de formação política e diálogo com a sociedade. Este ano, além da luta por terra, os Sem Terra também exigem políticas públicas para as famílias camponesas atingidas pelas enchentes que devastaram diversas regiões do estado.

“Com seus pés no barro e o horizonte voltado para a justiça social, o MST reafirma sua luta por um modelo de produção agrícola sustentável, voltado à soberania alimentar e ao bem viver no campo”, reforça Marques.

*Editado por Solange Engelmann