Produção
Lançamentos de produtos de cooperativas marcam a 5ª Feira da Reforma Agrária
Evento em São Paulo reúne lançamentos de cooperativas de todo o Brasil, com produtos agroecológicos e histórias de resistência

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST
Faltando pouco menos de 24 horas para começar, a quinta edição da Feira Nacional da Reforma Agrária que este ano traz ao Parque da Água Branca, em São Paulo, lançamentos de cooperativas e associações de várias regiões do Brasil. Será uma oportunidade única para o público paulistano conhecer uma rica variedade de produtos agroindustriais e artesanais, itens se destacam não só pelo sabor e qualidade, mas também trazem consigo a história de resistência e organização dos assentados e assentadas da Reforma Agrária Popular.
Luis Costa, diretor executivo do Finapop, compartilhou detalhes destes próximos lançamentos. “No Ceará, a Cooperativa Regional dos Assentados/as de Reforma Agrária do Sertão dos Inhamuns (COOPERAMUNS), com sede no assentamento Palestina, lança uma linha sofisticada de cortes padronizados de carnes de ovinos e caprinos da marca Terra Conquistada”. Segundo ele, os produtos incluem carré francês, lombo, filé, costela, pernil, paleta, pescoço, espetinhos e linguiças. Atuando em nove municípios e com mais de 500 famílias cooperadas, a COOPERAMUNS fortalece a cadeia produtiva regional, processando também polpas de frutas e derivados da mandioca.

E por falar da mandioca (ou macaxeira, ou aipim), do Paraná vem a Cooperativa do acampamento Fidel Castro (COPRARI), de Centenário do Sul, trazendo o lançamento da Farinha de Mandioca Campo Vivo, fruto do trabalho das famílias acampadas que cultivam sua própria produção de mandioca. Também do estado, chega o chá mate em sachê da Copermate, representando a inovação na agroindustrialização da erva-mate por cooperativas populares.
Indo para o nordeste, do semiárido da Bahia vem o Flocão de Milho Crioulo Agroecológico Terra Justa, cultivado e beneficiado pela Associação Regional Agroecológica do Semiárido do Nordeste Baiano (ARASB). “Produzido com a variedade crioula catete, sem uso de agrotóxicos ou adubos químicos, o produto simboliza o resgate e a valorização das sementes tradicionais guardadas pelos agricultores e agricultoras do sertão’, afirma Luis Costa.

Do Maranhão, o Grupo de Mulheres “Produzir e Resistir”, do assentamento São Domingos, apresenta sua linha de geleias e licores feitos a partir de frutas nativas como manga, abacaxi, cajá, juçara, entre outras. A produção é coletiva e autogestionada por 15 mulheres, no município de Nina Rodrigues, e “representa o protagonismo feminino na geração de renda e na valorização das frutas do território da Balaiada”, conta Costa.

Representando o Sudeste, a Cooperativa Camponesa do Médio Rio Doce (COOPERUATU) traz ao mercado suas polpas de frutas agroindustrializadas congeladas, produzidas em assentamentos da região do Vale do Rio Doce. A região é conhecida pelo rompimento da barragem, operada pela Samarco (Vale/BHP), que despejou cerca de 60 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro no Rio Doce, contaminando a bacia hidrográfica e causando impactos ambientais e sociais devastadores. A tragédia afetou diretamente 51 assentamentos do MST na região, que agora lidera esforços para recuperar o ecossistema local.
Após anos de impactos ambientais, a COOPERUATU investe em agroecologia, pomares e agroindústria para processar frutas como abacaxi, acerola, manga, goiaba e maracujá. Com capacidade de 500 kg/hora, as polpas atendem tanto ao mercado institucional quanto ao consumidor final.

Além desses lançamentos, estão previstas ainda a apresentação de farinha de mandioca e leite em pó produzidos em Sergipe, sorvetes de frutas nativas vindos do interior de São Paulo e do Paraná, e um novo flocão de milho crioulo produzido em Pernambuco, reforçando a diversidade de territórios e sabores.
E é nesse sentido que as cooperativas e assentamentos de Reforma Agrária seguem se destacando na produção de alimentos livres de agrotóxicos, contribuindo para a preservação ambiental e valorização das comunidades rurais. Essas iniciativas são fundamentais para fortalecer a agricultura familiar e promover um desenvolvimento mais sustentável, que respeita tanto a natureza quanto as pessoas que dela dependem.

Os produtos apresentados revelam a força da agricultura camponesa e o compromisso com a agroecologia e a soberania alimentar, além de valorizarem as culturas locais. Durante o evento, todos os lançamentos estarão disponíveis para degustação e venda, reforçando a ideia de que é possível produzir alimentos saudáveis e sustentáveis promovendo o protagonismo popular. Essa é uma oportunidade única de celebrar e apoiar essas iniciativas, que fazem a diferença para quem compra e para quem vende e, principalmente, para a soberania alimentar.
*Editado por Solange Engelmann